sexta-feira, 27 de agosto de 2010

a sexta-feira é a liberdade
toda sexta: revolução
nos damos o direito
nós temos o direito!
porque eu queria era ser nobre
e vou à festa e uso roupa boa
e a segunda-feira me perdoa
me perdoa
eu finjo a ser boa pessoa
de boa
com trabalho, com escravidão

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Do livre-arbítrio como a expressão máxima da ingenuidade.
(daqui ainda sai um texto)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

correr porque correr

Quando nos apercebemos de que o mundo, mesmo que ande muuuito devagarzinho, já anda assim há muito mais tempo do que pensávamos e que, portanto, todo o nosso esforço pungente, seja tecnológico, seja racional, seja conceitual de chegarmos junto e finalmente andarmos, calmos, a seu passo de tartaruga, é apenas uma atitude que nos gera alguma alegria por essas grandes conquistas (a nossos pequeninos e formigatômicos olhos) - ah! esse é o momento em que vivemos mais do que nunca o beirar - e exultamo-nos de não cair! Porque as etapas que concluímos em direção ao ideal sossego nos felicitam tanto, mesmo que nos percebamos tão possivelmente presos, iludidos por nosso tempo-espaço-pessoa determinado, que nos contentamos em dizer que, se não estamos lá ainda, esse foi o mais quase-lá que conseguimos chegar. Beiramos, assim, a certeza do caminho certo à calmaria que brilha em espasmos de luz em algum lugar ao longe; beiramos, assim, toda a incerteza que poderia nos levar à loucura (ou à barbárie); beiramos, assim, toda a incoerência e também toda a coerência; beiramos: equilibristas do meio termo, heróis de respirar fundo e soltar, budas da sabedoria nublada. Nos demos o direito de saber o que falar - falar pouco! - e, sem outra perspectiva por enquanto, de reconhecermos em nós mesmos essa nossa capacidade indescritível, incomunicável de sentir, pelo menos, o tudo que o tudo é - ou o nada. E continuamos por continuar.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

três vivas à metáfora histórica
três vivas ao mundo moderno
três vivas à insatisfatória gramática latina
três vivas ao holismo lapidado

domingo, 15 de agosto de 2010

ribeirisses

Eu tenho uma confissao tragicomica a fazer. Eu sempre tento dar um tom de ironia aos meus textos quando eu os releio, eh quase como se eu fosse tomado por uma inspiracao poetica primaria quando eu escrevo o que eu escrevo, e depois eu acho aquela coisa tao cheia de inetncao que me da vontade de zuar. Mas eh meu! Eu que fiz! Fico enclausurado naquela dicotomia sou legal/sou um merda, quase que ofendido de querer apagar ou mudar significativamente o conteudo do texto que estagno.

Eh entao que recorro aos titulos. Nao sei por que, mas eu me vejo acreditando que um titulo descolado possa me garantir um tom ironico pos-ironico (to com essa expressao na cabeca ha alguns dias desde que eu li uns dos and donts na vice magazine), mas um tom ironico pos-ironico somente pra quem sacasse o titulo. So pra quem valoriza! Acaba que eu me dou muito credito, e quando me vejo estou escrachando o meu proprio poema (isso eh mais recorrente com eles, que tendem a ser mais usts) com um titulozinho chulo de um autor que quase cagou em cima do que fez, do que ele "foi". Uma ansiedade por novidade que nao tem bom senso.

Este eh o Tunico Ribeiro. Ele fuca atras de tudo pra poder rir ate o ultimo pilar ruir. mwhahahaha

beirando pelas beiradas do campo

Sob um determinado tipo de olhar, ele ativou suas defesas, sutilmente, como se faz. A acao que executava antes desse olhar era recheada, envolta de sentido e agora tinha perturbada a sua consciencia. Se o observador estivesse buscando observa-lo sem que ele notasse - seus gestos, seu comportamento - tudo teria ido por agua abaixo no momento em que seu olhar tipico, instigado, cruzou o olhar ingenuo do observado. Toda a naturalidade se havia ido, e quase tudo aquilo que ele tinha naturalizado, depois daquela olhadona, se viu balancado e ele perdeu sua personalidade.

Quando eh que se para de observar para que se saiba definir o comportamento essencial do outro? Esse olhar instigado poderia vir a revelar, como que extraindo uma confissao, as idiossincrasias de uma mente ingenua? Ou eh a ingenuidade que garante a identidade de um humano?

Olhar fatal

domingo, 8 de agosto de 2010

esqueceratualizar

a flutuacao das palavras no mundo
no tempo e no espaco
e a flutuacao das coisas
suas intensidades, suas relevancias

os sentimentos, por exemplo
sensacoes, desejos
como podem se tornar intensos e se chamarem dor
ou abrandarem e poderem ser chamados de cosquinha

isso tudo tem haver com renascer
usar os nomes que as coisas tem
os novos nomes das novas coisas
sem duvidar, nem achar estranho nao usar uma palavra antiga -
isso eh coisa de quem quer parecer rebuscado!
sofredor e fino!

eh para nao se assustar, entendeu?
para nao achar que esta esquecendo alguma coisa
ou faltando alguma coisa que voce nao tem e nao sabe
porque voce nao sabe dizer o nome,
expressar a essencia
isso ja deve eh estar tao antigo pra voce
que ja se tornou outra coisa e ja ganhou outro nome

sábado, 7 de agosto de 2010

calminha

podemos dizer que a modernidade de um homem
eh um estagio atingido
um avanco
que nos resulta uma magnanimidade
uma quase soberba sobre os eventos e sobre inquietacoes
a modernidade se assenhora de um homem
e lhe garante
que seus habitos e modos
nao sejam uma derrota do seu lado rasgante
e que o que lhe colocam na frente
nao sao desconhecidos
nem ele precisa ser tao desconfiado
eh que quando a modernidade se abate
sobre um homem, ele eh
mais facil

consigo

terça-feira, 3 de agosto de 2010

personalidade

se numa conversa ha algo
que nao sejam as sombras
das vozes dos locutores

e seus remorsos e polidezas
conduzindo uma cortesia

se numa postura ha algo
a nao ser a roupagem
que cada um tem pra si

e as proezas e destrocos
escolhidos pra viver

se numa mascara nao ha nada
por tras -