sábado, 5 de janeiro de 2013
os dois pragmatismos
O processo de inculcação não está nunca desvinculado do processo de conscientização em sociedades com pouca possibilidade de mobilidade social. Isto quer dizer que, por outro lado, em sociedades com alta possibilidade de ascensão social, os caminhos, as escolhas, os coquetismos, os hábitos de classe (etc) são determinados após o processo de envelhecimento, ou depois que se tenha atingido o ponto em que o indivíduo enxergue que suas possibilidades de ascensão tenham extinguido. Existe sempre um inderteminável no que diz respeito aos hábitos, no que diz respeito ao que determina uma classe social, nestas sociedades. Isto se mostra seja pelos exemplos de indivíduos que ascenderam socialmente (ou seja, se adquirem hábitos de uma classe social superior, apenas os adquirem após terem alcançado tal colocação social); seja por uma combinação de descaso e grande ambição das elites com relação à conservação de seu patrimônio, material e intelectual: o esforço consciente para conservar uma classe social não é o que necessariamente motiva o conservadorismo dessas elites, e sim uma ideia de gosto e facilidade na obtenção de bens - o esforço é realizado por quem quer ascender, e essas elites apenas selecionam o "aventureiro social" se ele lhes convence da boa oportunidade de baixo empreendimento. O que também quer dizer que, em sociedades em que as possibilidades de ascenção social são menores, menor é a intencionalidade do indivíduo para a ascenção social. Menos o indivíduo tentará modificar seus habitos, seus preconceitos, suas concepções -- com o pensamento no futuro, nas chances da sua graça... E assim pode ser que se aproxime mais da naturalidade em suas escolhas, já que elas estarão restritas por sua consciência de classe. Sua consciência de classe, portanto, lhe garantirá clareza sociológica e maior noção de justiça, assim como menor realização pessoal. Vê-se, então, uma diferenciação básica do emprego da racionalidade: um tipo de sociedade a emprega para a conscientização de classe (e, assim, para reflexões de cunho revolucionário, ou para ponderações de gostos relacionados às suas disposições objetivas de vida, em contraponto com o gosto das outras classes); o outro tipo de sociedade a emprega para um esforço progressivo de remodelamento corporal e habitual, desrespeitando os limites que suas frustrações na empreitada da ascenção social lhe impõem.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
a diferença entre descrição adjetivadora e substantivadora: diferenças no caráter do emissor? Talvez no teor e na confiabilidade do conteúdo gerado?
apenas uma mudança de espírito
mas que nos traz muitos, muitos significados sobre o desejo do emissor...
podemos dizer que a substantivadora revela uma certeza maior, ou uma impressão maior de cientificidade. a adjetivadora revela menos precisão e talvez mais espontaneidade -- e, pode ser, preguiça aos olhos de um cientista.
apenas uma mudança de espírito
mas que nos traz muitos, muitos significados sobre o desejo do emissor...
podemos dizer que a substantivadora revela uma certeza maior, ou uma impressão maior de cientificidade. a adjetivadora revela menos precisão e talvez mais espontaneidade -- e, pode ser, preguiça aos olhos de um cientista.
Eles se perguntam, eles, os mais irremediáveis, o motivo real para a inexorável, obrigatória socialização... E se pudessem viver sós? O mal que deles tomou conta os impede de aproveitar com a devida alegria os momentos em que se se reúne. Sua propensão a fingir diante dos outros é o que os torna frígidos; eles, que queriam ser os mais naturais, que eu sei, de tanto medo e vergonha, sofrem da própria interminável dor da insensibilidade para o prazer entre pares -- por quê?
terça-feira, 20 de novembro de 2012
terça-feira, 13 de novembro de 2012
domingo, 11 de novembro de 2012
desdobramentos do superficial
Existe um problema, para muitos, quando pensam sobre o que vai os definir num futuro distante que cada vez mais se aproxima. Se perguntam, racionalmente e moralmente, se devem ou não tomar determinadas atitudes em relação a algumas pessoas que os rodeiam. Talvez por fraqueza, acreditam que, por uma combinação de trabalho duro e socializações forçadas, se construirão como seres humanos melhores ou piores, mais ou menos bem colocados profissionalmente, mais ou menos realizados e felizes, mais ou menos livres de muitos problemas dos quais queriam já estar livres sem nenhuma mudança de hábitos sentimentais. Acreditam, et voilà, que devem suar muito e fazer o filtro dos seus amores e das suas amizades -- tão simplesmente! -- estabelecer com quem se relacionam, para que sejam o tipo de pessoa que querem ser no futuro; se planejarem, afinal o mundo não é fácil e nem há espaço para todos entre os mais prestigiados. É então que um outro tipo de ser humano lhes aparece na mente como um futuro melhor possível. Alguém dotado de graça e de benevolência, generosidade, compaixão e empatia -- e talvez de um pouco de apatia e depressão, também! Pensam na maldade que podem realizar ao estabelecerem para os outros aquilo que vêem como limites do que são capazes de oferecer em troca de nada. Mas! Quando alguém em desespero os procura, para ajuda, normalmente, dão um freio, que se percebe com um semblante mais ou menos assim ou assado -- não há para quem tem muito trabalho de si a realizar... Esse segundo homem do futuro os traz muitos probleminhas desse tipo -- e hesitam -- porque dificilmente conseguem suportar tanta negação de si mesmos em virtude do próximo -- toda a sua pouca graça não completa diretamente os desejos dos outros, já que, muito provavelmente, as culpadas de tudo isso são a sociedade e a forma como se lida com a escassez e com a tecnologia de produção. Então os dois tipos tornam-se um mesmo... Apresentando-se um produto, num mecanismo de comparação e de empostação, decidem sobre o seu próprio futuro sucesso. E sobre o dos outros, de quem tacitamente se diferenciam. Sem nunca conseguirem escolher um dos dois extremos, o do filtro ou o da graça, vão empurrando seus sonhos e suas culpas num xadrez em que dizem "esses são mais meus e merecem mais / esses merecem menos e eu vou deixar pra trás". Mais ou menos assim... Esquecem, e talvez esse seja o ponto crucial da vida, é de deixar pra trás o valor perverso dos seus interesses e levam consigo esse tal sentimento, ao mesmo tempo malicioso e denunciado, pela dinâmica de relacionamentos. É a sociedade que os corrompe, no entanto... E então a naturalidade ingênua da vida social fica espremida, de novo, sem que queiram, entre a fortaleza de levarem a cabo os seus sonhos -- e os bons seriam aqueles que viriam com eles -- e a passividade do falso baixo interesse sobre os bens que se valoriza. "Que atitude nos seria mais natural socialmente? Que atitude nos seria mais natural socialmente??" E se confundem, mais uma vez...
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