quinta-feira, 30 de agosto de 2007

a sua realidade termina quando a do outro começa.

outro dia estava eu, e louie, almoçando. eu olho prum pote que aparentemente havia molho shoyo, eu estava acreditando muito ter molho shoyo e estava escrito "pasta de shoyo". ok. daí começamos a falar sobre isso e fui descobrir que era uma pasta de soja e que na "realidade" estava escrito "pasta de soja" (mas tinha shoyo anyway u.u).
Enfim, onde eu quero chegar é no fato de que como eu acreditava muito ser molho shoyo, era como se fose uma "vontade minha", eu acabei lendo "pasta de shoyo" em vez de soja. mas e se a lou não estivesse ali pra me falar que era, e se ninguém estivesse presente pra falar que algo que nós imaginamos que seja real, que seja realmente aquilo, na "realidade" (da pessoa) não é. Se tudo fosse somente a nossa realidade, de cada um, dentro de nossa cabeça. nosso desejos, vontades, olhar pra algo imaginar que é aquilo e não ter ninguém pra te contrariar. mais ainda, quem garante que é a realidade estabelecida por várias pessoas juntas que é a "real, a "verdadeira", porque não poderia ser a de cada um, já que se ninguém intervisse seria assim?
Mas como as malditas outras pessoas existem (nesse caso), chegamos a conclusão que a sua realidade termina quando vem outro pra estabelecer a "dele",que na verdade já é algo generalisado, pra intervir na sua e quebrá-la. não que isso seja o fim do mundo, estamos acostumados e tal. mas as vezes eu gostaria da minha realidade reinando por uns momentos.
espero ter sido claro, ando confuso pra por as coisas em forma de palavras.
eu to pra escrever isso desdaquele almoço >.<

No Ponto de Encontro

Já nem sei mais quando.
Já nem sei mais com quem.
Se me perco é porque ando
Se me esquece, sei que não vem.

Me reflito na água inerte da poça,
Me pergunto quando sento à espera:
Esqueci-me? Quem dera...
O que espero? Deve ser uma moça.

Moça, moço... Estou velho de tédio.
Busco com todas as forças remédio
Para minha ânsia amarga de chegar,
de que cheguem, de sofrer, de viver só de estar.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

eu e você, você e eu

Sofre-se por ser mais dos outros do que de si, por ser mais de si do que dos outros. Quando há preocupação com os outros quanto a si próprio, é porque o que os outros fizerem em relação ao que se fez ou ao que se foi pode vir a prejudicar a si. Pode até ser meio individualista isso, mas às vezes é assim que se pensa. Que se age. Que se é. Que todos somos. Que seremos. Que sou. E não quero ser.

Poeminha creysson

Não quero acordar,

Não penso em trabalhar

Me olho no espelho

Não lembro quem vejo.


Procuro em meu tempo

Alguém como exemplo:

Não há quem satisfaça,

Nenhuma essência me basta.


Meu ego abafado

Liberdade malhada.

Não reclamo, percebo,

Me excluíram do enredo.

Mais que alma

Às vezes bate uma preguiça terrena, daquelas que só se tem vontade de ficar eternamente deitado à espera do sono que ainda bate. Preguiça de estar onde e como e com quem estou. Preguiça dessa minha experiência como Ser.

Seria bom se pudesse ser apresentada outra vida real, outra forma experimental que não essa; experimentar outras experiências, sem ter noção do que já era empírico em outra vida.

Sinto que há a necessidade de crer em algo como outra pessoa, sem ter o carma da única vida, sem o carma de querer encontrar suas próprias convicções. Convicções essas que só se põem para você por sabermos que assim que será para mim e que é dessa forma que quero ver o mundo.

Se fosse possível pular de mente em mente, testar situações com outras consciências, provar gostos com outras línguas, trocar de sexo e depois de sexualidade, receber cargas hormonais diferenciadas – que alterariam diferentemente meus humores –, não ser eu e também não ser verdadeiramente ninguém.

Descobri agora que tudo o que queria era observar controlando as vidas, sem meus juízos de valor. Queria que essa fosse a minha vida, minha essência, e que eu nunca soubesse que tivesse sido esse eu que vos escreve. Iria saber da vida dos outros, da finitude da vida dos outros, pois, como idéia apenas, não é preciso do corpo que me sustente. Seria mais que alma, mais que humano, mais que matéria. Não julgaria, não infringiria, nem desvirtuaria meus residentes. Sentiria o que sentem e sairia em busca de outros sentimentos. Seria carente de sentimentos, mas seria eterno. Seria, enfim, o observador.

domingo, 26 de agosto de 2007

Nós humanos, Nós mortais

Quanto mais me canso do que vejo, mais vontade tenho de ver coisas que futuramente irão me cansar. Acho que o tão esperado bocejo, aquele que antecede o sono maestro, só estará por vir quando o acúmulo tátil e sensível esteja por estourar. Penso, em outras formas, a não-forma do conteúdo armazenado. Por mais transcendental que seja, me mostra porém, a inacabável compota de idéias que espera completar-se para ser digna de ser fechada. O fechamento indicará o fim do sentimento desperto, que por natureza humana nos instiga a viver.

Passo agora a crer que não mais o conhecimento define a vontade de viver, mas a vontade de viver sim define a extensão da carência de conteúdo. A morte está aí e não vai sair porque não lhe tenha sido possível adquirir o que gostaria. Como algo que é natural, lá vem a morte, inescrupulosa e fria, densa e mórbida, suave e cruel para quem vê. Se é da natureza, deveríamos portanto não vê-la, agir como se não a conhecêssemos. Mas afinal de contas, é isso que fazemos realmente: vemos a morte, aprendemos com ela que ela está ou estará presente mas, assim como fazemos com qualquer coisa que julgamos prejudicial, escondemo-la de nós mesmos e vivemos como se não estivesse lá.

Acho que é isto que diferencia o homem dos outros animais: somos capazes de ver o que não nos contenta, analisarmos, racionalizarmos e concluírmos e, como se nunca tivéssemos visto, continuamos o que estávamos a fazer, como quem pulou uma das poças de lama num caminho todo elamaçado que nos levará ao que quer que queiramos ser.
Descobre-se na música a fluência dos tons da realidade. A vida flui de uma maneira diferente, levada por um ritmo, uma melodia, e dela surgem novas idéias e interpretações dessa realidade louca.
Louca por querer estar em todos os lugares, por não largar do meu pé. Obsessiva, neurótica, pentelha, não dá trégua, argh!
Depois perguntam o porque do uso de substâncias alucinógenas... enfim trégua. mesmo que momentânea.

sábado, 25 de agosto de 2007

Terceiro Mundo, Terceiro Milênio

Constatei um fato interessante hoje mais cedo: faço parte, ao mesmo tempo, do terceiro mundo e do terceiro milênio. E o mais incrível não é só isso, é o quão incoerente essas duas condicionantes parecem ser.

As expectativas para o novo milênio, as metas da ONU, o ideal moderno do progresso ligado ao futuro, tudo parece ruir ao notar que essas duas características possam coexistir no mesmo espaço e tempo e mundo e pessoa.

Não pensei isso com repreensão, porque, como na maioria das minhas análises sobre qualquer coisa, não me sinto como parte desse todo que iria execrar esse fato sendo que na verdade nada a respeito disso fariam. Pensei isso com uma certa curiosidade, porque, confesso, passei a pensar nas incoerências sociais disso somente depois de perceber a relação morfológica das duas locuções substantivas.

Hoje o mundo me soou mais prático do que metafísico, apesar da metafísica ter-me feito ser prático.

linguexto

língua
na ponta
línguas
perdidas
apreendidas
subdesenvolvidas.

texto
pretexto do contexto
pra realizar o mesmo
daquele outro jeito
sem conceito, sem pré-conceito.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Um pouco do Nelsinho

nao querendo tirar a importäncia do posto do pedro, vo postar um mini textinho mt foda q descreve inacreditavelmente a minha familia:

"O brasileiro, inclusive o nosso ateu, é um homem de fé. Conheço vários marxistas que são, ao mesmo tempo, macumbeiros. E um povo que pode conciliar Marx e Exu está salvo, e repito, automaticamente salvo."

Nelson Rodrigues

reflexões de uma aula surtada

Acho fascinante como todos se acham gênios ao realizarem uma tarefa com a professora. Querem mostrar pra ela que sabem, que podem, que vão conseguir. Gostam até daquele olhar debochado, achando até fácil demais, seguido daquela suspirada "pfff..."
A busca pela afirmação pessoal é intensa em uma sala de aula. É necessário mostrar aos outros, e principalmente a si mesmo, a sua capacidade, o seu ego forte, a sua autoconfiança.
No entanto, às vezes essa busca esconde uma farsa. Esconde uma dificuldade imensa em parecer o que querem que você pareça. Você se lamenta, se corrói por dentro, mas tenta manter um externo firme.
Sem conseguir soltar as rédeas de uma vida imposta por padrões e dogmas duvidosos, o jovem se empenha naquilo que não vê muito sentido e é forçado a criar uma carapaça firmemente coerente com a realidade, desvinculada de seus reais desejos, ideais.
Queria romper com tudo, sair de casa, ir embora. Pra onde? Quem se importa... As portas. Elas serão abertas pelo mundo conforme a vida for acontecendo. As terras são intermináveis, as idéias vastas e a vontade enorme. Sair dali é o ponto central. Poderia-se cavar um túnel pra fora da realidade...

32. Necessidade de ser injusto

"...Por fim, a medida com que medimos, nosso próprio ser, não é uma grandeza imutável, temos disposições e oscilações, e no entanto teríamos de conhecer a nós mesmos como uma medida fixa, a fim de avaliar com justiça a relação de qualquer coisa conosco. A conseqüência disso tudo seria, talvez, que de modo algum deveríamos julgar; mas se ao menos pudéssemos viver sem avaliar, sem ter aversão e inclinação! - pois toda aversão está ligada a uma avaliação, e igualmente toda inclinação. Um impulso em direção ou para longe de algo, sem o sentimento de querer o que é proveitoso ou se esquivar do que é nocivo, um impulso sem uma espécie de avaliação cognitiva sobre o valor do objetivo, não existe no homem. De antemão somos seres ilógicos e por isso injustos, e capazes de reconhecer isto: eis uma das maiores e mais insolúveis desarmonias da existência."


Humano, Demasiado Humano.
Sinto-me Grávida de Idéias
Sexta-feira com Gingado Idiossincrático
Só Gostosas Internadas
Sem Garantias de Intelecto
Sóda Gay Inexpressivo
Sucupira Galopando Inadvertidamente
Saravá Gato Idiota
Sentei Gostoso em Inorgânica

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Quem sou eu

Ai, que raiva que dá quando olho pra tudo aquilo em mim que acho que não presta! Sinto que tudo isso vai durar em mim pra sempre, que não tem mais jeito e que é assim que tem que ser.

Falo isso das minhas imperfeições físicas: minha barriga, meus olhos, que um é maior que o outro, meu cabelo, meus pés, tudo o que acho de errado em mim. Espero, na verdade, mais que tudo, que todas elas mudem de supetão. Quero que acorde no outro dia com tudo resolvido à maneira da minha idealização. Ou então, quero que as coisas vão mudando paulatinamente, sem que haja um esforço digno de ser chamado pelo nome que recebe. As coisas físicas bem que poderiam ser como as metafísicas, idealizando-as da maneira que for.

Falo aquilo que falei lá em cima – nem tão lá assim – das minhas incoerências psíquicas, minhas mazelas comportamentais, minhas concepções tão fragilmente sedimentadas. Reclamo de tudo o que é meu da mesma forma que reclamo o que é meu. Não sei se este que vivo sou eu, se este realmente é a pessoa que a minha idéia de mim mesmo reflete.

Quando penso em quem sou eu, não penso nem nas minhass características físicas, nem nas psíquicas e tão pouco nas comportamentais. Sou como que um ‘eu’ metafísico, metalingüístico, que tento mostrar quem é o 'eu' idealizado, mas, por outros 'eus' também tentarem mostrar como são, acabo tendo que mudar meus planos e, como em qualquer forma de representação, nunca se é possível representar fielmente o que se quer mostrar.

O que mostro ser é, na verdade, a forma que eu mesmo encontrei para me fazer ser ao que não é meu o que realmente sou e, como representado digo que meu representante vagamente se distancia e se aproxima do que sou. Ai, ai....

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

catarse

O rápido e intenso acometer das idéias sempre acaba me pegando desprevenido. Hoje, por exemplo, eis que surge, como Fênix das cinzas, no banho, o ímpeto astronômico, a vontade faraônica, a inquietação catársica de pegar a caneta e o papel e deixar-me ir pelas linhas, que parecem se completar sozinhas, e o sentido que constroem me afeta como cantar uma música: espanta os males.

Atrasei - e atraso sempre que necessário - o que me era de dever. Os estudos podem começar dez ou vinte minutos mais tarde, pois a tal inspiração não pode, muitas vezes todavia, esperar o tempo de estudo. E que luz é essa que me faz escrever, ein... Parece-me mais, muito mais que uma idéia, é como um coçar dos dedos, que se sentem preparados. É a minha mente me mostrando inúmeras vezes que, se eu começar a escrever, terminarei tendo escrito o que quero mostrar: do jeito que acabou sendo; não havia esperado algo definido, não tinha pensado em algo definido, simplesmente deixei passar da borda do copo o meu fluido metafísico, que se derramou sobre esse papel.

E agora, as últimas gotas terminam de se derramar, minha mente que antes estava na maré alta, começa a ficar na maré baixa, as poças se formam pelo terreno antes inundado pela abstração, e estão a secar. Vejo o sol, sinto o calor, o vento ajudando a evaporação da minha criatividade... Acabei-me a espera de outra cheia ou chuva, ou do deretimento das calotas polares - seria uma catástrofe metafísica para a minha capacidade de transmissão escrita.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

tendo um olhar abstraído...

É assim que se é, que se quer, que se tem, que desdém, sou refém. Sou refém de mim mesmo, da minha falta de apego, falta de desejo e de almejo. Sinto falta dos outros, como era com os outros, porque agora com os mesmos, preciso estar comigo, com eles, sem que me vejam. Que me permitam observar e gritar e chorar e brincar e usar e temer e transar e sair e ficar, sem ser visto.

domingo, 19 de agosto de 2007

Subjetivação Objetiva - S.O.

Ao perceber que o tempo, não mais que o tempo, controla tudo que acontece, como uma bomba que explode a todo segundo que passa em alguma circunstancia diferente, em todos os níveis, distraio-me no ânimo de escrever sobre o tempo que me rege desde sempre e, como a bomba que é, explodirá com minha noção de existência e por fim fecharei a janela que me lançava uma luz que me permitia enxergar.

Não verei mais o tempo, aquele que rege em qualquer circunstância. Não verei mais o medo de estar sob o tempo que me mata e persegue. Serei sim mais que matéria, mais que lembrança, mais que amor, mais que sentia. Mas por afinco a esta terra, sim a parte material dela, quero que fiquem por tempo, por mais longe que tempo consiga conservar, meus pensamentos terrenos e objetivos sempre tentando se subjetivar.

sábado, 18 de agosto de 2007

Sinapses

Vejo o que vejo
Ouço o que vejo
Penso o que vejo
E sinto o que vejo.

Vejo o que ouço
Ouço o que ouço
Penso o que ouço
E sinto o que ouço.

Penso que vejo
o que penso que ouço.
Penso que penso
o que quase penso que sinto.

Sinto tudo sem regra.
Não há ordem se há apenas sentimento.
Sinto o que sinto e não sinto o que vejo
Se sinto que penso em desejo.
Sinto mesmo e o vejo, o ouço, o penso, o sinto, e almejo.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Recordar é VIDA

Recordo-me de um dia que saindo do campus da Praia Vermelha deparei-me com a figura de um senhor debruçado na janela de seu "quarto" no Pinel com os olhos congelados entre as frestas. E é justamente dos olhos que me lembro como se pudesse vê-los quando fecho os meus! Eu sempre tive essa coisa por olhos e ninguém mais tem saco pra isso porque visualmente aprazível mesmo é bunda. Mas enquanto estive observando aquele homem, tive a impressão de estar olhando pra uma pessoa que havia esbarrado na verdade e não fez questão de conhecê-la.
É possível que esse seja o olhar comum a todos os ditos loucos, mas o que me deixou perplexa foi o tanto de lucidez que havia na idéia de repudiar essa mendicância por um pingo de verdade (ou por verdade com diferentes roupagens). O reflexo imediato que tive foi de saltar do alto dO Prédio, sair pelo vidro do aquário que eu não aceito viver em função de algo tão pífio!, principalmente quando olho pra vida real e vejo que de "verdades absolutas" é que nascem verdadeiros conflitos.
O mundo construído de verdades rui no instante que se tira uma pedra; e às vezes sou tentada a crer que, tomada nem por apatia nem por pressa, durante aquele dia eu havia rompido com o mundo e extraído, a sangue frio, aquela bendita peça!

Penny Over There

What’s gonna be the matow’s, whats gonna be for life? I have a life and a penny, I have an agrest with vírus. If the vírus come to me and turn my life down, like an awful matty, then, dude, the penny is gonna be tiny for us, we’re gonna kill our selves and there’s not gonna be any life in the matow’s.

Ih, viajei...

Tem horas que penso que gostaria de escrever alguma coisa, e outras vezes, como esta, penso em muitas coisas que gostaria de escrever. Quero escrever sobre meu passado, na verdade sobre as sensações do meu passado. Sentia-me diferente de hoje, mas mesmo que isso pareça óbvio, para mim é estranho. Não consigo me imaginar com aqueles pensamentos, da mesma forma que não imaginava que fosse pensar como penso. Tudo era mais como uma massa embolada e que eu estava da beirada, tentando estar lá no meio. Agora ainda sinto-me à margem de tudo, porém com vontade de estar à margem. Vejo como que mais claramente que é tudo vazio, que é tudo parado, que o que eu queria ser já é ultrapassado, que agora quero ser inovador, não ser clichê, que quero ser a frente de meu tempo, mas isso é tão clichê. Não pensava que não fosse me achar nem no texto que escrevi e nem tão clichê. Escrever o que penso é clichê - todos já o fazem. Inovar é clichê – exigências do mercado de trabalho. O que escrevo então? O que faço então? As perguntas eu crio, e muitas. Mas não vejo solução, não vejo solução para ser diferente. Ser crítico já não é mais diferente, ser tudo aquilo que sou não é suficientemente diferente para o que quero ser.

Penso que estou num processo de adaptação, que gostaria de ser o que não sou e que agora percebo isso, enquanto antes pensava ainda haver tempo para que pudesse reverter isso. Será esse processo muito longo? Outras vezes penso, já com esse pensamento em mente, que o processo de adaptação é toda a minha vida, que cresce e quebra e reconstrói e se adapta e vive se adaptando a si mesmo. Ih, viajei...

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Beijosmeliga! (Brain Storm Surto-Romanceado)

Chama-se Shirley. E mesmo em seu nome há algo de ordinário.
Ela é aquela mulher que, diante de uma decepção amorosa de teor alcóolico 90%, canta, embriagada, sua auto-suficiência na tentativa de parecer livre
- e na pretensão última de sê-lo. - Conhece?
Lhe é comum o veneno. Não que seja ardilosa e faça uso de afrodisíaca tática para seduzir um jovem macho da mesma espécie, que fique claro! Mas é que a previdência divina, em sua performance enfadonha insuperável, a privara de todo o tipo de graça, e não lhe sobrara nada
se não viver amarrada
pelas suas táticas baixas,
pela sua bela mancada;
pela sua incompetência em ser mulher,
pela sua incompetência em ser melhor,
pela sua incompetência em ser in_tei_ra.

Você não sabe viver, gata. Foi mal.

Focos

Estou com cara de preocupado, de quem liga pra vida, diferente de todos. Não que os outros não se liguem em suas vidas, aliás, esse é exatamente o problema, as pessoas se ligam única e exclusivamente em suas vidas. Mas comigo é diferente. Vejo mais do que o meu, vejo alem de um palmo a frente do meu nariz. Vejo o detalhe das nuvens que se movimentam no céu, vejo o musgo que nasce entre uma e outra pedra portuguesa, vejo as feições e semblantes diferenciados que surgem a cada instante ao cruzar por pessoas na cidade. Vejo também o tédio da nossa época. O tédio que age, o tédio rápido, que necessita de mais tempo que realmente tem. Só se faz o que está a sua frente, só se modifica o que não for muito esforço necessário. Ficamos todos presos numa rotina que nos parece segura, até que...

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

merda.

eu sempre tenho acesso às minhas idéias quando não estou postado na frente desse teclado. me parece que elas só gostam de existir em forma de sinapses... vai entender.
eu tinha pensando em escrever algo que até havia gostado, mas a vida em forma de letras não é apreciada pelos meus surtos repentinos e raros de criatividade.
então a gente fica nessa merda mesmo.

é pra falar merda, falo mesmo.

:)

por falar em pensar...

As questões metafísicas são as que mais me afligem. Portanto, sempre que nao tenho nada físico para fazer, acabo pensando em transcendências. Quando me refiro a elas, me refiro às materiais. Não pretendo deixar a realidade tátil, posso transcender sem que seja necessária a não vida como ela é. O quesito transcendência, na verdade, me remete às abstenções que faço a mim mesmo de mim mesmo. Paro de pensar no que sou, quem sou, como sou e para onde vou. Penso no que é, no que a humanidade é, no que o universo é, sem que me inclua como parte de tudo. Vejo-me mais como um observador de tudo, adaptado a adaptar-me a qualquer tempo, e sempre procurando o que mais saber, o que mais ver, o que mais viver.

Vê? Viver já passou a ser sinônimo de transcendência. Quem vive é capaz de pensar o que não é viver, o que seria "viver" sem estar vivo, o que seria perceber sem que se sinta vivo... Transcender é como que uma crise de ausência muito presente e pertinente: sabes tudo o que sempre soube e emprega tudo o que se sabe para a análise abstraída do que se pensa que é o que se sente e se vê.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

O meu e o seu

Os outros interagem no automático, não pararam para perceber e começar a pensar sobre o reflexo das suas ações, mínimas ações.

Não tinha parado para pensar o quanto pensar sobre o que se faz é refletido na realidade em que se está. Se não penso, faço com que a realidade se faça por si só, sou apenas um instrumento que permite a fluência silenciosa e majestosa da realidade.

Se não aceito responder imediatamente a estímulos, compro briga com a possível idéia de Deus. Vou contra o que me constrange e coage. Quebro barreiras que vão, indiretamente, reverter-se em outras barreias que terei que quebrar.

Viveria, assim, a minha vida idealizada na matéria, deixaria resíduos da minha dilaceração com o fluxo das coisas.

"Quando Nietzsche chorou"

"Amamos mais o desejo que o ser desejado"

"Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia"

"Alguns não conseguem afrouxar suas próprias cadeias e, não obstante, conseguem libertar seus amigos".

"O que não me mata, me fortalece"

"O importante é a coragem de ser eu mesmo..."

"Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro se tornar cinzas?"

"Qual é o sinal da libertação?
não mais se envergonhar de si próprio."

"Quem não obedece a si mesmo é regido pelos outros"

"Pessoas que não gostam de si próprias tentam superar isso pesuadindo primeiro os outros a pensarem bem delas. Feito isso elas começam a pensar bem de si próprias"

"Não tomar posse de seu plano de vida é deixar sua existência ser um acidente"

"Talvez os sintomas sejam mensageiros de um significado, e só desaparecerão quando a mensagem for compreendida"

"Caso não se viva no tempo certo, então nunca se conseguirá morrer no momento certo"

"Primeiro desejar aquilo que é necessário e depois amar aquilo que é desejado"

"Seus cães ferozes no porão, rosnam por liberdade!"

"A verdadeira questão é: quanta verdade consigo suportar?"

"Torna-te quem tu és"

" Os pensamentos são as sombras de nossos sentimentos: sempre mais escuros, vazios e simples"

"a esperança é a ultima que morre, mas ela morre"

"Divino muito divino e pouco humano, demasiado pouco humano"

- Mirror, mirror...

É engraçado pensar que a pessoa que mais conhecemos no mundo não represente uma figura sólida no momento em que a evocamos mentalmente. Pensar "Luiza" não traduz um quadro de características. A rigor, constitui um quadro de imprecisões, de aspectos de relevância ondulante. Não é o mesmo que pensar "Antônio" ou "Pedro" - vocativos, aliás, que chamam longos apostos; é como contemplar uma resposta branda para meu inquérito pessoal específico.

Penso "Luiza". Não vejo nada.

Sei de cor a posição exata de cada cacho em minha cabeça, sei a lista decrescente de meus "avessos" ("defeitos" impõe um limite ao conceito), sei o que me apraz, o que quero e o que me convém, meus traços físicos e psicológicos... E ainda assim, não conheço minha fisionomia. Não sei quão vermelha fico quando coro - conheço só a desagradável sensação do sangue latejar minhas maçãs; não sei se consigo realmente disfarçar sofrimento - quando sofro - pois só conheço o esforço de meu rosto
quando não tenho nem esboço
de uma expressão tranqüila; a voz que ouço quando falo não é a mesma que os outros ouvem. E me perguntando às vezes me pego:
de quem é o ego por trás desse corpo?

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Post Scriptum

Sempre que minha mente ferve em idéias, sinto como se o que ja escrevi não foi suficiente para que minha alma parasse de transbordar. Porém, quando acabo o que era para estar no papel, não me vem nada muito grandioso para passar para a tinta, só o que escrevo agora.

Perecível

Perceber, desiludidamente, a perecividade de toda e qualquer obra. Seja ela literária, física, social, toda e qualquer obra. Ao ver que toda a minha vontade de registrar minha mente, meu pensamento que se expande da minha ciência, acabará por algo que não será eterno, desanima-me a viver. Vivo para eternizar-me, vivo para a humanidade me viver. Além disso, vivo para o mundo me entender, para estar nele, não fisicamente, mas que as marcas de meus pensamentos sejam cicatrizes que, depois de cauterizadas, nao doam, sirvam como grande e nunca esquecida recordação.

Preocupo-me com a finitude de tudo. Muito mais que com o meu fim ou com o fim do Universo: o que me concerne é o fim a que todas as idéias entranhadas nas matérias estão por atingir. Findam pela modificação a que a matéria se submete, e findam também pela idealização que se faz à matéria de acordo com o tempo.

E quando humanidade não for mais sinônimo de existência? E quando consciência nao for mais sinônimo de humanidade? Ficará a humanidade registrada para toda a eternidade? Ficarão todos os ideais e registros e idéias humanas preservados? Não vejo possibilidade. Entro agora em acordo com a manutenção da consciência, quero aproveitar a capacidade de entendimento do que é humano. Quero me manter vivo.

domingo, 12 de agosto de 2007

precisa?

Um refúgio de palavras. o.o
Há tempos que não brinco com elas. De repente nesse lugar as coisas sejam mais claras, afinal palavras é que dão luz às coisas da vida, não é?

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Começando...

Vejo que a busca por novas amizades, novos ciclos e âmbitos sociais me faz sentir o peso da idade. Preciso sentir-me como sou, do tempo que sou, com novos e frescos pensamentos, mudando sempre, construindo o tudo e o vendo ruir.

Quero manter-me com antigos amigos, os de sempre, para esquecer a condicionante tempo. Quero ver-me novo, quero viver novo.

Mantenho os novos amigos que se tornam velhos, deixo-os como épocas da minha vida que, de tempos em tempos, sinto prazer em visitar. Conservo os amigos de sempre, que me acompanham e me acompanharão por quanto for, mesmo que sofram mudanças com o passar dos anos, institucionalmente, ainda serão os amigos de sempre.