sexta-feira, 11 de novembro de 2011

on your own

tem um grande problema
que é saber medir o seu lugar

talvez seja um problema extremamente novo para o brasileiro
deixar de crer que a sua imagem de si
é real

olhar para si mesmo é diferente de olhar a partir de si mesmo
diferença que constitui a noção

perceber que os outros também
e que você também

esse é o fundamento para que não nos enganemos nas projeções de nós mesmos

o ponto de partida é mais e mais comum
e a igualdade late feroz para aqueles que se apegam a uma condição diferenciada

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A infelicidade e o ressentimento que muitas vezes consomem pessoas que vivem em cidades, que estudaram e que têm o que comer se dão por motivos que elas mesmas dizem não entender. Não podem reclamar de nada, afinal, têm tudo, só reclamam porque têm que trabalhar, ou porque lhes falta amor, ou sucesso, como todos os reles mortais. Confusas entre seus gostos possivelmente decadentes e a convivência com outras pessoas possivelmente melhores, bate aquele medo horrível: de serem ou se tornarem pobres, de morarem mal, de não fazerem o que gostam... Isto é, de verem as suas vidas levadas pela mediocridade da qual sempre fizeram parte e não queriam fazer. . Acontece é que as suas projeções de si mesmos são muito, muito erradas, porque, na verdade, não pertencem ao que há de melhor: não são melhores como pensavam ser, somos todos os mesmos. É que talvez achassem, que, puxa, por causa de um sobrenome, de uns títulos, ou de uma fazenda do avô, ou ainda, por causa de um apartamento ou de um enquadramento em padrões de consumo elevado por índices de instituições respeitáveis, ou, quem sabe, por habitarem um corpo bonito... ou melhor: por terem acreditado que querendo ver-se diferentes de todos, assim o seriam, assim poderiam ser. A medida da babaquice de uma pessoa está no grau da sua crença de que haja beleza na diferenciação: porque acreditam que sua natureza e seu gosto apurado são sinônimos de um futuro promissor - e, quem sabe, de bons relacionamentos! Mas quem deve julgá-los, se, afinal, somos iguais em desgraça! É melhor, nós que sabemos, que os deixemos seguir suas ilusões, que podem tornar-se reais; é melhor que, mesmo até que consigam, que não os invejemos - vai trabalhar, vagabundo! Porque, ora, em média, qual a soma total do que conseguem quando conseguem? O preço de um aluguel, ou da quitação de um, dois ou três imóveis!, 4 quilômetros mais próximo do centro, alguns reais a mais para se pagar num corte diferente de roupa, o acesso, mesmo que marginal, às melhores pessoas da cidade, do estado ou do país (do mundo?) e, talvez, uma velhice tranquila. Mas, se conseguem, é inegável que tenham crescido: é bonito e dá ouvidos - que merda...

ser feliz é

dor no peito
nao pode

sempre esperar
nao pode
ser ou nao ser nao pode
nao pode nao ser nao pode

nao pode
parar de correr
nao pode
amar e sofrer nao pode
nao esquecer
nao pode
nao pode esquecer nao pode
lembrar de morrer
nao pode