quinta-feira, 24 de abril de 2008

make it fast

Curto e rápido. Tudo para poder uma hora ser mais devagar. Faça de uma vez tudo, todas as tarefas, todos os planos, todos os desejos e ideiais. Cumpra tudo tão logo sua juventude passe. Depois seja sereno, pensativo, drogado, pai de família, o que for. Faça tudo antes, eu aconselho.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Hoje, na Urca. A sorte do Orkut já tinha avisado. Coisas boas estariam por vir. E estão por vir. Um apartamento ótimo, silêncio, 21 anos, eu acho. Pega o 511 que deixa lá, pertinho da praia da urca, pena que não dê pra mergulhar lá. Mas não vou ficar lá muito tempo. Não daria tempo de ir dar uma volta na praia, nem de dar um mergulho. Talvez não seja tão rápido assim. Talvez ainda fique lá um tempo, andando pela cozinha, copos d'água, fumaças, silêncio. Sair não dá, só se for pra voltar só da outra vez. Então não. Vou ficar aqui, beber esses copos d'água mesmo, dar uns tragos nessa fumaça mesmo, conversar em silêncio mesmo, não tem importância, não vou dar a volta na praia mesmo e nem iria em nenhuma outra circunstância, vou no máximo comnetar algumas coisas sobre expectativas de vida, ainda muito remotas e mutáveis. Mas o sorriso, ele não sai da boca, de ninguém. Avalanches hormonais seriam, quem sabe, as causas, ou alívios magníficos, noção de que é olhado com olhos bem bons, razões múltiplas para esses sorrisos que se forçam em estar lá, apesar de qu não daremos voltas pela praia nem sairemos do apartamento, na Urca. Ficaremos lá em silêncio, fumaças e sorrisos, expectativas tão brasis ainda...

Boa Noite

O começo sempre começa meio diferente. Chega sempre meio de ladinho, não querendo ousar começar assim, mas vai ter que começar. Aí começa meio assim. Tem sua beleza, seu charme no modo como se inicia. Mas tem também seu desarranjo, sua breguice e sua falta de jeito. E tudo, no meio pro final, acaba desvirtuando do início. Se fala de situações, de sentimentos, de imaginação. O começo, é fato, sempre sai, na hora, diferente, estranho por começar.
Como eu ia dizendo, divaga-se muito depois do começo. Por favor, gostaria de pedir permissão para falar aleatoriedades imprestáveis. Por exemplo, que estou querendo mudar a arrumação do meu quarto, tenho lavar a louça ainda hoje e não consigo dormir.
Boa noite.

sábado, 19 de abril de 2008

Hábitos, costumes e fantasias.

Escrever se mantém como um hábito. Assim como uma freira, por hábito, continua sempre usando seu hábito, sua costume, que pode ser fantasia, que também se parece com costume e sendo uma fantasia, pode ser a fantasia fantástica, fictícia, que está inserida no costume, no hábito, na fantasia, na costume.
Será que há fantasia no hábito da freira, será que ela costuma criar fantasias toda vez que põe sua fantasia? Ou seria tudo por costume, por hábito, e aquilo é só uma costume, uma roupa que ela deveria usar e que é iso aí?
Quanto às freiras, não sei ao certo. Sei que o meu hábito de escrever muitas vezes vem como um costume, como uma fantasia que eu visto para poder que todos me olhem, ao mesmo tempo que arrumo uma forma de manter um padrão de mim. Fantasio, sim, a cada vez que visto meu hábito. Habito a fantasia todas as vezes que visto minha costume, tenho esse costume. Escrever é meu hábito, minha fantasia.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

As coisas se mexem. Saem de seu lugar, se confundem em um só símbolo. Tudo parece ser o que é e algumas coisas que não são, na verdade são representadas como sendo. Misturam-se personalidades com pessoas com sensações. Nublam lugares, assuntos e intenções.
Através de sonhos, o mundo começa a andar, só porque voltei a dormir. Que bom.(?)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

A Grande Injustiça Para um Rei

Um medo tomava conta da cabeça de quem ia se tornar um rei em poucos anos: o de chegar ao futuro e concluir que passou muito tempo sem ser o soberano de si próprio. Ainda pior: tinha medo de chegar lá na frente e ver que tinha passado a vida inteira pensando; nem sofrendo, nem alegre, pensando muito. Mas não havia o que fazer no momento. Tinha que aprender história, geografia, contabilidade, economia, retórica, filosofia e ele era bom nisso tudo. Absorvia rápido, manejava bem tudo, era realmente capacitado, era aquilo que faria e que deveria fazer da vida; o rei não podia ser outro.
Apesar disso tudo, só conseguia sentir que não era dono de si. Só conseguia pensar que escolhiam suas roupas, seu casamento, seus passeios, suas condutas. Algo, porém, poderia contentá-lo: sua mente - sentia-a separada de seu corpo.
Mas, antes que conseguisse se aprofundar nas suas próprias neuroses, antes de descobrir que tudo o que sentia era algo muito além daquilo que pensava ser, antes de tudo, algo que ele não podia prever: uma revolução burguesa. Guilhotina. Todo o projeto de lamento separou-se do seu corpo. Cabeça para um lado, por 3 segundos ainda observando, cáida dentro de um balde, e corpo para o outro, ainda preso à guilhotina, jorrando muito sangue, assim como a cabeça. Inertes, para sempre. Nem mente, nem corpo.
Textos surreais me surpreendem. Surpresas taciturnas com conotações tão límpidas... Deduzindo através de induções ilógicas o mais provável que aconteça: isso não ser real. Portanto, se a fumaça não se vê no espelho, ou se o rato não parece estar sentindo o cheiro, não se preocupe, é só um texto surreal, que pode mudar a um simples tragar, a uma simples distração. A propósito, tração nas quatro rodas é ótimo para estradas barrentas. É só comprar uma pick up e pronto, entra no Shoptime e ve o que tem. "Tem um som preto, mãe!". "Não, eu quero o puff da Ana Maria Braga" e puff, desligou na carad dela, que ficou assim, ó, "Ahn??". E foi isso mesmo, nem deu tempo de ouvir a hora do brasil. FODA-SE a hora do brasil, Século XXI! Isso é um texto surreal. Não é. É. Balança a mãozinha e rosna logo pra essa aranha. Pra tudo que é lado tem muita piranha, que só indo pra Vênus mesmo, né amigo Jupteriano? Me assustei com essa experiência.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Malditos árcades-modernos-clássicos da contemporaneidade

O fruto do meu vizinho é com certeza absoluta melhor que o meu. E eu me dou o direito de dizer isso porque o sinto assim. Vejo nas suas fotos aquele tom claro, de luz, um tom árcade em tudo, ao mesmo tempo que vejo a libertinagem irônica do modernismo. Não excluindo, é claro, a acalentadora tradição neo-clássica. Isso me irrita muito. Maldito orkut.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Um borrão insone

Cansado, um bagaço, em frente a um computador, não pára de procurar obrigações um pouco mais interessantes que aquelas que te deixam acordado esperando um pouco mais para só depois começar a fazê-la. Põe a desculpa de um projeto de vida, ou de um segundo compromisso adquirido, talvez inconscientemente para se desligar um pouco do que o deixa cansar mais. Pesquisou bastante, adiou bastante, a vista cansou, tudo passou a ser incerto, irreal, pesado; sua pálpebras pesavam muito, seu dedo, agora, não parava de bater e batia num bater tão leve que nem parecia ser alguma coisa que expressasse sentido. Mas pelo visto expressava, pois alguma coisa irreal para ele em sua mente dizia que estava fazendo sentido, que não importava se estava antes falando de cansaço e de razões do cansaço, e agora escrevendo sobre uma coisa aparentemente aleatória e desvinculada, apesar de ainda assim ligada a cansaço. É claro, estava cansado, um bagaço, moribundo, tudo sem peso algum mas tudo muito pesado, graças às malditas pálpabras que, como já disse, pesavam absurdamente. Não sabia mais diferenciar se tinha olheira ou não, se aquilo era um rosto apresentável, se estava sabendo o que estava fazendo, se lembrava-se de antes estar ficando maluco com tudo o que estava acontecendo, com todas aquelas cobranças sobre ele; sentia-se um trabalhador industrial na década de 20, sem nenhuma garantia trabalhista, mais de oito horas diárias, cansaço, cansaço, cansaço. Não morreu para acabar com a história, não desistiu para desestimular a leitura, apenas entubou. Ou melhor, estava tão cansado e tão atarefado que preferiu descansar um pouco mais digitando uma palhaçadinha do que tomar forças para mudar de direção as velas do barco. Estava tão cansado que ainda teria que se preparar para dormir - e isso cansava também -, e só faria isso depois de estudar. Cansado, um bagaço.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Sobre a Verdade

O encontro com a verdade sempre foi a máscara que cobria o rosto de todos aqueles que julgavam-se impelidos de expor seus lamentos, argumentos e insatisfações. Hoje, a intelectualidade - ou aquela que o ideal intelectual paira sobre - justamente se questiona de todas as concepções tidas como verdadeiras, quanto ao seu valor, quanto às aflições - ou sentimentos dela - vividas pelos seus autores e quanto à satisfação que essas verdades emitem. A lógica não é mais sinônimo de verdade, é agora apenas a estrutura fundamental para que tal pensamento seja possivelmente absoluto. A verdade, contudo, é fruto de uma escolha com objetivos de satisfação, como todas as escolhas democráticas e capitalistas-liberais: consenso de maioria em função de atenções pessoais - ou pelo menos com essas intenções expostas.

Mais um da série...

A ânsia sem foco,
sem descarrego,
sem sentido,
somente sensível.

Sentimento certamente inócuo.
Não lhe devo apego,
e me castigo.
Incompreensível.

Psicose

acho que surtei
ouço, asseguro-me
colocam-me onde estou
me distam dos seus...

piso no freio.
por que exigir o que não vai me suprir?
por que existir algo que reluza suprir?
infortúnio.

transpiro minhas transmissões.
transcendentais.
tais que sentem, sugam:
está no ar.

nada está comigo
(vento assoprando o trigo).
o tempo passa.
uns lá, outros também lá.

imito, prevarico,
evazo, maldito marasmo.
mergulho sem nada,
mas não falta ar.

tudo o que não falta é o ar.
respiro, sim; como, sim;
converso, sim; amo, sim;
armado? sim.

ainda espero o click,
em que faltará fôlego,
força e tudo respingará.
vou sentar pra esperar.

Pós-nascimento

Dúbia e simples malvadeza,
Não respeita, não avisa,
Não tem pena da presa.
Sequer há uma mulher calorosa
No papel de juíza.

Ardente, estridente conseqüência.
Irremediável e não se apresenta,
Só se sente como ineficiência
E a razão não entende e se complica;
O sujeito se esquenta.

Sem motivo, sem lógica, esquecido
Por reclamar que tudo não é oferecido.
Angustiado, mimado, empedernido,
Sabe de tudo isso mas a dor é um sentido.
Talvez por isso, sempre tenha mentido.

Correr cavar e me enterrar
Ou trabalhar, trabalhar e descansar.
Se pudesse mesmo, escolhia a primeira,
Mas a opção é induzida:
Você mesmo, sua aduaneira.

Pode vir, venha mesmo, está gostoso!
É muito bom que haja o bom, que haja o gozo!
Só isso faz valer a pena...
Entretanto, com o tempo ele envenena.
PQP! - deveria ter morrido no parto.

terça-feira, 1 de abril de 2008

ahn????

Gostam, não gostam?
Gastam, não gastam?
Sentem, não sentem?
Mentem, não mentem?

Pouco percebo a objetividade.
Dubiamente participo da realidade.
Não sei se quero amigos ou bengalas;
Se quero as pessoas ou penso em mudá-las.

Martírio da desfiguração.
Vômito, cuspe, um "coladão".
Coisinha tão pequena para mim,
Marquinhas de uma angústia em estopim.

Isso tudo é minha escrita,
Oque tenho além da vida,
O que vou deixar para todos da morte.
Preciso praticar um esporte.
(mamãe já dizia...)