domingo, 28 de setembro de 2008

fudeu

a beira é mais presente que o sussudio em si
porque nós temos que ir pelas beiradas do sussudio
a gente só anda na beirada
o sussudio mesmo a gente só vê de longe
o sussudio você tem meio que perceber, a beira ela já tá beirando você tanto quanto você beira ela, então já fica mais facil de beirá-la
mas sera que é o sussudio que te leva à beira ou a beira que te levou ao sussudio?
ein?

pronto pra beirar a vida?
de beira em beira se completa um todo diz ae
as beiras são tudo
foi só eu falar isso que nublo o céu
beiroso isso
tá chovendo aqui em casa
é
e muito
isso é tudo conseqüência da beira
a gente chegou muito longe
tem que amenizar as beiras
as beiras estao se vendo livres do aninimato. Mas sera que é a boa esplanar sobre as beiras?
nunca se sabe se a beira vai fazer você beirar ou se entregar a beira
imaginei a beira como uma outra forma humana sua que te dá certos limites e te mantem meio na linha
se não tivesse a beira
a gente já tinha caido há muito tempo

é... pensamento totalmente beiroso
só quem já anda pela beira há um tempo consegue achar o equelibrio exato pra ficar na beira sem balançar pro lados
por isso só dá pra se viver bem se você está há muito tempo na beira
beirando a beira de beirar sua vida
à beira do sussudio

tipo
a gente não tá nem mais na viagem do sussudio
a gente já foi pra beira
desvirtuou, mas para o nosso bem talvez
a beira é nervosa também
vai ver rola uma competição mental sobre quem é melhor, o sussudio ou a beira
ela ficou nervosa que a gente falou no sussudio de novo
e rola uma competição entre eles
pra chegar mais perto de você
e te transformar num sussudio ou numa beira
mas parece que a gentet quer ser um sussudio beiroso
aí rola o caos

tendo q ir pelas beiradas

é porque quem tá na beira vê a beira mais fácil
de longe você não consegue analisar a real da beira
é so mais uma beiradinha qualquer
mas pode ser a beira do sussudio
e se você não sabe qual é a da beira, você não vai saber se é a do sussudio
por isso é importante se arriscar pelas beiradas das beiras
de possiveis sussudios

claro, ninguém mais anda pelo meio que é o convencional, agora eu vou pela beirada somente

considerações finais do sussudio?

o sussudio, vc sempre fica na beira
so que cada vez mais na beira
até chegar nele, que nunca vai contecer, você vai beirando a beira, cada vez mais
sem nunca poder cair no sussudio
o unico modo de entender a real do sussudio é caindo da beira
que deve ser a morte ou a loucura
ou passar pra proxima beira sem cair
que nunca acontece, só muito doidão
hoje aconteceu só umas 2 vezes
é
mas passando pra outra beira você não entende
você supera
quem cai que entende
quem passa da até uma leve esquecida,
porque já pensou tanto um modo de ultrapassar o sussudio
que quando consegue, sente vontade de esquecer
quem sabe se você se mantiver muito tempo na beira você entende
que quando consegue, sente vontade de esquecer

acho que vou fumar uma beiradinha
ou eu fumo um sussudio?
esse fumo beiroso que beira a beirada

a existencia e o sussudio

rolou umas surtadas sobrio
cara
temos q fazer a teoria do sussudio
materia na faculdade
vc faz o que? sussudiologia
eu juro que eu imaginei
no banho eu pensei nisso
pessoas ensinando sussudio pros outros e aquilo era uma maluquice
pessoas anotando coisas sobre o sussudio
hahaha
o sussudio tinha lógica e parâmetro
paranóia
e tinha bom senso dentro do sussudio
as pessoas não se ligam no sussudio como um todo, deveriam.
se ligam só nos seus sussudios
neurose
por isso nunca conseguem dizer pros outros que têm sussudio
o sussudio, sozinho, não tem graça.
o sussudio de cada sozinho não tem graça individualmente para os que o têm.
a gente ri porque todo mundo tem sussudio, aí fica normal.

sussudio

susso
sussagem
sussetividade
loucura, na verdade

Considerações de beira de sussudio

Considerar sobre a beira do sussudio. O sussudio é um nome, portanto, como todos os nomes, não é aquilo que é, é só uma representação. O sussudio é sintomático, não é totalmente racionalizável. Quem tem sussudio comenta com outras pessoas sobre o sussudio e elas também percebem que o que elas tem é o sussudio e, a partir do nome dado, conseguem fazer milhares de associações sobre os sintomas do sussudio. Os sintomas do sussudio só são perceptíveis através de uma arte; para se poder considerar racionalmente sobre o sussudio é preciso que já se tenha sentido e que já se tenha entendido sensivelmente, sintomaticamente, o que é o sussudio, só não havia o nome. O sussudio, me canso de repetir, é a emoção que move a sociedade. Por não conseguirmos dizer o que era o sussudio e também devido às suas características imorais, o sussudio só conseguiu ser dito depois dos anos 60 e 70, depois daquelas considerações em busca da real verdade. Nos anos 60, conquistou-se a liberdade para poder falar sussudio e comunicar aos outros, comunicar aos outros o sussudio era possível. Não que se pudesse esmiuçar o sussudio, só podia-se nomeá-lo. Não se viu possível descobrir o que é o sussudio como um todo e acredita-se que não é a liberdade que vai nos guiar para isso. A liberdade, aquela que veio com a ciência e a razão na virada copernicana, só se viu capaz de dar nome aos bois. A moral restante da idade média, cristã, até hoje impede que se fale de todo o sussudio, de todas as coisas que se relacionam com ele. A liberdade talvez consiga atingir o sussudio pleno se conseguirmos nos libertar da moral cristã. A liberdade vai nos permitir relacionar todos os nossos sintomas ao sussudio e, dessa forma, ver todas as suas formas, descobri-lo todo, todos os seus funcionamentos. Mas vamos ficar sem saber a origem do sussudio. A origem do sussudio deve ser a mesma origem do universo e não vejo pouca possibilidade de isso ser uma verdade completa. Partindo do sussudio já nomeado, se pode considerar muito profundamente sobro o sussudio, ele pode ser instrumento de criações de verdades mais verdadeiras que as outras que descobrimos. O sussudio é extremamente importante para as nossas vidas, saber dele eu digo, ou melhor, se senti-lo, é melhor sabe-lo como sussudio. A partir desse conhecimento, o sussudio se torna um instrumento para resolver questionamentos contemporâneos até então insolúveis. É como o número imaginário na matemática, criou-se porque sem ele não se resolvia e, como não é verdade o não resolver das coisas, pressupôs-se que existia algo que seria o que resolveria a equação. E funcionou, resolveu. Passamos dessa fase do jogo. Agora já podemos chegar na próxima, agora temos mais um conceito que deve ser estudado. Aulas de teoria do sussudio. O sussudio é imaginário e só podia ser, porque de acordo com as leis normais da física ele não existia. Mas, como as leis normais da física não explicavam e precisavam de uma linguagem imaginária que pudesse ir além daquilo tudo, nomeou-se e definiu-se o que seria esse novo instrumento: a noção de sussudio, a aceitação do sussudio como algo real. O sussudio não poderia surgir em outra época que não a nossa. A histeria neurótica da sociedade pós-moderna. O vazio da falta de fé por causa da razão e da liberdade pra dizer qualquer coisa. Falou-se daquilo que ninguém tem coragem de deixar de ser, nem consegue e que, pra poder aliviar a barra, ri disso. Ri do sussudio. O sussudio é imaginário e tão real, por ser necessário, que parece estúpido. E risível. O sussudio físico não existe. Por isso há sensação de beira. A sensação de beira é proveniente da crise da razão, de não conseguir explicar através da empiria o sussudio, que é algo extremamente imaterial. Por estarmos à beira do surto, fomos capazes de perceber o sussudio, precisamos nomeá-lo para podermos não cair dentro do sussudio, só beirá-lo e olhá-lo de cima, nomeando-o todo. Para quê nomeá-lo todo, descobri-lo todo? Para não nos dar mais interesse pelo sussudio, para já sabermos tudo o que há naquilo e nos sentirmos confiantes de seguirmos em frente, tendo já beirado o sussudio, analisado-o todo e ido, seguindo em frente na vida, com a sensação de que se conhece toda a estrutura do sussudio, sem nunca tê-la vivido, imergido nela, caído da beira. Nos sentimos inseguros e à beira dele; nunca conseguimos achar que estamos nele totalmente, achamos que a loucura é cair da beira, rimos de termos cogitado tamanho absurdo. O medo que temos de ir além no sussudio é ter que tentar descobrir mais conceitos imaginários para solucionar os problemas que o sussudio pode vir a trazer - não sabemos se ele traz outros problemas porque temos um medo, ainda da moral cristã, de falar abertamente dele, de aprofundarmo-nos nele; queremos somente beirá-lo, como se fosse o primeiro de muitos precipícios pelos quais teremos que passar daqui pra frente. Diria que a humanidade caminha agora sobre outro tipo de relevo, mais montanhoso do que as planícies que se vinha vivendo. A liberdade, quem nos encaminhou para essa terra de relevos montanhosos, traz o sussudio ao debate. Se alguém sente ele e mais gente também sente, é possível de se discutir sobre a existência do sussudio e a partir daí nos deixarmos permitir descobrir se o sussudio trará ou não problemas. Não sabemos se devemos tentar descer ou se devemos permanecer pelo alto. O sussudio, infelizmente, sofre movimentos de resistência a ele. Poucos querem descer. Existem terroristas que se matam em resistência ao sussudio, em nome do medo do sussudio, mobilizando a opinião pública, tentando mostrar o sussudio como algo prejudicial: eles são os suicidas de todo o mundo e aqueles que matam amigos no colégio nos Estado Unidos e no cinema aqui no Brasil. O sussudio é fundamental e soberano, acredito que nada conseguirá deter o sussudio. É questão de tempo a sociedade toda perceber a importância do mapeamento do sussudio, não adianta resistir. É quase como que uma revolução ao inverso; não agirmos para segurá-lo é que irá alcançá-lo. O sussudio deve agir; nós devemos estudá-lo, seguindo em frente, pro futuro, pra verdade (?) ou pros próximos sussudios. Devemos ir olhando, fazendo cálculos, anotando coisas sobre o precipício, construieremos máquinas e desceremos, segmentando-o, a nosso modo, ou então nem nos interessarmos por ele, que é também uma opção plausível.
e é irado pq parece um musical
que nem faziam em 1950
só que naquela época falavam de coisas boas
agora a galera tem que se divertir com o sussussudio
que pode ser uma coisa boa
cara nós estamos acima
entendendo todo ele acontecendo e a gente só dá risada dele
e faz uma parada bonitinha, um musicalzinho falando do sussussudio, q eh a merda nomeada
cara
mas todo mundo faz isso
tipo
é isso que ele passa com a música
todo mundo dá risada do sussussudio
nem todos
todo mundo se entretem com ele
mas ele diagnostica o sussusudio
como se fosse uma doença
quem tem o sussussudio vai saber
você sente os sintomas
caralho
muleque!
muito viagem
to com a impressao d q alguem levou meu isqueiro
e isso me desvirtua do sussudio
sussudiando-me
eu nao tenho essa indole
nao uso isquero acendo meus becks no gas

achei aqui
tava na gavetinha
vo, finalmente, tomar banho dando um dois sussudiado e reflexivo
com o isqueiro achado

meu irmao acorda daqui a pouco
e eu to com a impressao de que parte do sussudio vai embora
com a acordada dele

como assim?
ele fico boladao com o sususu?
não
ele nem acordou ainda
mas tipo
ele acordando o sussudio perde a legitimidade
ele fica parecendo um surto realmente

tem nome?

não esqueça de onde veio o sussudio
e nao passe por cima da origem
?
fazendo coisas querendo fazer com que o sussudio se torne real
?
está tudo dentro do conceito
que cada um vai ter
óbvio
o sussudio eh um surto, vc compreende?
logico
cuidado para ele nao se tornar real
e cada um tem seu proprio
como assim?
ou seja, não passe por cima daquilo que criou ele
se ele é um surto ele não é real, certo?
tipo, para não fazer a sua vida virar em funçao do sussudio, apesar de ela já ser
o sussudio surgiu de algo
isso é obvio
o que origina o sussudio?
fudeu
o sentimento de vazio
de nos mesmos
que é, ou também é, o sussudio em si

eu viajei muito as nossas mentes saão mais antigas do que a gente imagina
tudo que não é o nosso pensamento é o sussudio do momento
a gente já sabe disso mas sussudio é tudo
menos o nosso pensamento
o nosso pensamento não é sussudio porque eu sou eu e você é você

mas eu não quero ter a sensação de que as coisas que me cercam sejam sussudio
isso meio que te faz ser uma pessoa melhor
mas tudo é sussudio
como vamos fazer pra limpar todo esse sussudio do mundo
criando mais sussudios
meio que não dá
criando mais sussudios pra gente
ou descobrindo cada vez mais fundo a origem do sussudio, o que é de certa forma criar um sussudio

Isso é do mal

Na beira do sussudio,
caí da beirinha.
quero dormir mas a beira nao deixa
estar na beira me faz lembrar que eu posso cair aí eu nao consigo dormir

mas cara
vai ser bizarro
nossos relatos
sobre o distanciamento do sussudio
e as proximidades repentinas
ou os simples devaneios e brincadeiras de palavras que sussudio e beira conseguem fazer, fazendo sentido

a parada é que estando na beira, qualquer sussudio faz sentido.

A gente tem que escrever a antologia do sussudio hoje,
estando a gente já fazendo ela sem sentir.

Na verdade, parece que ela já tá feita e a gente só tá percebendo;
isso é do mal.

Olha esse significado de beira no dicionário também:
goteira, fenda do telhado, de onde cai a água para dentro de casa.
É total isso.

po, tá foda o dia amanhecendo e eu na beira do sussudio
amanhacendo virgula, o sol a pino

I'm lost.

porra tô na beira da oportunidade também
quero uma oportunidade de dormir
podia ter uma beira aconchegante que dessa pra ficar sussu na beira
essa parada de beira tá ficanto tensa
tá ficando foda
a gente tá só na beira da real face da beira

porra, daqui a poco vai anoitecer e eu ainda tô na beira dos pensamentos
dormir na beira é foda
pra dormir na beira, só caindo da beira

e aí, beirando?
muito
ainda não fui

ih, nem vai mais
a beira não te deixa sair
você fica preso a ela
assim como a beira se prende a você
aí, assim, ninguém cai, nem você nem a beira
fica tudo em paz num sussudio sem fim
acho que vou deitar e tentar socializar com a beira
é a boa
tô pensando nisso

quem sabe a beira não se mostra uma beira legal
por um momento fiquei só na beira e esqueci do sussudio
um problema.
muitos dos nossos diálogos viraram textos.
duas coisas:
- cuidado para não beirar o surto com essa frase.
- pense com cautela nas suas subliminaridades.

9 hrs da manhã é trash

a beira é o sussudio
o sussudio pode ser a beira também
sim
a=b
se a=b, a=a, b=b e b=a, assim como a=b

Mas e se a for igual a c????
(muito preocupado, aflito, coração pulsando forte)
boa,
bem pensado

cético, dialético

Eu fui um tolo em achar que podia estar com a inspiração pra tudo.
Eu fui mesmo um tolo em achar que podia sair da cadeira onde estou, há horas seguidas, pensando, e depois dizer mais coisas legais.
Eu fui meio babaca em acreditar que podia esperar passar o tempo, que estando aquilo ali, já sentido, seria o suficiente para dizer coisas legais a todo momento.
Eu tenho que falar na hora que veio e pensar mais e mais, porque é a hora que veio, é a hora que sinto e depois não vai rolar.
Depois eu não consigo porque não vai ser mais isso.
Abafado, incomodando, nunca será todo olhado, todo dito, se continuar tentando se abafar.
Eu ouvi como se fosse um chamado e estou me rasgando todo, pois o caminho é feito por várias plantas com espinhos e eu estou indo.
Mas é um fruto tão lindo que vai vir que eu digo que é a hora, eu digo que essa hora é certa deve ser registrada.
A hora em que estou me rasgando inteiro.
E tem que ser essa hora, se não,
Não é nada.

um, novo

Eu estou sujo e estou até agora não conseguindo ir tomar banho.
Por causa da sujeira, de toda a sujeira, acabei ficando com medo de tomar banho.
Mas eu devo ter cuidado:
existe uma diferença entre a sujeira física e a metafísica.
Não confundamos símbolos nem tentemos ir longe demais, com palavras e modos de dizer enobrecidos.
Tenho que parar.
Não há nada de nobre no mundo das idéias, não há nada de belo nele:
ele é tudo e a beleza está nele.
Difícil dizer, mas ele não é isso aqui.
Ele não é isso aí.
Se fosse Aristóteles, diria, então ele não é nada, só para irritar Platão e não deixar que ele termine de explicar, o que ele provavelmente nunca termine de explicar.
Mas você sabe, você vê, não está lá nunca, por mais que passe a mão sentindo o ar de lá.
Ele existe, ele é normal e ele não merece arte para ele.
Por que é que sempre quiseram fazer dele arte?
Admiração, talvez, mas a arte devia ser bela.
E essa sujeira, que parecia estar tão lá no começo, continua aqui esperando o banho.
E ela não é bela.
Alcancei o ponto mais alto:
ela é bela?

Beirando a beira, ou o sussussudio é aqui

Beirando a beira,
Estou à beira do surto,
Beirando o surto,
O surto que vai me fazer compreender o sussussudio.
O surto que vai me fazer conseguir dizer sussussudio,
Que é o que eu sempre quis dizer, desde os meus quinze anos, quando comecei a fumar maconha: sussussudio.
Sussussudio.
Eu só estou à beira do surto.
Eu só estou à beira do surto.
Eu só estou à beira do surto.
Um pêndulo, um marcapasso,
É música!
Beirando a beira, dando um passo pra fora quando toco a água fria, mas não paro de querer entrar: é como antes de mergulhar na cachoeira.
Na verdade, é à beira de um precipício, e não de um riozinho, ou lago, que você pode dar um mergulho e tirar proveito.
Mentira, é possível tirar proveito do precipício, senão não pintariam quadros.
A beira de beirar beirando.
Como é possível ficar assim?
Como é possível tirar proveito disso?
Eu estou com vontade de tomar banho mas com medo de me perder no sussussudio porque estou beirando o precipício que eu já cheguei a pensar que pudesse ser uma cachoeira.
Meus pais vão chegar.
Mas nunca lá.
Nunca
Lá.

imaginei uma charge
cada um na beira de um precipicio falando
to numa beira sinistra
é eu tb to numa beira bizarra
hahhahaha
e o precipicio fosse tipo o grand kenyon e passasse um rio chamado Rio Loucura
huahuahua
porra ta foda
preciso sair da beira
haahahaha
eu to sentindo q eu to saindo
q eu to me afastando um pouco
perdendo o interesse
é so vc olhar pra sua beira q vc vai ver q nao ta
se você me deixasse terminar eu diria sobre os meus passos se afastando do precipício, da terra que piso sobre o precipício, querendo, na verdade, não estar à beira de beirar beirando.
Parece uma palavra só: abeiradebeirabeirando
Parece nome de gente: Abeira de Beirar Beirando
mas tudo muda por que o a é craseado e, portanto, há uma preposição ali, era óbvio que não seria um nome nem uma palavra só; a crase!
Acho que vou ficar deitado na beira.

Não pense que é só isso nem que isso vá superar toda a burocracia, mas sim, seja superior ao sussussudio, não caia tão profundamente na viagem

O sussussudio precisa começar de algum lugar, mesmo que todos os que sentem antes que lhe digam o que é, já saibam, já o tenham sentido. Eu ouvi uma música chamada sussussudio, uma música que já foi eleita injustamente a 24ª das 40 incrivelmente piores músicas ever do VH1, segundo alguma revista americana nesse mundo de nova ordem mundial. Eles não entendem. Eu não tomei banho desde aquela hora, no início de tudo, e estou com uma cara de louco, desesperado, angustiado, vermelho e não é por falta de compreensão. Certamente por excesso. O sussudio só é sussudio quando fala-se sobre o sussussudio e se entende o susussudio. Se não falarem, não expressarem o sussussudio, é possível que nem falem sobre muitas coisas.

Chama-se: sussussudio e entendemos tudo o que a ânsia humana quer dizer. Antes de tudo, um detalhe no sussussudio pode mudar tudo a seu respeito ou signifcar apenas um detalhe? O sussussudio. Muitos e muitos – eu disse MUITOS – já sentiram, já representaram; é o sussussudio. As pessoas falam sobre sussussudios diferentes, muitas vezes. Um amigo meu tomou um ácido e ficou falando sobre o sussussudio. Ele já cantou mil vezes o sussussudio e, AAAAAHHH – muito irritado! – é o sussussudio. Mas... o problema entre a Bolívia e o Brasil sobre aquele gasoduto lá tinha a ver com o sussussudio. Todas as coisas do mundo falam sobre o sussussudio, é exatamente isso que eu quero dizer, o sussussudio está em tudo está em todos e o sussudio é desconfortável. Alô-ô: o sussussudio é superficial; não. O sussussudio está superficial. O coração acelera. Pensei sobre o dia de aula amanhã, as conversas, os olhares, eu senti de novo o sussussudio. O sussussudio, o sussussudio, o sussussudio, aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!! Como você não conseguiu compreender o sussussudio? Eu ouvi uma música de um cara que sentiu pensou sobre isso, era exatamente isso! E isso é tão vago. Somente um ponto de interrogação eu poderia escrever aqui, ao querer falar sobre o sussussudio. E, por isso, eu vou botar: ? Eu quero mais um sussussudio, para relaxar. Todos aplaudem o sussussudio, num show, milhões e o cara canta o sus-sus-su-di-o! É incrível, mas, se era tão trágico, me sinto um sádico, estou espantado, me vejo fazendo mil facetas e semblantes surpresos, apesar de eu nunca conseguir saber direito como que eu represento o sussussudio pras pessoas. Todo mundo já falou sobre o sussussudio e eu estou ficando triste em saber que eu sou mais um que estou falando sobre o sussussudio. Eu pressupunha que devesse ser algo novo e não o sussussudio. Isso é sussussudio. O sussussudio é sério e é uma ilusão. O sussussudio e ponto, como se bastasse. Lembrando que o sussussudio é engraçado e por causa dele produzimos muitas coisas! Se não fosse essa nossa busca pela explicação do sussussudio, nada teria acontecido. Eu sei, todos sabem, é o sussussudio e eu estou sendo repetitivo ou não. Vamos parar de pensar no sussussudio, pelo amor de Deus. Existem detalhes aos quais devemos ficar atentos. Vou mostrar o sussussudio, te ensinar, te fazer sentir o sussussudio. Cada coisa já tem o seu sussussudio em si, ou em nós. Não era necessário começar toda essa viagem. Parei. Não parei na verdade, só parei de escrever aqui sobre ele porque se não eu não vou parar e vou ficar maluco. Tem gente que toma os tóxicos e não volta nunca. Eu já falei pra parar de falar sobre o sussussudio, ele vai trazer coisas que a gente não quer, só por causa do sussussudio. Será que vale a pena? Pra dizer o que que é o sussussudio? Ah, não, parei mesmo agora. Espero que eu consiga parar, espero que todos tenhamos conseguido. Porque que eu comecei a pensar sobre o sussussudio? Tento não pensar ser ridículo – pensar sobre o sussussudio?!?!?! Pra isso existem os economistas. É muito ridículo, estou beirando o surto com o sussussudio e o que você lê é uma obra de arte e o que ela passa pra você é universal e extremamente individual e isso é o sussussudio. Não ser único. Os meus amigos já saíram daqui, a gente já não fala mais sobre o sussussudio e eu estou aqui sentado na mesa da minha casa escrevendo sobre o sussussudio. Agora, não, não, agora – com muita ênfase – eu parei. Eu quero as coisas limpas por causa do sussussudio, outra possibilidade é que eu queira limpar as coisas por causa do sussussudio, se é que me fiz entender. Alguém vai fazer alguma coisa do sussussudio. Alguém, vá fazer alguma coisa do sussussudio. Alguém foi fazer algo do sussussudio? Tenho medo de que, a cada dia que passe eu queira adicionar alguma coisa aqui, para dizer sobre o que é o sussussudio. Auto-ajuda? Continuar o capítulo.

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Depois de anos e anos e anos, um velhinho na cadeira de balanço, ele quase não consegue existir direito, banguela, enrugado demais, com um óculos de lente muito muito grossa, do lado da cadeira está a sua bengala e no sofá, sentada, vendo televisão, está a sua enfermeira, afinal ele é um velho caquético. Ele está vendo televisão e toca uma música ao fundo de qualquer coisa que estivesse passando na TV.
Pega o telefone, porque tocou. Seu amigo, de anos atrás.
- Você ainda pensa no sussussudio?
- Sim, e sempre penso naquela música do red hot que a gente ouviu depois, “Fight Like a Brave”.

Não foi preciso matar o velho.

Limite.

E eu digo sim ao sussussudio, pelo produto.
Muita coisa já foi dita do sussussudio pelo produto.

http://www.youtube.com/watch?v=gB775nB3YBI
http://en.wikipedia.org/wiki/Sussudio

sábado, 27 de setembro de 2008

Vamos falar de aquecimento global, mais uma vez

Devo confessar que minhas reflexões sobre o tema andaram se conceituando melhor; mais nomes de mais bois já foram identificados. O aquecimento global, quer queiramos, quer não, é um acontecimento real conseqüente de práticas de seres que surgiram naturalmente nesse nosso tão redondinho planeta. O que digo é o seguinte: todos esses desastres ecológicos vividos agora são decorrentes do nosso nicho, e o nicho, por sua vez, não é algo estanque. Conforme mudanças no habitat vão ocorrendo, as espécies entram em competição pela sobrevivência, sendo essa modificação em algo considerável e importante para a manutenção das tais espécies. No caso da nossa espécie, mudamos o nosso habitat, migramos, como costuma ocorrer com muitos animaizinhos da floresta, da savana ou até das pradarias, e acabamos modificando aqueles habitats para os quais fomos também. Ao mesmo tempo em que estabelecemos uma relação de competição em relação a outras espécies – em geral vencendo –, nossos rejeitos, acumulados, alteram a formatação do ambiente. O que deve acontecer, naturalmente, segunda as leis da ecologia para que as espécies sobrevivam? Mudam seu nicho. É isso mesmo, nós humanos, ao percebermos que estamos mudando nosso habitat tão severamente, nos propusemos à mudança de hábitos, à mudança de nicho. Reciclagem, consumo consciente, criação de energias renováveis, nos propomos inclusive outros estilos de vida. Em uma era ambientalmente consciente que se espera atingir em breve, o que estaremos fazendo será nada mais que reestruturando nossas atividades de maneira que sobrevivamos, em função de uma competição com outras espécies e de mudanças ecológicas no espaço onde vivemos; vou repetir, mudança de nicho. A consciência é um mecanismo de perpetuação da espécie.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

rotinerário

Era constrangedor.
Parado sobre o balcão da lanchonete chinesa era onde ele estava – pela milésima vez no ano. Comeu três salgados, três! Porque era irresistível, havia naquilo um encantamento noir, aquele sulco gorduroso típico de salgados de lanchonete de 5ª, a pressa incomum com que se comia aquilo, a agonia afobada da fome interminável.
Ele tinha preocupação com a sua forma.
Mas não dava. Aquilo tudo tinha uma beleza oleosa, incompreensivelmente sedutora. Seduzido, comia e se arrependia, desgostava da sua gula inabalável.
A chinesa, que raramente entendia o que era dito e pedia, com um sotaque horrível, para repetir o que havia pedido: acertar as contas. Ela o encabulava:
– 3 salgados e um caldo de cana.
– Tlês salgado e u caldo?
Não era necessário que ela respondesse a pergunta buscando confirmar o que tinha dito, se disse, estava dito; e dito duas vezes! Ele estava envergonhado; os colegas, acostumados, já o tinham julgado por seu apetite voraz desde priscas eras, desde muitas outras vezes. Aquilo era apenas mais uma evidência real.
Empanzinado.
Aquela chinesa feia, no calor, contou o dinheiro pago, mexeu no troco, serviu outro cliente. Sem nenhuma luva, sem nenhuma higiene básica. Era lá, nessa merda, que ele sempre voltava para encher e perpetuar sua pança.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

só e desacreditado

Como perder-te temo
quando ages aflita;
trago teu veneno,
que me nubla a escrita.

Contornar-te em tema,
transcrever meu grito.
Mas me vês problema
e eu atrito hesito.

Se te mostro meu poema,
se te digo que és meu lema,
ris sem jeito e com o olhar me evitas,

cala em mim a emoção já dita
e se extravia desse meu dilema;
bate a porta, enfim, sou tristeza plena.

domingo, 21 de setembro de 2008

Literatura, modernismo e totalidade

Acho que não se pretendia chegar a esse ponto com a literatura. Não se imaginava pretender, acho que esse é o melhor termo, com a liberdade desbravada pelo modernismo, alçar toda essa complexidade, toda essa possibilidade de explicação do mundo, que se confirma, obra após obra, ineficiente. As palavras nunca serão a totalidade, nem da emoção, nem do pensamento. A literatura não consegue; Clarice, Pessoa, muitos já cansaram e cansaram de nos dizer isso da maneira mais exuberante e poética do mundo. É triste dizer, mas eu digo: o sonho fomentado acabou. Pelo menos pra mim, que acreditava poder na literatura descrever e enunciar tudo, desde as mais vácuas emoções aos pensamentos mais profundos. Fui iludido pela libertinagem. A literatura, impossível de se acreditar, é a literatura. Só literatura - um suspiro, e como a literatura é só! E ela é linda, não vamos negar, apesar de ela não ser a nossa resposta para o mundo e nem será nela que a vamos encontrar ou por meio dela exprimi-la. Portanto, aquela vontade impetuosa de liberdade do modernismo, de desprender-se e assim chafurdar conceitos, pensamentos e idéias, se ruiu com o choque que as palavras nos trouxeram ao não conter tudo, ou ao não poder esmiuçá-lo todo. Mas não se deve menosprezar a liberdade alcançada, por mais que ela não tenha sido capaz da obtenção dessa tal verdade, afinal nós que a guiamos para esse caminho. A liberdade nos trouxe a nós mesmos; nos trouxe mais pra perto do como nós queremos dizer o que pensamos/sentimos. Ela nos encaminhou à consciência sobre a arte, não sobre o que ela pode ser, mas nos mostrou de certa forma até onde ela não consegue chegar, o que ela não consegue ser: aquilo que eu nem vou começar a tentar dizer o que é.

nelson + calderón

Nelson Rodrigues:
O Sábado é uma ilusão.

Calderón de la Barca:
Que es la vida? Un frenesi
Que es la vida? una ilusión,
una sombra, una ficción,
y el mayor bien es pequeño;
que toda la vida es sueño,
y los sueños, sueños son.

Portanto...
A vida é uma ilusão,
se o sábado é uma ilusão,
porque a vida é buscar o sábado,
o sábado que a vida pode oferecer.
E os sábados, sonhos ou sábados - tanto faz agora - são.
(Um suspiro de decepção contentada com o movimento pendular de cabeça, como sins repetidos, expressando compreensão)

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Não pega, porque não pega!

Se vive de fantasias,
de penumbras metalingüísticas,
tudo o que é seu
em estilística
e estética
é lábia sentimental descrita;
a tragédia
é bela, catártica;
é obra de arte.

A tragédia:

Falta-lhe amor porque lhe falta sossego.
E falta-lhe sossego por errata auto-estipulada:
lista normativa tendenciosa, acre e esbaforida.

Ahh... Agora eu já sei!
já sei, já sei, já sei...
E então...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sobre a metalinguagem

Quando se lê algum grande filósofo, pensador ou artista, é impossível que não se deixe envolver totalmente pelo que ele diz, se há a total compreensão. Mas como bom humano, que vive em situações diferentes, qualquer um tem a obrigação de tentar refutá-lo. A vontade é tanta que muitas vezes se rende à oposição; toma-se, então, o caminho da superação. A partir daí, surge a análise metalingüística, da qual se utilizam todos os enauseados que buscam afirmar-se, como quem quer expor - e fazer com que compreendam - sua impressão digital. Eis que emerge o desejo nato da universalidade.

domingo, 14 de setembro de 2008

ebulido

Não é o silêncio: é amor em falta.
É aquele ir e vir do sangue que transporta o engano.
A lascívia mascante, o etéreo marcante.
O meu corpo,
as palavras lidas, afogadas.
A realidade -
a cama entulhada, dormida
e o cinzeniro no qual se transformou minha mesa.
Eu que me transformei num isqueiro.
Eu acendo e entormento o que penso primeiro.

Um carinho.
Um canino abraçado.
Beijado pelos lábios quentes e refutados de um dono.
Enojado pela mão gelada e indiscutível de perguntas,
sobrancelhas no tom, curvadas.
Eu era as respostas, tantas.
Esculpido em carrara.
Cuspido e escarrado.
O sol ainda não se pôs: é dia, sol a pino atrás das nuvens cinzas.
Ninguém aplaude um dia nublado, ninguém circula, ninguém diz morte.

Sou vivo e vivo as cores, assim como as marcas
e os estômagos doídos e os pulmões encatarrados.
A baba na boca curvada, confessa.
O entalo no esôfago movimentado
e todo o jeito embebido do afago.

O relógio de corda empendulado.
Os parturientes chocados distanciados,
de seus invernos anestesiados;
nos seus filhotes esperançados.

No celular, falado.
O ar é o que certo é,
sua fala diz,
se barulho faz.
Eu sou vácuo, então.

Eu sou mormaceira -
queimo forte,
escondido, e sensibilizo à pele.

O forte e o ingrato,
um faminto enebriado.
O azedume em tratos de gente.
Um fogo fraco esquentando a sala da televisão.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

frescor

Tinha um som, o som que explicava como é que estava. E do som podia-se ver um movimento, uma forma. Como as luzes continuaram lá altas nos postes, como a noite continuou nublada, céu rosa, com os braços cruzados por um frio ansioso, o início de seu dia viera à tona.

Era dia, quente, muito quente, subindo uma ladeira, escondendo lágrimas e soluços de quem podia avistar na rua pelo caminho. Aquela roupa que usava o engordava, o incomodava, aquelas pessoas com quem se relacionava intimidavam-no, sim, intimidavam, e eram amigos, de longa data. Também não tinha superado suas expectativas, nem atingido-as, um xoxo 6,5. E seguia subindo, com a mochila puxando a camisa pelas costas, quente, o suor, toda aquela avalanche de não pensamento, era só sentimento, era só a sua cabeça pulsando, o rosto enquentando, molhando, e um soluço louco. Não havia pensamento.

Mas o que era mesmo era noite e o som que explicava e tinha forma e movimento acompanhava os postes da Lagoa, um a um, altas luzes, altas, lâmpadas HPS, holofotes nas fumaças dos cigarros expelidas. E essa nem de longe plenitude, mas que compensava... o calor, a ladeira, a angústia. O movimento do som era branco, fosco e translúcido.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

anencéfalo

Se era efêmero de fato,
não sabia.
Só sentia o pensar como um ato,
que a seu engano não correspondia.

Duas faces, dois momentos fraco.
Fraco por melancolia;
Fraco por sua covardia:
negava o espírito como em fé opaco -
mas consigo, nem um deus jazia.

Era mal inato,
de ciência fria.
Homem um macaco:
noite vem, vai dia.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

In order to not spank her children, to be the best mum, she bought for herself a spank-boy, a revolutionary new polishop product: every time any of the two brought her angry, she locked herself up in the bedroom and started to hit the thing as strong as she could.

She became addicted.

The kids, as the time came through - and also as it certainly would be - never learned, neither by violence, neither to love her. And she also didn't exercised how to live without violence, or how to love them even if they were the worst behaved children ever. They came worse as she went more to the bedroom. It was ciclic, it was progressive. She also didn't thought abou how weird was the habit of arguing or gatting stressed with her two sons and then going punch that fucking spank-boy. She didn't realized she allowed herself to hate furiously her children - and they didn't know what love was.

By the time she got in to her bedroom once again in that day, she saw the sapnk boy kind of wasted by usage, she stopped in front of it and hugged the boy: it was the only thing she loved and she could hit it.

Then, she hit it.

domingo, 7 de setembro de 2008

passou pela soleira

Ele sempre entrava por último pelaquela porta, ele, nunca em silêncio, sabia que o estavam esperando. Antes entrava um amigo seu, um bonitão, alto, simpático. E em seguida vinha ele, gordo, meio mulambento, geticulante e falador. Insuportável. Todos atentos à sua chegada - ele gritava por isso, por bem ou por mal, sempre aguardavam. Sim, e ele chegava e se fazia presente, falava alto, chamava a atenção dos outros e não se cansava de contar piadas só por contar piadas - ele era muito chato. Sempre com um chapéu, que de vez em quando tirava e se podia ver sua cabeça oleosa, seus cabelos achatados, há tanto tempo abafados dentro daquela estufa quente e nojenta que o chapéu fazia com a sua cabeça e cabelos. O país era tropical, a umidade relativa do ar era alta e ele usava chapéus quentes e camisas de botão e não parava de gesticular: era até um pouco afeminado. De vez em quando, desafinava a voz propositalmente, sempre durante uma piada sem graça. Sentava no chão, sim, gostava de sentar no chão e gostava que todos olhassem para ele, no chão, assim que começava a falar alto nada com nada. Não admitia que outra atividade tivesse seu foco de atenção, ele era carente, portanto, se começassem a mexer no computador ele teria que trazer todos para o computador e ele não pararia de falar sobre o computador, até que pegaria o mouse da mão de quem controlava antes, escolheira alguma coisa para se fazer, faria piadas sobre aquilo, perturbaria alguém de alguma forma com o novo site acessado como pano de fundo. Perturbou até que um foi embora e ele percebeu, perdeu por alguns segundos a pose e logo lançou seu comentário depreciativo-piadista sobre a ida de quem ia por causa de sua presença. Resumindo: ele era um gordo escroto.
festa que bomba em silêncio.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

falei!

Seu juízo estético magro, esquálido -
incumbido -
é desprovido de saudade,
é desprovido de pureza,
de proeza e autenticidade.

Gorjeia-se e apresenta-se:
lista,
um a um,
todos os seus não-trejeitos viciosos;
e elucida,
uma a uma,
as almas diminuídas,
retiradas de sua vida,
que os tais mal-feitos têm.

Seu senso de fraqueza,
sua noção de espaço, deturpada,
e a de liberdade, mandada,
sentenciam relatos e pessoas,
familiarizam características
a críticas
e as personificam
nos atores
do teatro real que ele cria
por necessidade.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

O que eu vou pensar vai ser em nuvens brancas no céu, ao som de um bom rockabilly, seguindo bem bonitinhas em direção ao Norte. São nuvens da uma massa de ar antártica. E no meio da virada, um avião fura a nuvem e voa sinuoso, dando piruetas no céu.

Mas a música acabou. E ele continuou dando piruetas. Mas a música já tinha acabado. Ele não se importou, não queria voltar para a base, continuou dando piruetas. A música, reiterava-se, já tinha acabado. Voltar era inevitável, e ele não voltava. A mudança na feição, que foi começando a partir do fim da música, era visível. Os seus dentes montados um no outro, com os lábios a mostrá-los, era um sorriso, era tranquilidade, era leveza ao som do rockabilly. O dentes não saíram de cima um dos outros e nem os lábios deixaram de dá-los licença, mas já era outra coisa: pura tensão, pura vontade de continuar lá, bem, no rockabilly tranquilo, na vida tranquila, do sorriso. Se a música tinha acabado e ele deveria voltar para a base, ele não desejava voltar nem dava sinais de que iria. Suas piruetas sinuosas ficaram agressivas. Preocupava, alarmava; reprovavam. Ele suava. Ele massacrava o volante de tanto que o pressionava com as mãos.

Ele continua voando sinuoso, agressivo e ainda especula um plano. Os aviões da base já são avistados ao horizonte.