segunda-feira, 11 de maio de 2009

torre de babel

os homens ciram e criam palavras e de repente se perdem em seus sentidos, se distanciam uns dos outros e não ficam nem um pouco proximos de Deus. Como na torre de babel, nós humanos criamos e criamos palavras e, em dado momento, muitos nem se entendem, pois tudo se torna a linguagem dos homens e não mais a linguagem de Deus; as vontades sobre vontades, dos homens, não mais a compreensão total, a abstratividade, a simplicidade universal da linguagem de Deus. A linguagem simples, a primeira de todas, quando todos se entendiam, é a mais próxima de Deus, e a ciência progredida, com suas terminologias, nos distancia da abstratividade das palavras ingênuas. Sejamos simples a abstraídos, nos libertemos para pensar o máximo com o mínimo de indução.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

da potência da palavra

é preciso compreender a palavra. Além da construção frasal, da sua etimologia, a palavra deve ser entendida como um ato de uma criação. Uma vez anunciada, qualquer palavra embute em si toda uma gama semântica, e reduzir a palavra no meio de uma construção textual, incutindo-a ao sentido dela desejado, desvaloriza a palavra como arte, demonstra a maior das intencionalidades do homem: trasmitir à linguagem o sentido que lhe é conveniente. Abstração é a palavra que se deve abstrair das palavras. A linguagem não é do homem, posto que homens são indivíduos em suas bolhas: a linguagem é de fora dele, e conforme ele vai criando novas palavras, vai trazendo para a sua estrutura cognitiva a forma do mundo. Conforme o homem se apodera da linguagem, seja em virtude da vivência com mais homens na sociedade urbana, seja como for, a lógica do mundo mais se parece com a dele, porque o mundo agora descrito pertence ao campo do homem e, entre um maior numero de homens, é mais fácil que se percebam as mesmas coisas e assim tornam-se válidas, dignas de serem representadas como verdade e expressas, consequentemente. E mesmo que o homem crie palavras sozinho, ele é capaz de perceber em si o que o motivou a criar a palavra. É assim com a linguagem dos homens hoje. Muitas palavras desenvolvidas entre varios homens, que por serem homens e compartilharem das mesmas coisas, sentiram que a linguagem era deles. Mas a linguagem é além deles. Da mesma forma que tudo o que possibilita o surgimento do homem é além do homem. A linguagem mais simples teria a potência da ingenuidade, de ser a representação mais universal e, portanto, a mais possível de abstração. Essa deve ser encarada como a palavra mais potente, essa eh a linguagem que se distancia da ciência, essa é a linguagem que dispara a abstratividade, a analogia, a metalinguagem. A palavra arcaica e o arcadismo do homem, para apreciar a origem, o universal. Esse campo surreal da simplicidade, distante da geometria neoconcretista, que busca o homem da universalidade científica. Acontece que o método científico agora me levou à origem do homem, e não à sua substância atual. Eu ainda acredito nos desejos, eu ainda quero expressá-los, por mais que intangíveis, por isso sou arcaico, sou abstrato, sou colorido. Sou a potência máxima das palavras simples no homem - se conseguir.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

decadência cumulativa linear progressiva

como que cheio de problemas fluidos
dizer e não dizer
a diferença que faz
viver

dói muito
o mundo

deteriora-se mais
o tudo
em pedaços menores
e menores
cadaz vez menos
uno

sentir sobrepõe-se ao pensar
porque nada mais é
indissolúvel
micropartículas do fundo
agitadas
e eu não vejo mais nada
nem tudo
eu misturo

é muito mais e mais e mais
porque falta, falta, falta
e nada se resolve
e nada se resolve
e nada se resolve
mais do que nunca

domingo, 3 de maio de 2009

as artes agora não são mais obras, são projetos.

você (não) vai entender(?)

Minha arte metalinguística tenta propor arte de modo filosófico e vice-versa. Eu faço arte falando de filosofia, eu quero transmitir a sensação filosófica, a arte que se exprime com filosofia, o conceito de filosofia, como uma arte, que é o que é. Eu proponho justamente o fim dessa antítese arte X filosofia, pois é tudo o mesmo, pois ambas falam do mundo, comunicam o mundo como é para os que compartilham-no. Metalinguagem é o papel da artefilosofia de hoje, da era da abstratividade, do pós-tudo, do nós como nós mesmos. Nós só precisamos do veículo para isso, caso o queiramos fazê-lo por motivos supostamente neuróticos, e escolhemos: arte ou filosofia. Metalinguagem, e opte pelas duas. Mas a arte a filosofia tratam de algo tão metafísico que se pode dizer que não existe. Eu digo então que é, portanto, surrealista, e trata do campo surreal, metafísico, em sua totalidade, o que me parece bem mais honesto que essa setorização científica prepotente que toda essa coisa de modernidade, burguesia e fordismo trouxe pra apacatada vida real. É a valorização do intelecto consequente das explosões demográficas e do crescimento da cidade em detrimento do valor do rural, do físico, da defesa, do medo da morte desabstraído. O sucumbir da super-valorização da habilidade técnica de um indivíduo: é a máquina superando barreiras do homem. Nobre mesmo agora é quem manda pras necessidades criadas, abstraindo tudo, universalizando tudo. Eu, com a minha arte, universalizo apenas o universalizável, ou seja, o campo surreal, das sensações, dionísio, pois nada no mundo real é universalizável, só o que nós criamos, e o que criamos não existe no mundo real tal qual ele é, só no mundo real que passou a existir a partir do que nós criamos. Me dou ao luxo de pensar que sou o mais nobre dos nobres, pois resigno à vida, não tenho tempo de temer essa morte natural, arcaica. E esses metafísicos que se propõem físicos? Universalizar a porra toda não dá, a gente já percebeu, mas o homem, coitado, parece ser assim. Eu, então, consciente disso, faço a minha metalinguagem nesse meu campo surreal, abstrato - sensorial, eu diria. Tenho que estar sendo ético com a realidade, por motivo de força maior, abdicando dela para ser anti-ético com o surreal, pois lá ser anti-ético não é ser anti-ético, não sei nem se ser nesse campo é bem ser, portanto não sei nem se lá existem as anti-coisas e as coisas em si mesmas. Mas aquilo lá, isso aí de surreal, não existe mesmo, então tudo bem. Isso aqui de que me refiro, que pode ser muito bem um aquilo lá para homens em momentos comuns, sendo justamente uma anti-realidade, em si já compreende qualquer tentativa de negação, de explicação, de solução a se apresentar. Também compreende todas as negações a isso atribuídas. Como eu sei que o não-ser não é, eu vou trabalhar com ele a medida das minhas sensações, que eu não posso provar como verdade na realidade. Sensações, evidências; e eu crio esse meu anti-mundo que o sentido pode ser extraído, abstraído, pois sentido mesmo só pode ser abstraído e extraído em abstração. Há de fato intenção no sentido e é dele que eu falo na minha artefilosofia. Eu represento conforme sinto, pois intenciono a minha intenção, o meu sentido, e o fruto disso você colhe conforme eu vou dizendo através de mais obras que eu for criando, e vamos entendendo conforme eu digo mais, pra você poder ver a sua vontade naquela representação, eu quero ir te dizendo olhando nos seus olhos, pra saber o que você quer ouvir. Observar pra criar o surreal dizível. Eu filosofo na minha arte basicamente para isso. Ah, e, é claro, você tem que se interessar, porque isso aqui não é necessariamente necessário, nem mesmo para nós, os pós, os definidos neuróticos.

sábado, 2 de maio de 2009

quem não sabe que aprende.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

a vocação da arte para a abstração e para a existência

Tento afastar da minha mente a ideia de que a consciência sobre a condição humana signifique ter total responsabilidade sobre os atos, total entendimento sobre eles. A filosofia existencialista se propõe a isso, basicamente. Contudo, se não for dessa tal forma, eu, talvez inocente, não consigo figurar perfeitamente a ideia: existencialismo como postura filosófica. O Existencialismo me parece, ainda, incapaz de aprofundar-se da maneira como gostaria na existência e na consciência. E acredito que isso esteja relacionado a uma aprisionamento linguístico. Não sei por que exatamente, pois não me sinto capaz de compreender todos os motivos para isso, justamente por essa questão da linguagem, que sempre será falha para mim. Isso aqui é apenas uma hipótese, como todas as verdades lançadas, mesmo as mais fundamentadas. A nossa linguagem preciosista, tal qual é, maniqueísta, não é capaz de descrever ou de alcançar em certeza a nossa existência, pois o maniqueísmo se propõe, como a justiça, ao certo - ou será que essa incapacidade se refere a qualquer linguagem, de qualquer ethos? A porposta existencialista, de consciência sobre a condição humana, enquanto filosofia, é intangível. Albert Camus, na mesma porposta que outros que se propuseram ao existencislismo de forma artística, pode ser o mais fiel do movimento. Sua postua inquieta, com um tom estrangeiro, sensivelmente pessimista, com sua metalinguagem do inexprimível, transmitia essa frustração do existencialismo. Por isso, prefiro me colocar próximo ao surrealismo e ao dadaísmo - mais ao que representam do que aos seus títulos. O surrealismo e o dadaísmo negam a ideia de tempo, espaço e categoria da nossa linguagem maniqueísta. Não me sai da mente o quadro do relógio derretido de Dali: nenhum respeito aos pensamentos usuais. Mas agora estendo também minha simpatia baseada em hipóteses ao neo-concretismo - ou ao mínimo que sei sobre ele: através de sua forma concreta, simples, o neo-concretismo tenta aludir ao máximo de reflexões e sentidos. A metalinguagem infinita da sua geometricidade abrange muitos sentidos e os amplia; é possível sentir isso. É uma arte, através de uma simples indução, dedutiva, que permite com simplicidade, com formas mais universalistas, fazer referência a um campo imenso de aferições. Portanto, o existencialismo se apresenta a mim agora como uma atitude anti-filosófica, ou pelo menos anti-a-filosofia-que-se-vinha-propondo; mas ainda não alcança o objetivo, pela barreira da linguagem maniqueísta, científica, aristotélica, preciosista. O existencialismo francês, talvez, por relacionar-se mais com a arte na literaturam se exprima melhor - mesmo frustrado. As artes mais contemporâneas têm o poder da abstração pura, da conceitualidade livre de definições. A filosofia, mesmo com outra proposta, ainda se mostra muito arraigada a métodos, a definições, a questionamentos expressos concretamente, à busca de inteligibilidade - há nela uma ética científica. As artes a que me referi principalmente, o neo-concretismo, o surrealismo e o dadaísmo, se me afiguram mais sinceras, mais realizadoras, menos frustrantes que a atitude filosófica somente, que a ideia de ciência intrínseca à consciência filosófica, a inevitabilidade da causalidade, ou na genalogia, ou na dialética, ou no cumulativismo. A filosofia, se ainda pretende se manter viva, respirando, deve deve deixar sua presunção e sustentar-se principalmente nas artes, mais precisamente nas abstratas. Deve reconhecer-se como instrumento mais inútil que a arte, como um mero prazer apolíneo sobre as conceituações aludidas com a arte, que lida desde sempre com dilemas existênciais de forma mais sensitiva, assim dedutiva. A ideia do homem consciente e responsável das influências marxistas, científicas, é que derrubam o existencialismo. A linguagem científica encontra-se na crise quântica, por ser muito restrita. A beleza da arte é que ela não se propõe utilidade, ela se propõe trasmissão. Portanto, se a função da arte de estimular a sensibilidade já é de certa forma questionável em sua utilidade, a da filosofia, por ser linguísticamente maniqueísta e imprecisa, é mais inútil, despropositada e infiel ainda: ela é pretenciosa, hipócrita, frustrante. A filosofia contemporânea deve aspirar desvirtuar-se do seu papel objetivo, explicativo, representado pela lógica científica; a filosofia deve partir para outro caminho, para o caminho da comunicação. A atitude filosófica deve limitar-se a descrever, a comentar a abstração, a transmitir para compartilhar, e não expandir sua funcionalidade ao rumo à verdade e à totalidade. Pautada na arte, ela deve se reservar a fazer entender as abstrações, e não a conferir-lhes propósitos últimos nem causas primeiras.