quinta-feira, 26 de março de 2020

tempo novo

mais uma pedra,
não posso contar para ninguém,
porque há tragédias
que não abrem espaços
para os outros.
e eu sigo.

inauguro sozinho
esse mundo péssimo,
de que hei de tirar algum proveito
(ao menos,
espero não morrer tão cedo).
eu, sozinho,
em um caminho todo novo,
todo meu
-- só e infelizmente meu.

é segredo o porque sofri muito
e me transformei.

apenas
meus gestos,
carregados,
sublimarão o remorso e a dor do meu mistério,
fazendo deles a massa
da minha polidez:
de quem se abriu
para um mundo cheio
de problemas e outros
a padecerem
também.

o evento:
pela força do cosmo,
um raio, lançado em mim,
em um dia de final de verão,
abriu um buraco negro aonde tropecei e caí,
para um outono que apenas começava,
bem lá na calçada, na pedra portuguesa escrachada,
da rua leopoldo miguez.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

liberal-senhorialismo na transição para a república

Temos essa estranha sensação quase duchampiana de que uma elite antiga guiou, no brasil, o processo de emancipação popular, desde a estética antropofágica, até a fundação do partido comunista brasileiro. Se essa sensação puder ser levada em conta como uma hipótese científica real, um exercício de procura desses vestígios no passado pode nos dar mais que uma explicação mítica para o fenômeno que essa minha sensação me transmite (imagino que transmita a meus interlocutores igualmente, do contrário este texto torna-se inútil). Como o método científico me é interditado pela força do ensaísmo, tentarei explicar meu pensamento, em um marxismo inovador, pautado em uma interpretação analógica daquilo que a crítica literária de Machado de Assis imputa aos conservadores, aos Saquaremas do tempo do Império. Utilizarei, assim, o conceito de "classe senhorial" também para as elites já em decadência na época do Império, os antigos aristocratas da cana -- em quem observo um posicionamento mais liberal, verificado em muitas lutas secessioionistas e no abolicionismo --, com uma adaptação crítica ao desdobramento desse tipo de mentalidade de classe, a senhorial, a uma situação de derrocada transgeracional.

Primeiramente, portanto, talvez seja preciso entender um pouco melhor o que críticos como Roberto Schwarz e Sidney Chalhoub aferem por essa referida "mentalidade de classe senhorial". Se não me engano, Chalhoub reputa ao senhor analisado por Machado em "Helena" uma frase que me parece ser bastante útil para compreender um aspecto importante dessa forma de ver o mundo. Esse personagem, em um de seus retumbantes dizeres supostamente racionais, profere as seguintes palavras: "eu sou a justiça!". Pois bem, vindo de um Saquarema, a interpretação dessa frase só pode ser compreendida de um ponto de vista conservador senhorial brasileiro. Essa frase, no entanto, por designar uma relação de identidade, transmitida pelo verbo "ser", também pode ser lida pelo ponto de vista contrário: não como se a vontade senhorial se impusesse sobre os seus dependentes, falcultando ao senhor decidir acerca dos desígnios do seu clã, como Chalhoub imputa a esse personagem; pode ser lida do ponto de vista contrário, como se este senhor, talvez mesmo por desespero, quisesse representar, ele mesmo, a justiça perante os olhos dos seus dependentes, de modo que não lhos perdesse.

Pois é. O processo histórico que empobrecia progressivamente as elites liberais do Império, que disputavam a hegemonia com a referida "classe senhorial" Saquarema do Centro-Sul, ofereceu a esses senhores poucas saídas frente ao empobrecimento e à perda de poder político e institucional consequente ao regresso conservador. Os coronéis da liberalíssima Guarda Nacional tinham a alternativa de ou recrudescerem no seu senhorio, podendo perder seus dependentes para outros senhores em melhor possibilidade de recebê-los, ainda mais pensando-se no processo de urbanização que se dava, ou tinham a possibilidade de operar a transvaloração da frase senhorial acima exposta "eu sou a justiça!". Enquanto senhores assolados pela necessidade, cabia-lhes a tendência de assumirem posições vanguardistas em relação à emancipação política dos seus dependentes, como forma, ainda que contraditória, de conservá-los encurralados sob os seus desígnios, agora sob uma dominação simbólica freyriana, hegeliana, como quisermos chamá-la. 

Há outra passagem da obra de Machado, comentada por seus críticos, que parece tão interessante quanto a outra de se reportar por aqui. Refiro-me a quando Cubas encontra Quincas Borba empobrecido, pedindo-lhe esmola. Cubas sensibiliza-se com a pauperização do ex-colega de liceu, e recomenda-lhe que busque um emprego, quando ele mesmo nunca sequer trabalhou. O salto analógico que pretendo realizar aqui não é tão simples quanto o anterior, da simples inversão da identidade proposta pelo verbo ser, porém imagino ser de fácil realização, ela também. Empobrecidos, os antigos aristocratas da cana, ao promeverem a emancipação dos seus dependentes, estariam realizando algo semelhante ao que Cubas havia recomendado a seu ex-colega: enquanto eu lidero do alto do meu cavalo, companheiros, eu sou a vanguarda desse processo histórico: combatam, façam a revolução, enquanto eu a coordeno, por trás da proteção política e econômica da tradição adquirida dos meus antigos ancestrais.

Se pensarmos na ideia de ideologia trazida por Marx, aquela de que as pessoas vivem alienadas, realizando a ideologia dos senhores, quando estão agindo em suas próprias vidas, o que eu defendo aqui é que, enquanto assumem os comandos vanguardistas dos seus antigos senhores, vivem um conflito ideológico, que é o do auto-emancipação comandada por uma ideologia coronelista transvalorada. A ideologia senhorial do centro de pujança econômica se modifica conforme a decadência do ciclo econômico opera sobre uma determinada região, e o fenômeno do vanguardismo de oligarquias decadentes passa a representar uma dominação ideológica sobre os seus dependentes ainda mais empobrecidos. Reafirmam-se laços de lealdade em detrimento das distinções de classe, e o o sentimento de classe mais propriamente se confunde com certa bonomia senhorial, típica do regime senhorial Saquarema, que impõe a submissão como condição de alforria.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

suicídio na night

Matar-se em uma festa deve ser um dos maiores prazeres que há: os outros convivas estarrecidos, principalmente se for uma festa que muitos conhecidos frequentem. A pergunta não vai querer calar, e a repercussão corre o risco de ser perpétua. Matar-se em uma festa tem o poder de derrubar o astral de todo mundo tanto, que talvez questionem-se, mesmo que por alguns segundos, o caráter hediondo de muitos dos seus festejares. Matar-se em uma festa com conhecidos, então, responsabiliza-os pelos seus atos e pelas suas omissões e expõe a verdade por trás de todo suicida: não a sua psyché, mas a sua sociologia. Só de imaginar as pessoas todas saindo, pensando que pretenderão mudar, e os algo-amigos, achando que deveriam ter te ajudado mais, percebendo que não fizeram o último que poderiam ter feito... O pensamento que invadirá a festa e os presentes surtirá o efeito do ódio que eu senti por não conseguir as coisas achando ser por azar: quando, na verdade, eu escondia de mim mesmo que eu sabia que a puerilidade humana era capaz de gerar abortos como eu, rejeitos de um corpo capaz de celebrar, ao meu arrepio.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

O Parentesco Universal Brasileiro

Pois bem. Venho contar-lhes a difícil constituição piscossociológica desse sujeito histórico contemporâneo nosso, que é o primo do primo, de alguém, como diz Machado de Assis, das "primeiras classes da sociedade" -- alguém este com tradições de família, relações adquiridas e cabedais, todos os três. É de se ter em conta que o primo do primo é uma persona comum no Brasil, e é de se perceber que, por toda a parte, há pessoas relacionadas familiarmente, seja por sangue ou por contra-parentesco, a essas pessoas das primeiras classes da sociedade. Ora, então a origem de tal realidade deve remontar ao passado: a tempos glórios, de riqueza e bonança, com sorte de pertencimento à Corte, ou ao menos de desfrute de algum ciclo econômico perdido, em quando um bisavô ou tataravô possuía uma fazenda boa e gozava das riquezas de que o pobre do primo do primo de alguém das "primeiras classes da sociedade" já hoje não goza mais. Época boa, quando os nossos ancestrais todos conviviam em algum Olimpo tropical úmido, na serra do mar ou da mantiqueira, em um Brasil menos densamente povoado. E esse passado... Ah, esse passado é-lhe útil, ao nosso grande irmão: na medida em que o aproxima, ao menos abstratamente, dessas pessoas que têm algo além de um restinho de um sobrenome bom -- dinheiro e poder. Esse passado, veja que coisa, é tanto o seu espantalho, quanto o seu amigo imaginário, que o conforta e o apedreja, sabendo esse primo do primo que a sua situação não é nem favorável nem desfavorável -- é por isso que se cala, porque, se se revolta, a distância de parentesco pode transformar um aliado potencial na busca por reposicionamento em um inimigo potencial, ainda que o desdém dos distantes parentes que permanecem nas nuvens não venha tão facilmente a mudar para olhar para os exilados financeiros do terceiro andar. Esse parentesco imaginário, virtual, ao mesmo tempo que concreto, pois comprovável, é a expressão prática de uma estrutura social que engessa as relações de solidariedade verticalmente para os primos dos primos, que se devem preferir ver mais pra lá do que pra cá, até por interesse material. Os que sobraram lá nas alturas das primeiras fileiras da boa sociedade, esses se casam entre si, ao que parece, e, ironicamente, esses casamentos podem representar interesse, objetivo ou subjetivo, para esses parentes distantes, uma vez que as suas relações de parentesco poderão remontar a uma genealogia futura ainda mais promissora. Mas o presente urbano brasileiro tem mesmo as suas especificidades... curiosas! Talvez até pela rapidez com que se tenha dado o processo de urbanização brasileira a partir de um passado agrário senhorial, a existência da sociedade de massas combine-se com essa sensação de parentesco universal, já que os antigos senhores que conservaram o poder, seja pelas forças do mercado, seja pelo direito de primogenitura, não estão a tantas gerações de distância assim dos ramos de sua família em empobrecimento progressivo, dos setores intermediários. As classes verdadeiramente abastadas, de novo por sua vez, ainda não se solidificaram em gostos, em hábitos e em interesses de classe, não tendo todas as estratégias matrimoniais já coincidido rumo à conservação absoluta do poder e à constituição de uma classe claramente apartada daquela que se formará a partir dos descendentes dos primos dos seus primos -- restam alguns laços, algumas alianças, algumas dependências, alguns remorsos, que a semi-distância objetiva não ceifou. (Será? Ou não passará, isso tudo, do seu modo abrasileirado de se distinguirem?) A se sublinhar, adicionalmente, que talvez esses primos dos primos tentem escapar do empobrecimento, ao menos do simbólico, por meio de casamentos, eles também, com outros primos de primos, criando uma segunda camada -- e uma terceria e uma quarta... -- de primos dos primos de outros primos dos primos, gerando uma descendência tendencialmente mais pobre que eles, confirmando assim uma pirâmide demográfico-genealógica que se reestruturará indefinidamente: com o topo se fechando mais, e as bases se alargando, conforme as taxas de natalidade e de mortalidade encontrem uma boa razão para isso, e os termos de troca com o Atlântico Norte forem bem trabalhados. Assim, pensarão estar relacionando-se de modo a angariarem posições mais elevadas, ao buscarem essas relações ambivalentes, quando apenas estarão reproduzindo uma antiga dinâmica intersubjetiva, corporificada -- e pacificada -- socialmente no Parentesco Universal Brasileiro.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

em que consistiria a serenojovialidade pós guerra-fria?

Dos helênicos, trar-se-ia a a serenojovialidade trágica. Dos atenienses, a dita "alexandrina". Nietzsche, em "O Nascimento da Tragédia", levanta essas duas maneiras de idolatria do passado grego e nos lança o desafio de como fazer para buscá-lo em seu melhor (caminho que não me parece muito bem explicado, diga-se de passagem). Mas e se nós transplantássemos o conceito de serenojovialidade grega para o mundo moderno? Haveria uma serenojovialidade iluminista, uma romântica, uma futurista, uma soviética, uma americana, uma oitentista: uma pós guerra-fria? Nas idas e vindas da história, a humanidade ocidental veio buscando as suas formas de autorrepresentação benfazejas, associadas a certo vigor juvenil e a certa visão de mundo abençoável. O homem do Moderno Ocidente criou para si, ele também, modos de vida que, ao longo da história, foram buscados, pelas sequência das gerações, como formas de recuperação, no passado, de ideais de plenitude de espírito, talvez nunca efetivamente alcançáveis -- mas que mexiam com os ânimos do mundo. Assim, a década de 1960, por exemplo, buscou uma serejovialidade revolucionária, de 1917 e mesmo jacobina. A década de 1980, buscou uma serenojovialidade romântica e trágica, novamente, ao mesmo tempo que americana, hollywoodiana. Mas e agora? Diante do fim do paradigma revolucionário, que embalou os desdobramentos de uma serenojovialidade iluminista, que se transfigurou em maoísta ou leninista, e diante da profunda descrença em um mundo felizmente reordenado por um liberalismo serenojovial e americano, que modelo passadista deveria essa humanidade, ameaçada pelo futuro, buscar?

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

o abjetismo conceitual

Por que deve a liberdade de expressão existir? Pergunto-me isso tendo em mente a ideia de um imperativo categórico; porque, do ponto de vista do moralmente certo, a liberdade de expressão, uma vez alcançado aquilo que é correto de se pensar, deveria ser suprimida. Mas como alguém poderia saber o que é correto de se pensar, se não houvesse o errado de se pensar a circular pelas ondas das nossas anteninhas de formigas, para que pudéssemos repulsá-lo com todo o nosso nojo e toda nossa razão? O ambíguo papel daquele que toma a coragem de ofender o público se mostra tão asqueroso quanto inevitável; tão ultrajante como desejável; tão denegável quanto necessário. As excrescências de muitas das mentes perturbadas, elencadas por uma lógica repreensível, são o baluarte de uma sociedade que oferece o seu cabrito aos deuses. Cultuar o erro talvez seja, em seu sentido histórico-moral, um exercício hermenêutico, que não pode tomar o caminho do erro como o certo. A hermenêutica do elogio à expressão abjeta deve estar cercada por um policiamento moral kantiano, fazendo do riso, da repulsa, do gozo do observador do mal um rito, que encaminhará semelhante sentimento às cinzas do passado, para ser destruído com um martelo. Melhor ainda: para ser cortado a foice.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

A Defesa do Ditirambo Platonizante

Se a intenção do pensador for uma reconstrução do pensamento total, nos moldes do que vinha sendo feito pela visão de mundo moderna antes da chamada crise da pós-modernidade, é preciso, então, que ele procure restabelecer a viabilidade do paradigma científico em detrimento do mítico, que vem prevalecendo nos modelos pós-modernos de concepção do conhecimento. Para isso, portanto, proponho ser necessário que se supere uma purista ideia nietzscheana de valorização da mentalidade helênica e de desvalorização da alexandrina. Digo isso defendendo que as transformações históricas, mesmo seguindo o modelo nietzscheano de dualidade apolo/dionísio, não se dão por um movimento pendular tão perfeito entre o apolo e o dionísio, em que o estágio dionisíaco avança e irrompe, como que por dentro das forças apolíneas, destruindo completamente as suas formas. O movimento da história dá-se por uma constante interação entre as forças apolíneas e as dionisíacas, muito mais sob um desenvolvimento dialético, de combinação das duas deidades, do que sob o que chamarei de modo "abstrato" de compreensão dessas forças de desenvolvimento da história, que Nietzsche apresenta. Apolo e Dionísio, segundo o que pretendo argumentar, são tipos ideais que, na realidade da vida e do mundo, entrelaçam-se todo o tempo, podendo um sobressair-se mais ao outro em algumas épocas, ou em alguns aspectos. O próprio desenrolar-se do tempo está permeado dessas duas fúrias conflitivas, que na verdade estão tão entremeadas, do ponto de vista realista, que é impossível dissociá-las.

Para uma melhor compreensão do que acabo de apresentar, proponho que se atente ao termo que Nietzsche mesmo cunhou para designar a maneira pela qual um novo pensamento helênico poderia surgir, uma vez que a serenojovialidade grega já estivesse tomada do socratismo ateniense. Refiro-me ao conceito de "Sócrates Musicante", conceito que Nietzsche invoca como único meio viável de superação do paradigma socrático, que ele tanto condena, e de encaminhamento para um novo paradigma trágico. Ora, parece-me irônico e óbvio que, uma vez que se tenha chegado ao paradigma socrático, tendo-se deixado o paradigma trágico, o único jeito que Nietzsche vislumbre de alcançar o tipo de conduta que ele valoriza, o trágico, contenha em sua forma, mesmo em sua proposta filosófica, a ideia de um "Sócrates", ainda que musicante. O que penso é que, uma vez acionado o gatilho da criação do mundo, em que Dionísio e Apolo se tenham fundido, não mais será possível superar essa fusão. Uma vez já vivida a realidade trágica, e esta tendo sido superada pela mentalidade alexandrina, o desdobramento histórico do retorno, ainda que parcial, ao "tragicismo", envolverá uma passagem por um "socratismo": em outras palavras, uma vez que a cultura tenha tornado-se o conteúdo a partir do qual a humanidade opera os seus impulsos de vida, a maneira pela qual as formas da criação e da destruição se reapresentarão para uma nova era tragicizante envolverá elementos, resquícios do anterior momento apolíneo: a partir dos quais ele se transforma, se adapta, e se reconstrói.

A própria ideia de uma musicificação de Sócrates contém essa paradoxalidade que a história apresenta na combinação dessas forças. O que eu pretendo, portanto, é, por meio da criação de um novo conceito, oposto e complementar ao de "Sócrates Musicante", que seria o do "Ditirambo Platonizante" (ou sociologizante, ou alexandrinizante), formular uma nova dualidade, que demonstre esse intricamento maior das forças de Apolo e Dionísio. A partir dela, imagino elaborar mais propriamente tanto a crítica à abstracionalidade da conceituação nietzscheana, quanto um novo panorama arquetípico que transmita a noção mais precisa e dialética da história. Esse novo binômio, por conter a intricação dos conceitos, explorará melhor a ideia de uma evolução da história que sempre retoma aspectos do período passado, sucessivamente. Assim, ainda que se possa defender que o paradigma científico tenha entrado em crise depois do colapso da URSS, a formulação dessa crise se deu em termos indiscutivelmente intelectuais -- mostrando-se como um "Sócrates Musicante". Desse modo, talvez com o mesmo vigor de um Ditirambo Trágico, as forças apolíneas de reconstrução de um novo pensamento total, que recuperará aspectos da crítica pós-moderna até, hão de ressurgir sob o arquétipo do Ditirambo Platonizante, ou Alexandrinizante, e uma nova formulação do materialismo histórico há de se elaborar, talvez por meio da práxis: ou melhor, de uma razão-praxis -- uma nova, crítica.