terça-feira, 20 de dezembro de 2011

será que eu estou sendo escroto?

preguiça maluca não é preguiça
o mundo é daqueles que começam a se mexer antes dos outros
quem olha pra frente não olha pra trás, nem olha em volta, no começo da corrida
lá na frente é que olha, até espera um pouco, se tiver criado um bom coração

eu queria tanto perguntar pra alguém
se isso é só uma grande viagem
ou se as pessoas são mesmo escrotas

mundo mundo sem raimundices pra cima de mim
porque eu quero é mais!
e aí vem alguém e diz que odeia tudo
eu digo que eu odeio tudo mas amo os outros porque eu sou bom

gente escrota odeia os outros
gente bonita tem a chance de chegar antes dos outros
gente boa se revela quando olha pra trás

um beijo pra regina casé

e outro pra quem conseguiu ser mulher

sábado, 17 de dezembro de 2011

tem uma coisa que chama saudade e outra coisa que impede que a saudade vença uma vontade de ser feliz sozinho que ainda não tem nome, eu acho
gente bonita
gente bonita
pega gente bonita
esquece esquece esquece
mas lembra, se lembra...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

todo esse tempo que ganhei e perdi

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

disse ao telefone uma coisa cafona

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

on your own

tem um grande problema
que é saber medir o seu lugar

talvez seja um problema extremamente novo para o brasileiro
deixar de crer que a sua imagem de si
é real

olhar para si mesmo é diferente de olhar a partir de si mesmo
diferença que constitui a noção

perceber que os outros também
e que você também

esse é o fundamento para que não nos enganemos nas projeções de nós mesmos

o ponto de partida é mais e mais comum
e a igualdade late feroz para aqueles que se apegam a uma condição diferenciada

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A infelicidade e o ressentimento que muitas vezes consomem pessoas que vivem em cidades, que estudaram e que têm o que comer se dão por motivos que elas mesmas dizem não entender. Não podem reclamar de nada, afinal, têm tudo, só reclamam porque têm que trabalhar, ou porque lhes falta amor, ou sucesso, como todos os reles mortais. Confusas entre seus gostos possivelmente decadentes e a convivência com outras pessoas possivelmente melhores, bate aquele medo horrível: de serem ou se tornarem pobres, de morarem mal, de não fazerem o que gostam... Isto é, de verem as suas vidas levadas pela mediocridade da qual sempre fizeram parte e não queriam fazer. . Acontece é que as suas projeções de si mesmos são muito, muito erradas, porque, na verdade, não pertencem ao que há de melhor: não são melhores como pensavam ser, somos todos os mesmos. É que talvez achassem, que, puxa, por causa de um sobrenome, de uns títulos, ou de uma fazenda do avô, ou ainda, por causa de um apartamento ou de um enquadramento em padrões de consumo elevado por índices de instituições respeitáveis, ou, quem sabe, por habitarem um corpo bonito... ou melhor: por terem acreditado que querendo ver-se diferentes de todos, assim o seriam, assim poderiam ser. A medida da babaquice de uma pessoa está no grau da sua crença de que haja beleza na diferenciação: porque acreditam que sua natureza e seu gosto apurado são sinônimos de um futuro promissor - e, quem sabe, de bons relacionamentos! Mas quem deve julgá-los, se, afinal, somos iguais em desgraça! É melhor, nós que sabemos, que os deixemos seguir suas ilusões, que podem tornar-se reais; é melhor que, mesmo até que consigam, que não os invejemos - vai trabalhar, vagabundo! Porque, ora, em média, qual a soma total do que conseguem quando conseguem? O preço de um aluguel, ou da quitação de um, dois ou três imóveis!, 4 quilômetros mais próximo do centro, alguns reais a mais para se pagar num corte diferente de roupa, o acesso, mesmo que marginal, às melhores pessoas da cidade, do estado ou do país (do mundo?) e, talvez, uma velhice tranquila. Mas, se conseguem, é inegável que tenham crescido: é bonito e dá ouvidos - que merda...

ser feliz é

dor no peito
nao pode

sempre esperar
nao pode
ser ou nao ser nao pode
nao pode nao ser nao pode

nao pode
parar de correr
nao pode
amar e sofrer nao pode
nao esquecer
nao pode
nao pode esquecer nao pode
lembrar de morrer
nao pode

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Toda vez que nos colocamos numa situação pública de níveis insuficientes de intimidade somos impelidos a agir de maneira educada. Pedir licença, agradecer, respeitar. A igualdade que emana dos bons gestos reflete a maneira como ela se impõe: injustamente.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

la prise de conscience

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

as coisas entre nós não têm nem tempo de começar
sou maluco
sou maluco

domingo, 2 de outubro de 2011

o grande esforço:
transformar
mal
em
bem

domingo, 21 de agosto de 2011

você está sendo egoísta

como se não fosse justo
como se não fosse mesmo lindo
sendo o que é

porque é preciso superar um grande obstáculo
enfrentar toda uma concepção
que pode diminuir qualquer sentimento romântico hoje

"as coisas não são mais como eram antes
a vida, hoje, é fragmentada e nada apaixonada de verdade",
diz um sensato
um chato!
e ele continua:
"entenda... é que dizer "amo alguém" pode ser uma grande mentira que camufla tanta coisa podre..."

aí, eu me explico...
"é certo que a minha vontade siga muitos caminhos
descontínuos, gulosos, vorazes
até chegar no desejo ingênuo
de sexo de preguiça de criança
um monte, eu sei, um monte de coisas erradas
mas que podem ser aceitas
e amadas

é que eu tenho um... charme:
um medo
de que percebam minha maldade
'que merda!' - eu finjo...
'cada um sabe de si' que é o certo...
e assim eu não me conformo:
porque entre milhões de blablablás de cada lado
e a esperança e a desesperança de que ainda dê pra se compartilhar um sentimento nobilíssimo
jaz um coração perdido que precisa de ajuda
o meu"

domingo, 7 de agosto de 2011

o chato

eu tentei durante muito tempo, eu tentei apagar da minha perspectiva qualquer vestígio de busca que o meu querer traz comigo! mas eu não consigo! eu observo, eu investigo, eu esquisito... eu quis, eu quis, por muito tempo estar la em cima sem saber explicar o porque! Eu queria! mas eu não sei por que, eu não sou o quê, não sei! eu tive é que voltar, eu não podia deixar pra trás o que já havia começado. o passado, o erro, o trabalho! pra poder dizer na cara dos outros: isso, aquilo, aquilo outro! quantos nãos eu já não havia recebido, quanto desprazer eu havia causado, quanto desgosto, quanto! eu tinha, eu tenho - sou um tipo infeliz, infelizmente, um tipo deslocado, já rejeitado, destinado a ser assim... porque eu posso tentar, tentar, tentar, mas não dá, não dá pra fazer a escolha certa e conseguir o que eu quero - sou arrastado! fui relegado ao ocaso do acaso - que azar o meu, nunca a sorte! e por isso carrego um fardo, um fardo horrível, desde algum tempo, e terei - se me ouvirem! - terei que dizer pra todos: o que não querem que seja dito!

sábado, 6 de agosto de 2011

da natureza podre

aquele clássico silêncio
tântrico
que nos diz que chegamos no terreno do que não se deve partilhar
da individualidade
pode ser muito incômodo:
para alguns.

não deve haver problema algum com nada de nós mesmos,
afinal encontramos tanta gente todos os dias...

e ainda temos que conversar!

mas o passar do tempo...
o passar do tempo nos dá uma habilidade que temos o engano de chamar de "casca".
podemos dizer que um certo manejo educado e centrado,
respeitoso,
preserva o limite do ermo em cada um. o trato humano,
tete-a-tete, ou até o trato com pessoas muito mais pobres ou muito mais ricas e prestigiosas do que nós,
no jornal,
na tevê,
numa festa,
nos nossos procedimentos bom-dia-boa-tarde-obrigado,
revela-se um fator fundamental no que diz respeito ao convívio
não conflituoso.

"alguns podem gritar determinados preconceitos em relação aos outros e acabam expondo-se: as palavras não se cansam de atribuir novos significados a determinados atos, demonstrando a repercussão de quem emite o som que emite - como rodam seu filme! esse mesmo silêncio, metálico, que se nos apodera num almoço sozinho, assusta àqueles que não aprenderam a viver suas vidas e a domesticar suas 'opiniões formadas' a respeito das causas e das consequências da personalidade das pessoas. viver em grupos unidos é o que pode salvar paliativamente alguns inconformados com suas vidas - irreversíveis. identificar-se a determinados rótulos como uma espécie de salvaguarda para o enfrentamento de si mesmo pode ser uma tática - mas nunca uma estratégia de eficiência."

terça-feira, 2 de agosto de 2011

o maior branco do universo se aproximou da instância mais categórica do meu entendimento ético - me tornei um merda de um crítico estético!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

imaginar/viver uma festa sem musica

quinta-feira, 14 de julho de 2011

parei de gritar, parei de brincar, parei de sonhar
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
foi o último, eu juro

um brasileiro pensa assim

sempre que rola aquela coisa "poxa, mas o brasil é foda, a galera não se esforça pra fazer as coisas acontecerem, querem tudo de mão beijada e põem a culpa no estado pela merda que a gente é", eu penso "graças a deus, porque sempre se fodem muito mais pessoas do que as que se dão bem na roda da fortuna da ação coletiva livre. sempre ficam uns ali olhando de fora, sem atitude, e ainda têm aquela coisa que se sente que se chama inveja + fracasso. INVEJA NÃO PODE! NEM FRACASSO! SE VIREM AE! O PROBLEMA É SEU.
O CARALHO!
NO AMERICAN WAY OF LIFE PRA CIMA DE MIM"
mas aí podem dizer: bem, pensa comigo, se varias pessoas fizerem acoes coletivas e curtirem as acoes coletivas umas das outras, voce pode ser chamado pra outras acoes coletivas e aih a roda nunca para.
eu acho que pode parar pra muita gente e pra muita gente não para mesmo. pra outros anda devagar, pra outros mais rapido, uns mais que outros.

domingo, 3 de julho de 2011

andava-se para lá e para cá nessa festa e algumas pessoas adoravam não olhar na cara das pessoas que conheciam. cariocas adoram brincar de joguinho da memória com aqueles que não têm uma determinada atitude que ninguém sabe muito bem qual é. sempre que se pode, ignora-se alguém.

domingo, 26 de junho de 2011

palavras de mãe na madrugada sem fim

Cuidado, artista, muito cuidado nos caminhos cortantes cortantes cortantes de sua grande ambição. Mostrar seu valor, ouça a voz lá no fundo que tanto te ama. Mas, cuidado! quanto perigo jaz por aí...
Se há muito de si mesmo na obra de todo artista, opa!
Como saber, como saber se está sendo:
Ridículo?
Sério?
Posso crer que haja camadas que vão se desmantelando conforme o artista vai encontrando sua própria segurança
Também posso crer que muita gente estranha adora bater palma para seus desejos viciados
Tudo pode começar na crença de que se é livre
livre livre livre!
Pode se desenvolver um problema quando se crê que se pode agredir as pessoas com o que se percebe
Ou quando se acha que a ingenuidade irá levar sua obra ao mais do mais
Uma coisa é certa: pobre daquele artista que pintou na hora errada o seu auto-retrato
E eu não sei mesmo quem será levado a cabo e poderá sorrir por último
Só muito, muito cuidado
Cuidado com a maldade e também com a bondade
Cuidado com a sorte e também com o preparo, cuidado
Cuidado, meu filho, cuidado

segunda-feira, 20 de junho de 2011

se dar conta do progressivo egoísmo para o qual avança o amadurecimento é uma tarefa muito dolorosa para todos?

domingo, 22 de maio de 2011

copacabana é feminino e a razão é algo doente

ela chorou e o ar parecia ter mudado de textura, o que é muito comum de sentir. muita dificuldade, muita, coitadinha... seu quarto era muito próximo do dos outros da casa, que acumulavam muitas frustrações de suas vidas - tiveram que trabalhar em algum momento da vida, como todos os reles mortais. não poderia ter mais a dúvida que morar em copacabana lhe incitava. a dualidade copacabana palace/prado junior a fazia acreditar em muitas coisas, mas nunca conseguia se concentrar no que devia. ficar no quarto era olhar pro cantinho da parede. sair de casa era se divertir! morava com seus pais ali, em copa, alugados num apartamento de 3 quartos um pouco maltratado. sua irmã havia se mandado para os estado unidos, casada com um americano mais ou menos. "o que a rafa tá fazendo lá?" perguntavam, e ela estava fazendo faculdade, casada com um professor - de quê? pra fora, achavam melhor esquecer: é que a família se copacabanizava - era o que diziam. era o que diziam?

sentados na sala da casa da vovó, ali do lado, apartamento próprio, era realmente chato assumir a dificuldade, e, por mais que ela fosse um pouco morena, estudava num colégio de freira, no começo de ipanema. ela tinha uma prima, branca mesmo, com a ponta dos cabelos aloirados, que fumava cigarros no canto da varanda, porque não se podia fumar dentro de casa, concordavam os primos, os tios e a avó. ela, morena, então começou a fumar cigarros, com seus 16 anos. havia um tio que fumava também e uma outra prima, que às vezes surgia: essa morava no mato grosso, de onde a família tinha vindo há muitos anos e, acredite, de onde nunca deveria ter saído! o apartamento da avó em copacabana era o único patrimônio que a família mantinha, porque todos os filhos e netos, infelizmente, não bem sucederam. quer dizer, trabalhavam, muitos deles, mas nada excepcional. copacabana. aquela parte de copacabana. aquela rua em copacabana.

copacabana é a porta de entrada do brasil, isso é internacional, infelizmente para os governantes do país. a decadência que tomou conta de copacabana parece ter se tornado irreversível. complexo de colônia ou não, muitos moradores do leblon e da gávea têm medo do metrô com o discurso subliminar da copacabanização dos bairros. realmente, aqueles prédios com vários apartamentos sujam muito, abrigam prostitutas e acaba que o bairro se torna um ambiente horrível para você criar seus filhos. porque, afinal de contas, é fundamental um ambiente saudável e propício para que um filho possa crescer e conseguir ser alguém na vida. conhecer as pessoas certas, estudar em bons colégios e não ficar por aí andando com quem não deve. em copacabana está cheio desses. você pode entender andando pela rua, aquela calçada suja e aquelas pessoas morenas. mas copacabana tem suas partes boas. você pode ser moreno, morar em copacabana, e conseguir ser alguém na vida, é lógico. mas, na prática, a dificuldade - existe?

a prima loira que fuma cigarros finalmente casou, comentavam na sala da vovó. com um brasileiro mesmo, engenheiro, mas do sul. foi morar no sul com ele, saiu de copacabana. parece que ela está trabalhando lá, abriu uma agência de marketing, com 22 anos, ela a única funcionária, contava uma tia, gengivas, dentes, rindo, enquanto dava um gole na coca-cola servida no copo de requeijão. essa aí comia direitinho, já haviam reparado. mas a morena... no quarto, olhando o canto da parede antes de sair não se perguntava, sem saber que devia se perguntar, o que é que faltava para conseguir. muita, muita dificuldade mesmo - coi-ta-di-nhá - à sua volta, sem que nada se esclarecesse espontaneamente... uma facilidade havia: se vestia e saía quase todo fim de semana e já tinha andado de carro com alguns meninos, já tinha bebido de graça em alguns lugares, entrado de graça também... uma vez ficou numa situação horrível: um garoto a levou para jantar e sumiu por 25 minutos na hora de pagar a conta, que susto! copacabanizada já - desde sempre! - sem nem se dar conta, preferia esquecer no dia seguinte, como a família vinha se acostumando a fazer e, pra uma moreninha, vestia-se até que bem: pra conseguir! moral da história: sem saber o que era rir do jeito que ria, olhada do jeito que ria, ria, bebinha, daquilo tudo, caminhando da porta do restaurante para o carro.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

preciso relatar algo: descobri uma técnica pra acordar meu porteiro da noite à distância. minha rua é barulhenta, portanto, não importa muito quão eu alto eu assovie, chame, ele não acorda: dormindo de porta fechada e tv ligada. enfim, descobri, inspirado pelo padre quevedo, que, se eu estalasse os dedos, desde lá de longe, ele acordava do seu sono, mesmo com todo barulho e vidro entre nós. é muito engraçado.

terça-feira, 19 de abril de 2011

tunico ribeiro odeia a sua empregada crente boazinha.
existe uma crença de que todos podem vir a ter tudo, ou devem poder ter tudo, essa onda de igualdade que faz todos agirem e pularem por qualquer que não tenham - e querem ter. Da igualdade legitimada, sobe a possibilidade e o direito de se falar das vontades: esse é o ponto de vista de quem não tem, querendo. Da igualdade legitimada, jorra a inveja da palavra dos que não tem o que querem: esse é o ponto de vista do que tem o que querem.

terça-feira, 5 de abril de 2011

o perigo de ganhar dinheiro é tornar-se lastimavelmente moralizador
a materialidade alcançada com o dinheiro pode refletir um acerto
mas isso só se aplica a quem acha isso
porque outros, em geral os que já tem algum há algum tempo,
(mas muitos outros tipos também)
talvez sintam que necessidades moralistas devam ser superadas

domingo, 27 de março de 2011

não pode haver quem ache a vida tranquila
eu odeio todas aquelas pessoas que têm muito dinheiro
eu invejo elas
espero que nenhuma dessas pessoas possa ler isso
porque eu quero ser rico
no fundo, acho que é isso
todo mundo
categoricamente
quer ser rico
e eu também
categoricamente
está complicado demais
viver sem muito dinheiro
(sem muita fama e
sem muito sucesso também)

sexta-feira, 25 de março de 2011

"o afeto e o compromisso
se relacionam
se se relaciona
a relação de afeto
com um compromisso
a boa é o laissez faire:
essa é a idéia do progresso
e da liberdade
no campo amoroso
mas os conservadores
olhando por baixo
querem o que querem
e podem preferir a corrente
o conflito
a monogamia
à perpetuação do affair
enquanto affair"

isso é moderno

domingo, 20 de março de 2011

o lado bom-e-ruim de ser colônia

se ninguém de diferente tivesse chegado
nada teria mudado

quinta-feira, 17 de março de 2011

menos os silva

o orgulho de um sobrenome vem com o tempo, eu sei, entre os brasileiros, porque todos odeiam tanto tudo o que é, porque eles não são ninguém, e aí fica difícil ser alguém, mas de repente todo mundo age que nem carioca, acha que é alguém, e põem, lá, seu sobrenome, lembram do seu pai, de algum bar, e sorriem, talvez sinceramente, sob o sol tropical, como se isso fosse essencialmente bom

manifesto que o cocô é côco e que eu vou vender missanga pros otro, ah, se vou

anti anti anti anti anti anti anti anti anti anti anti anti anti anti anti anti anti anti arte
o brasil
lá do canto do ocidente
errou
errou tanto
e nasceu seu acerto
plin
do erro de quem falou
"BRSIL VAI DAR CERTO"
e mandou
"vai, faz, trabalha que vai"
o que não sabem
é que por trás
muito foi falado, muito
e ninguém precisa querer mais finalizar o projeto
anti nação de um povo
que é
não, não
que quer ser
raivosa
errada
grosseira
e famosa
o milagre chegou chegou chegou chegou chegou chegou CHEGOU
nosso senhor disse
TÁ CERTO ENTÃO
porque quem errou?
sei lá do meu ser superior
como comida
cago cocô
minha fama chegou chegou chegou chegou chegou CHEGOU
sorriso macaco
capenga, mulato
heróis do errado maltratado
cabisbaixo às vezes
sem saber que aí é que se deve enobrecer
e se agora sabemos
não queremos
porque agora eu viajo muito de avião
to pagando o preço certo
to comendo
to em pé quando é pra tá sentado
eu to rindo e quase sempre empolgado
mas é errado, né?

e daí?
em paris e em NOVA YORK (na China também, dizem) tem gente que se encanta por mim

na verdade
a gente seguiu tudo direitinho
com a ajuda de um papai bondoso (também é o que dizem por aí)
que dizia "vá por ali" e nos colocava ali
e ai de nós se nao fôssemos
mas depois agradecíamos
agradecemos agora
mas ficou alguma coisa torta na minha cabeça
brasileiro não faz análise direito
obedece com altivez
embora curta um funk
uma putaria
uma coisa de pobre
piada de pobre é o que há nos núcleos mais refinados do Rio
todos imitam pobres, zuando, é claro
e entao chegou CHEGOU A HORA
(é o que dizem por aí)
e se dizem
eu vou querer mostrar aquilo que eu gosto,
afinal é isso que a gente faz quando ganha dinheiro, muito dinheiro
ou fama
o cocô vai virar côco
o cocô vai virar côco
o cocô vai virar côco
o cocô vai virar côco
o cocô vai virar côco
o cocô vai virar côco
vamos vender missanga de cocô, uma raiva com dente de fora
mulheres bundudas
nao, nao
homens pirocudos mesmo
negões pirocudos
alguma gente feia
venderemos isso
e seremos, somos bonitos
porque papai nos fez fazer certo
por isso amamos o errado
você vai ficar culpado pelo nosso cinema novo
uns tais de marxistas brasileiros
a favor do povo (uma mentirinha gostosa pra gente rir de vocês!)
vocês vão crer que nos mataram, nos violentaram
e nós é que sabemos que o tempo passou
e que é bom ganhar nas olimpíadas, sim
mas quem tem din din ganha no fim

é de propósito
é de sacanagem
que a gente vai fazer assim
vamos vender anti arte
seduzir com o simples
pra confundir a porra toda
pra todo mundo crer que o erro
que o tropical
é o certo
mas, ah, não contamos pra ninguém
o que fizemos pra dar certo tudo
mas fizemos certo
deal with it

porque é mais justo
PORQUE É MAIS JUSTO
cagar tudo de volta pra vocês e vender
é mais justo
por todo mundo que já chorou sincero
e não fez cara de côrte

domingo, 13 de março de 2011

sangue ruim, água de côco

o brasileiro quando se apaixona...
brasileiro
quando se apaixona mesmo
infelizmente

é sempre por alguém que lhe é
estrangeiro,
é amor pesado

e ligeiro

ele quer se sentir mais
por se vestir de menos

o verdadeiro brasileiro quer o mais quando ama
um outro
(é que ele quer muito, roxo!)
não sossega longe de um senhor
que seja seu
sente uma falta tão aguda
da luz!
e também do louro!
do outro!

dá então todo o seu ouro!

se odeia
se diminui
porque ama tanto...

ama o bom
sem saber sê-lo
ama tanto o belo
sem saber que é lindo
ama o gosto velho
mas seu sorriso é novo, é louco!

brasileiro é povo, bobo e pouco
é e não é

e o amor, pro brasileiro, é algo raso, baixo e mentiroso
é e não é

quinta-feira, 10 de março de 2011

A moral tende a se tornar mais compreensível com a idade. Assim como a loucura pode levar um tempo para se manifestar.

quarta-feira, 2 de março de 2011

em pleno desenvolvimento

côco e cocô...
cocô ou côco?
côco é cocô!
nananinanão!
côco não é cocô!
cocô é côco!
e aí dá pra fazer missanga pros otro...

domingo, 27 de fevereiro de 2011

não subestimar a posteridade

Talvez uma das principais dificuldades para uma mente que começa a divagar sobre o mundo seja conseguir classificar seu tipo de reflexão, a qual natureza ela pertence; mas essa mente não se dá conta de que é precisamente isso o problema! Algum grau de esclarecimento é o que falta a esses tão bem intencionados jovens que se aventuram, "batem no peito" e avançam, lívidos, pelos corredores das universidades, sob os postes amarelados das ruas de dentro de Botafogo; Suas intenções são as melhores mesmo, não duvido! Mas seus meios se tornam muito confusos, porque seus fins não existem! É muito difícil encontrar o pensador jovem que consiga investir suas reflexões num caminho único. Como eu disse, confundem-se e não sabem a diferença que há entre os jeitos de expressão do pensamento e, assim, se desesperam todos no modo de organizar o raciocínio: como a maré, seu pensamento é um ciclo de grandes idéias e violentas castrações. Nesse movimento, para eles perturbador, correm o sério risco de sucumbir à confusão mental e abandonar o Pensamento; ou de desistir de construir, lapidar sua autoria - caem no erro mortal de serem perdidos e, assim, nunca ficarem para a posteridade.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O conforto se confundia com o espaçamento. Ao mesmo tempo em que se via que as cadeiras eram muito gostosas, elas ficavam dispostas umas distantes das outras - e eram poucas delas -, valorizando o branco do mármore do piso, o mar que aparecia atrás do vidro da varanda: havia uma seriedade naquela decoração que alguns poderiam se enganar e dizer "puxa, mas como é moderna", porque só enxergavam o arrojo que era proposto. A frieza que se escamoteava pela praia da vista e depois refletia naquele sorriso estranho, montado de Tunico ao me receber, com aqueles óculos escuros -- não havia nada de errado com os óculos escuros, e sim com Tunico. Eu nunca tinha reparado no tom frustrado que aquele sorriso refletia, só depois de alguns anos de convivência e de muitas horas de conversas regadas a uísque e histórias e desejos do passado que pude dar-me conta de quem era aquele homem rico, em sua cobertura, solteiro, na beira da piscina com três rapazes nas espreguiçadeiras. Tunico não era muito enrugado para seus anos, afinal tinha dinheiro o suficiente. O problema de Tunico é que ele nunca conseguiu ser aquilo que ele queria ser. Não que ele em algum momento tivesse conseguido saber, jamais conseguiu descobrir-se quanto a seus gostos, suas aspirações: foi tornando-se o que se tornou com muito pouca ajuda, com pouquíssimos amigos e com muito, muito trabalho sozinho.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

ouvi meu pai,
tantas vezes,
e ele dizia
que algumas coisas
mudavam
outras
se conservavam...
e que ele mesmo
já tinha mudado
de idéia sobre muita
coisa
e outras coisas, não,
ele pensava igual;
e até no seu corpo
algumas coisas
seguiram
aquele rumo esperado
e outras não
ficou gordo,
mas não ficou careca!

Ele me mostrava na rua
ali tinha um bar ótimo
e contava das histórias
e das viagens
e aí esbarrávamos
com um bar
que ainda existia
desde aquela época,
veja só!
e eu via
o que eu ouvia
do meu pai
eu quase que
via as cenas...

ah, e aquele ali,
quem me levava
era o seu avô
e eu quase quase que
via o meu avô
em um tempo
em que esteve
no mesmo passo que o mundo

o meu avô
no mesmo
passo
que o mundo

"naquela época...
em que meu avô tinha suas idéias
e frequentava uns tais bares
e seu corpo era aquele..."

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

brasil dos jornalistas, fotógrafos, djs

eu concordo com o senso comum em historia num ponto fundamental: a guerra-fria e as ditaduras foram péssimas - para a consolidação de um projetos nacionais críticos. ter feito dos intelectuais algo exilável criou, ao mesmo tempo, uma espécie de vangloria ao que se propõe como boa arte e boa filosofia moral, como se nossa capacidade crítica, tanto pra arte, quanto pra moralidade, fosse inexistente e nos seduzíssemos meramente por uma barra que é forçada no convívio social burguês - nossa capacidade de ligar o "foda-se" para o gosto massificado foi censurada; e criou também um ódio em massa por aqueles que percebem a forçação de barra moral. ser crítico, assim, ou seja, refutar muito do lixo que é socado pseudo-intelectualmente por aí e escolher o seu próprio bem pode ser uma tarefa muito difícil e dolorosa psicologicamente. Como são tratados os "gurus", que moralizam, principalmente em festas? Praticamente são tidos por heróis, que precisam ser suplantados pela sociedade carente do desenvolvimento intelectual, interrompido durante a ditadura - e todos sabemos da extensão ínfima do meio social burguês de qualquer grande cidade para nos darmos conta de como uma tomada de atitude crítica causa medo e é, assim, reprimida.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

ribeiro pelos flancos

cresce uma irritação muito profunda no meu ser quando eu acho que estou parecendo ridículo naquilo que, na verdade, estou querendo ser sério. sempre acho que estou sendo muito trágico, muito girly, muito sarcásticuzinho, muito ribeiral

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

mas não esqueça que veio do ódio

a imagem do mundo agora...
ah, não sei!
pouca coisa mudou, na verdade
mas o choque dos corpos, que a gravidade obriga, parece menos raivoso
agora eu sei o que realmente tem raiva...
uma cadeira de balanço sobre o chão
talvez explique a falta de "não" no meu sentimento com a imagem que vejo do mundo
(puramente as coisas, não o que posso enxergar ou imaginar delas com o tempo)
ela imóvel
e seu único ponto encostado ao chão

-

acho que andei foi me exercitando muito
pra vencer
por ódio
trabalhei resistência e não me importo mais com gravidade nenhuma,
nem com desaforos (muito menos com eles)
eles não têm peso mesmo
são sons de macacos
e se agora dizem: isso, isso, isso e aquilo
eu digo: tá, tá, tá bom, eu já sei o que importa

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Tunico é mau

O problema do Tunico começava em que ele fingia muito gostar das coisas, das pessoas, e, por trás, expunha a verdade de todos os seus gostos. Seu ressentimento saía nas suas babas empolgadíssimas de quando ele encontrava os seus verdadeiros seus, aqueles que provavelmente eram tão burgueses mas não tão deslumbrados assim. É difícil ser burguês e não ter nicho burguês - mais difícil ainda é encontrar algum burguês no Rio que não esteja nessa onda alternativa feliz de um ufanismo escamoteado. Tunico não gostava de nenhuma bandinha que começava a surgir, conhecia algumas delas, era amigo de alguns integrantes, mas tinham tantas e tão ruinzinhas que eram como os bares caretinhas da nova lapa da copa e da olimpíada: pretensiosas e ordinárias. Palavra de Tunico.

Aconteceu foi de Tunico ter ido num show de uma bandinha de uns amigos seus. E acontecia desses seus amigos, assim como Tunico, terem um sonho tão latente quanto infantil de se tornarem grandes artistas pensadores do seu tempo, como se ainda houvesse chance para qualquer juventude ter razão e fama como outrora. O nó era que ninguém fazia o devido esforço, o correto esforço - ninguém estudava muito, ninguém refletia muito, eram românticos dandys da zona sul, pessimistas ou otimistas -- e festeiros... e queriam fama por falarem de coisas que pensavam de primeira. Muita besteira, rima forçada e palavra difícil. Tunico era igualzinho, só não tinha uma banda, e isso o fazia sentir-se um passo atrás na corrida. Tunico também não era DJ, nem dava festas, o que devia agradecer a seu pai, por por-lhe no eixo; e todas essas coisas que ele não tinha, acumuladas, lhe faziam repugnar imensamente toda essa nova onda empolgada que as taxas de crescimento econômico do governo Lula refletiam na esperança desses jovens (pseudo ou proto?)-artistas. Tunico temia fortemente que fossem proto e ele ainda nada.

Tunico estava com tanta raiva que tudo lhe parecia uma grande piada. Viu o show do amigo, como manda o figurino, e saiu, despedindo-se, rapidamente, mas com toda a banca, como se nada tivesse de errado. Sua inveja era tanta que as melhorias na Lapa, os arcos pintados, as ruas fechadas para carros, as fachadas reformadas, o brilho do Rio pré-olimpíada... ah! tudo era uma grande mentira que contavam pros brasileiros e que os cariocas compravam rindo! Burros! Onde já se viu? Um povo mestiço. E as bandas eram de brancos da Zona Sul. As festas também, e quando não eram, a Gávea se coçava inteira quando estava lá - o Leblon nem à Lapa vai. A Lapa tinha sido tomada! Ou tentavam. Tunico, Tunico... O show, nos olhos aguçadíssimos de Tunico, não estava cheio, não tinha representatividade além de Botafogo - e o que era a Lapa, para esses dandys, senão uma extensão da boemia nova das escolas novas burguesas, cujos filhos fundaram o novo Botafogo? Sua mente, em rompantes pecaminosos-culpados, maldizia seus amiguinhos e repetia que a Lapa tinha sido roubada, rou-ba-da, que a malandragem não existia, não existia mais, que a arte estava sendo imposta naquele bairro tão cheio de passado heróico do Rio de Janeiro... Tunico só conseguia ver Madame Satã se revirar no túmulo com a pintura dos arcos e aquele bando de PMs.

O Circo e a Fundição eram ocupação estrangeira por lá, de causar inveja a qualquer catador de lata que, apesar de tudo, se aproveitava das latas. "Pobre catador de latas" infelizmente não era o que ele pensava, embora quisesse muito ter tal nível de compaixão naquele momento, para que pudesse xingar esses artistinhas seus amigos com o coração limpo, filiado a um ideal melhor. Ah, era tanta inveja que coçava Tunico - não se sabia do catador, se sentia o mesmo - e ele não podia se dar ao luxo de bradar o socialismo para o Brasil - seu pai era tão socialista e tão frustrado (e tão invejoso!) que o seu ego acabava falando mais alto, mesmo quando sem argumentos racionais e com muita paixão invejosa: socialista não! Mas e então, como se resolve a inveja na modernidade sem socialismo? E se entregava ao prazer que começava a sentir em desdenhar, diminuir, ridicularizar o sonho musical artístico revolucionário inovador moderninho dos seus amigos - e também o seu! Tunico começava a sentir um prazer imenso em ser mau.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

hipocrisia

depois de mais uma noite reflexiva, um cigarro na porta da boate, antes de ir embora, e eu ignoro que possam me julgar mal.

inveja

Quando o que se tem em mente é o Óbvio Ululante fica difícil conviver docemente numa night. Odeio cruzar constantemente olhares e me sentir um stalker.