sábado, 7 de setembro de 2019

Um experimento do escrever livre

Reconhece o superego como impositor de uma relação de classe.
Pois, se te dizem, em tom moralizante, que não deves fazer algo da vida --
E o fazem, eles, escondendo seus verdadeiros desejos por subterfúgios que usam para realizar essas vontades -- então é porque não querem compartilhar os frutos que conquistaram, por meio de retórica falsamente desinteressada.
O desinteresse, aquele que diz que não devemos buscar nas relações com os outros algo que não sejam sentimentos puros e verdadeiros, é propagado por aqueles que são corruptos com esses mesmos valores que pregam.
É propaganda de uma política que conserva o poderio a custa de mágoa.
Quem já teve um amor interesseiro sabe do que eu estou falando.
"Então você só queria isso de mim, no final das contas, né?!"
Mas se alguém se perguntar como ele obteve o tal "isso", pode ter certeza que teve de se camuflar, por trás das falácias dos bons relacionamentos sociais motivados por supostas índoles nobres!
Hipócritas! Gritará o primeiro hipotálamo que escutar essas historinhas falsas!
Eu mesmo já causei tremendo mal a um amor por me -- e lhe -- ludibriar por semelhante moralidade, que tem por função rotular e estigmatizar o perpetrante à glória!
Ao invés de buscarmos a verdade íntima, aquela que permite a verdade íntima do outro, somos instados a promover um abuso, em nome de uma caduca boa educação que infelizmente recebemos, que apenas congela o estado da Arte.
A acusação "interesseiro" é útil contra o outro, contra o que busca, mas ao mesmo tempo ela impõe um compromisso social ao enunciador.
Ser posto em xeque pela suspeita de hipocrisia ameaça-lhe, ao algoz anti-fama alheia, a sua permanência na dança das cadeiras de poder dos supereguistas.
Pois a fama se reproduz, é inveitável, em qualquer ambiente, tendo mesmo a Igreja Católica o seu sumo pontífice.
Nos círculos moralizadores, a fama também se reproduzirá, sob os auspícios de uma dissimulação odienta.
"É pecado!" E inculcarão o indizível e realizarão o factível, no transbordamento que é inevitável, com suas cabeças tranquilas no travesseiro ou não.
Terão sido corruptos ou honestos, se forem chamados de ardis por seus iguais?
Da cabeça do travesseiro do primeiro que assumiu seus desejos nasce uma Nova Atena fulgurosa.
Representante de uma racionalidade estomacal -- pois a vida avança motivada pelo estômago -- essa Atena do gozo gera um novo ciclo virtuoso da múltipla -- democrática -- realização pessoal.
Libertando todos para buscarem os seus desejos, mobilizando reciprocamente as forças interpessoais para que se se ascenda às glórias, no sentido heróico, ela nos revela que a traição inaugurante que a fez nascer é, na verdade, um compromisso ético, é um elevar-se mortal sobre a infinitude do cosmos.
Querer, querer e querer -- gozar e gozar -- a beleza, a glória e a fama -- quem não deseja a fortuna livremente não está sendo sincero; está sendo, antes, um conservador.