quarta-feira, 30 de junho de 2010

agradecendo por não ter um louvre

Rio de Janeiro
ah
aqui eu não preciso
aqui eu não preciso ser alguém
ah, o Rio!
(zona sul?)
se nós somos brasileiros
e mesmo quem tem
quem pode
nunca poderá como lá fora podem
no Rio
endorfina, endorfina, endorfina!
umas voltas de bike na praia
um mergulho no fim da tarde
um aplauso cafona ao por do sol
uma tarde de bermuda e camiseta no parque laje
fumando um de adidas ou vans
ah, o Rio!
o estresse aqui é calmo
porque a gente tem o que fazer
ninguém precisa tanto assim ser pra se satisfazer
o Rio é bom porque o Rio, até pra nós cariocas, é só lazer!

terça-feira, 29 de junho de 2010

tornar civil

A espiral do abrandamento da expressão violenta dos impulsos.

Conforme o tempo passa e se aprende com ele sublima-se tanto mais tudo em amor que os impulsos comprimem-se em linha reta sem dois nem mais pólos não oscilam no caminho da espiral ou não se pode ver a oscilação mais que a curvatura leve já parece uma linha e a vida de cada um é tão mais só de cada um menos importante pros outros fica só uma linha reta de amor com amor que se cura o ódio é com ele que ganha-se força pra melhorar é com amor que a origem de tudo deixa de ser o caos e é com ele também que o destino desabita o mundo é com amor que a gente esquece e escreve o sentido que a gente vê no que passou e naturaliza a doença que nos fez cristãos.

amor filia

O que seria dos pais se não fosse esse sentimento de solidão que têm? Porque aí não seriam pais, se não tivessem a quem recorrer pra falar algumas filosofias de vida, quem os escutasse e, por algum respeito moral, não desconsiderasse por completo uma tal opinião de uns tais seres humanos mandões. Porque os pais não conseguiram lidar com tudo aquilo que a vida lhes exigiu - e exige todo dia até a morte - aí eles mesmos pensaram: filhos eu me exijo pra alguém-eu-de-alguma-forma acerte tudinho, algum meu haverá de saber lidar melhor com tudo, esbravejando seu sobrenome ou código genético; pra que exigissem dos filhos o aprendizado que eles lhes transmitiram, "não cometam esses e esses erros (voz fininha zuada)." Você, filho, talvez aprenda mesmo com eles a solução de tudo, que foi ter filhos, a melhor coisa que seus pais fizeram pra eles mesmos - e eles não vão querer que você desaprenda o bom caminho, porque, aí, quem sabe, ele terá um neto perfeito. Isso, é claro, quem teve filhos por opção: é só passar a bola.

Mas esse texto ainda nao acabou. Porque todo filho confronta sua variabilidade existencial a de seus superiores. E seus superiores envelhecem, e seus ensinamentos, sem muito por que, tornam-se velhos e chatos. Rabugentos. Escutam desaforos, impoem-se por muito tempo, como se uma lona apertada pudesse abafar essa pressao jovem que a impulsiona pra cima. Por debaixo, os jovens dizem dos pais "uns velhos!" e a lona vai rasgando conforme eles ficam adultos. A criacao do amor comeca ai. Se antes o "amor" era dito dos pais, que ensinavam, agora o amor passa a ser esse sentimento reciproco de frustracoes e superacoes: um eterno querer estar junto por aquele coisa que chamamos convivio.