Para nos preservarmos, enquanto pessoas que querem o bem-estar e não necessariamente a justiça, lançamos mão de determinados preconceitos -- estéticos. Rotulamos alguns encontros, algumas pessoas -- definimos uma sensação de socialização perigosa aos nossos anseios como de mau gosto. É assim que nos colocamos diante de alguns aparentemente deprimidos, diante dos aparentemente insatisfeitos, diante dos errados. Mas por que seriam eles assim? Pode ser que nos perguntemos, pode ser... Se alguns nem procuram a pergunta, outros têm medo da resposta; e param de querer discutir, porque vão ter que passar a pensar e agir para o bem: a nossa falta de boa-vontade com o errado, até o mais próximo, no sentido de ajudá-lo a alcançar uma colocação que agrade ao gosto, se por um lado nos preserva, por outro o degrada mais e mais -- porque o distancia daquilo de bom que podemos possuir; e pouco importa o quanto ele tente mudar, sozinho, a sua forma -- temo (e espero que ele saiba, até para que se rebele) que aquilo que o gosto valoriza seja restrito, e que o seu acesso seja, muitas vezes, impossível, principalmente por meio de uma simples empostação de boa-atitude com os que possuem aquilo que é bom, para que deem-lhe inocentemente. Do ponto de vista da educação sensível -- ou da educação social sensível, se preferirmos -- a proximidade e a posse dos bens, nesse caso simbólicos, é dada por elementos práticos, até enumeráveis, mas dificilmente o acaso e a sorte terão estado do seu lado para que ele tenha podido percebê-los e assimilá-los nas suas práticas. E os que possuem os bens para esse gosto, por terem assimilada a boa educação sensível de maneira minimamente racional, a seus próprios olhos, afastam-se do dito mau gosto, incompreensível, com a naturalidade indiscutível da clareza de interesses higiênico-emocionais. Aí nasce o injusto na estética social. Porque os que possuem, o bom gosto social mais especificamente, aqui, o adquiriram, no fim das contas, sem que os que não têm pudessem ter vindo a tê-lo. (E isso parece uma máxima para todos os tipos de bens.) Por isso têm que dar a eles tudo o que têm de bom e exaltar as suas características como boas (e assimilá-las às suas práticas!), como uma forma de contra-educação até, já que, educação, os sem bom gosto já não tiveram; como uma experiência, até; e de graça mesmo... Ou então, deveriam apenas conversar com eles e trocar ideias, como se não houvesse diferenças entre eles... No mínimo, porque não há... (Porque de que outra forma poderiam eles, que possuem, desenvolver a resolução de tal problema, gerando uma justiça da sensibilidade social? Talvez somente se desaparecessem.) Mas isso -- é demais?
domingo, 2 de junho de 2013
quinta-feira, 30 de maio de 2013
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Pensando de modo pragmático, o conflito entre a coroa e os paulistas tem algo a nos ensinar sobre o valor do conhecimento. Se é correto afirmar que a descoberta do ouro foi empurrada pela falta de boa vontade paulista até fins do século XVII, podemos pensar sobre os efeitos de não medir a exposição do que se sabe; e, também, por outro lado, sobre o valor, também pensando de modo pragmático, da ocultação do saber. Manejar o que expor pode ser importante se pensarmos na obtenção de resultados positivos quanto a interesses -- assim eram os paulistas, que administravam o seu conhecimento do interior de acordo com os seus interesses: demonstravam servir à coroa em momentos específicos, buscando mercês e privilégios que os favorecessem, sem entregarem-se por completo politicamente à coroa. Isto é, conservavam o mais precioso que tinham em benefício de si mesmos: o conhecimento do sertão. Invertiam a lógica da política de mercês, na medida em que o que ofereciam à coroa, suas habilidades, pelo alto valor que continham para o sucesso da empreitada colonial, era usado somente quando lhes fosse bom.
Expunham e expunham-se apenas conforme precisassem -- da coroa; e manipulavam e manipulavam-se ao sabor do seu desejo de parecer -- diante da coroa.
quarta-feira, 3 de abril de 2013
quinta-feira, 28 de março de 2013
Algumas conversas enveredam para um lado que parece complicado de conversar. A falta de sentido da vida carrega a conversa, se não controlamos nossas paixões mais verdadeiras, para a velha e boa avaliação cruel da vida alheia. Os corpos, o destino, a reputação, a trajetória, o gosto. Feios são os preguiçosos que sonham com coisas belas. Belos são uns quase criminosos. Uma esperança há de vir, no entanto. Se lutamos por uma causa bem definida, se entendemos, enquanto feios, claramente o que nos torna feios, se nos entendemos, ora, enquanto subalternos, podemos lutar com algum sentido terreno contra alguma injustiça. Declare guerra contra inimigos.
terça-feira, 26 de março de 2013
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