domingo, 26 de setembro de 2010
porque ainda há inconsciência: o esquecimento
Existe, ainda, aquela ideia de que podemos controlar nossas atitudes e que, por meio de tal tábula rasa, que médicos e técnicos nos receitam, conseguiremos, lindos, chegar lá: ficarmos magros, não quebrarmos o aparelho novo que compramos, evitarmos acidentes - se seguirmos tudo direitinho. Mas, ah, muitas vezes nos esquecemos de que temos um prazer imenso em agir no automático - como se gostássemos inconscientemente de que o acaso pudesse se infiltrar pelas ranhuras das certezas, porque já não ligamos mais tanto para evitar o erro. Cansa. Nós achamos mesmo que já aprendemos o suficiente, todos nos vemos adestrados, cheios de bom-senso - ora, o que quer dizer o risco, então? E as companhias de seguro, pra que serviriam?
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Do Ciclo Moral
Uma determinada atitude moral de uma sociedade pode vir a ter sucessos tão imprevisivelmente grandes, que pode ser que se comece a perceber algumas de suas injustiças, das mais intrínsecas às suas práticas morais. Pode-se começar a achar injusto que determinada prática seja feita e, devido à abundância, à riqueza, ela pode ser sumariamente ultrapassada, como se tivesse havido uma ruptura, uma grande revolução que teria extinguido com aquele hábito indevido, inapropriado, mau. E então nós vemos: opa! mais um hábito escroto, e mais um e mais um e o espírito revolucionário parece nunca cessar nessa sociedade. À medida que essas concessões são legitimadas, vai se alastrando um inchaço pressionando as estruturas que sustentam a vida dessas pessoas em torno daqueles valores morais, em torno daquelas atitudes, das formas de andar, de pedir, de fazer, de cantar. É nesse período fértil dessas sociedades, justamente nesse cume, por mais contraditório que seja, que os homens descobrem-se pessimistas - MADEEEEEIIIRA!!! Ora, é nesse momento que eles percebem as injustiças, é nesse momento que eles podem percebê-las - e a conjuntura os permite tentar extingui-las - é nesse momento que elas parecem mais injustificáveis. A expansão da cidadania em Atenas se deu na medida de sua expansão colonial, de sua riqueza de comércio: no galope ao seu apogeu! E lá também estava a tragédia. Ah, o pessimismo metafísico de que tanto Nietzsche trata no prefácio do Nascimento da Tragédia, esse modo específico de imaginar injustiças, de inventar pra onde expandir! E o pessimismo moderno, em relação à morte de deus, à descrença no em-si, como consequências revolucionárias do desgaste da atitude moral cristã, que nos permitiu todo o nosso aparato moderno, nossas grandes cidades! - como ele é essa repercussão de uma atitude moral que chega à beira de sua decadência! Ah, Nietzsche e sua consequência pós-estruturalista, que nos desacredita em éticas universais e nos impele ao constante revolucionar, ao constante identificar de determinadas injustiças do conhecimento! Vivemos a decadência, sim, vivemos a decadência! Ou pelo menos a Europa vive essa decadência! Está para vir um helenismo, ou, se quisermos ver sinais proféticos, a globalização! Nietzsche desbravou a fronteira, ele é o Socratismo às avessas que a decadência da moral escrava necessitava! Esse é o sentido do pessimismo e o sentido da esperança em uma nova moral - aquela que ressucita a mais antiga de todas, a moral dos primeiros e mais belos homens: os homéricos! Ainda há muito, muito a construir até a próxima decadência! Sem rancores, por favor! "Interessem-se" - Nietzsche diria!
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
correr porque correr
Quando nos apercebemos de que o mundo, mesmo que ande muuuito devagarzinho, já anda assim há muito mais tempo do que pensávamos e que, portanto, todo o nosso esforço pungente, seja tecnológico, seja racional, seja conceitual de chegarmos junto e finalmente andarmos, calmos, a seu passo de tartaruga, é apenas uma atitude que nos gera alguma alegria por essas grandes conquistas (a nossos pequeninos e formigatômicos olhos) - ah! esse é o momento em que vivemos mais do que nunca o beirar - e exultamo-nos de não cair! Porque as etapas que concluímos em direção ao ideal sossego nos felicitam tanto, mesmo que nos percebamos tão possivelmente presos, iludidos por nosso tempo-espaço-pessoa determinado, que nos contentamos em dizer que, se não estamos lá ainda, esse foi o mais quase-lá que conseguimos chegar. Beiramos, assim, a certeza do caminho certo à calmaria que brilha em espasmos de luz em algum lugar ao longe; beiramos, assim, toda a incerteza que poderia nos levar à loucura (ou à barbárie); beiramos, assim, toda a incoerência e também toda a coerência; beiramos: equilibristas do meio termo, heróis de respirar fundo e soltar, budas da sabedoria nublada. Nos demos o direito de saber o que falar - falar pouco! - e, sem outra perspectiva por enquanto, de reconhecermos em nós mesmos essa nossa capacidade indescritível, incomunicável de sentir, pelo menos, o tudo que o tudo é - ou o nada. E continuamos por continuar.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
domingo, 15 de agosto de 2010
ribeirisses
Eu tenho uma confissao tragicomica a fazer. Eu sempre tento dar um tom de ironia aos meus textos quando eu os releio, eh quase como se eu fosse tomado por uma inspiracao poetica primaria quando eu escrevo o que eu escrevo, e depois eu acho aquela coisa tao cheia de inetncao que me da vontade de zuar. Mas eh meu! Eu que fiz! Fico enclausurado naquela dicotomia sou legal/sou um merda, quase que ofendido de querer apagar ou mudar significativamente o conteudo do texto que estagno.
Eh entao que recorro aos titulos. Nao sei por que, mas eu me vejo acreditando que um titulo descolado possa me garantir um tom ironico pos-ironico (to com essa expressao na cabeca ha alguns dias desde que eu li uns dos and donts na vice magazine), mas um tom ironico pos-ironico somente pra quem sacasse o titulo. So pra quem valoriza! Acaba que eu me dou muito credito, e quando me vejo estou escrachando o meu proprio poema (isso eh mais recorrente com eles, que tendem a ser mais usts) com um titulozinho chulo de um autor que quase cagou em cima do que fez, do que ele "foi". Uma ansiedade por novidade que nao tem bom senso.
Este eh o Tunico Ribeiro. Ele fuca atras de tudo pra poder rir ate o ultimo pilar ruir. mwhahahaha
Eh entao que recorro aos titulos. Nao sei por que, mas eu me vejo acreditando que um titulo descolado possa me garantir um tom ironico pos-ironico (to com essa expressao na cabeca ha alguns dias desde que eu li uns dos and donts na vice magazine), mas um tom ironico pos-ironico somente pra quem sacasse o titulo. So pra quem valoriza! Acaba que eu me dou muito credito, e quando me vejo estou escrachando o meu proprio poema (isso eh mais recorrente com eles, que tendem a ser mais usts) com um titulozinho chulo de um autor que quase cagou em cima do que fez, do que ele "foi". Uma ansiedade por novidade que nao tem bom senso.
Este eh o Tunico Ribeiro. Ele fuca atras de tudo pra poder rir ate o ultimo pilar ruir. mwhahahaha
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