domingo, 24 de outubro de 2010

vem tam bém

eu vou, eu vou
num novo, novíssimo
humanismo
eu vou, eu vou
atravesso outro istmo
salto de outro abismo
eu vou, eu vou
olhando o meu caminho
andando mesmo
eu voo passarinho
eu vou, eu vou
detalhe por detalhe na mudança
novos meios, novos fins,
nova balança
eu vou, eu vou
sem escapismo
olhando à minha volta
deixo as estrelas-do-nunca-ver às traças
eu vou, eu vou
cantando o que pra mim dá forças
pra viver mais uma vez tudo
pra viver mais uma vez bem
vem!
vem comigo também!

de subestimar

É preciso tomar muito cuidado para não subestimar justamente o que achamos ser subestimável. O que pensamos de prima raramente é o importante.

Drops de Razão do Doutor Antônio Pinto

Existe uma idade ótima na vida, que chamamos de juventude, algo que vai dos 18 aos 30 e poucos. Existe um certo tipo de gente ótimo na vida, que chamaríamos nobres, algo que vai do corpo no shape, a uma conta bancária estável.

Esses dois pontos ótimos combinados são o maior desejo de todos.
Sacrifícios são feitos, abrimos mão de coisas de valor em si insignificantes, mas que para nós, por mais que digamos "não é nada", é um absurdo ter que ceder; sacrifícios para chegar lá.

Existe também aquele comportamento ótimo de saúde psíquica para quem não é ótimo. Uma espera plácida pela morte e uma subestimação do sofrimento. Uma superestimação do ponto ótimo da vida. "Não é para mim!"
Um cala a boca na sensibilidade de si.

Há uma guerra acontecendo, e o prêmio da vitória nos beneficia sobremaneira. É preciso muita estreiteza para tornar-se ótimo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

sintomas da idiotice

Para parecerem melhores, algumas pessoas podem se esforçar muito tentando apagar da memória fatos e eliminar da consciência tabus: fingem que não conhecem pessoas, não tocam em determinados assuntos que consideram delicados ou inapropriados, e acabam se congelando em uma casca que, conforme se iludem, estaria vazia, a espera do melhor tipo de recheio: aquele que ainda não veio, aquele mais belo, aquele mais. Entre desencontros forçados de olhares e um medo de falar, desvendam, para quem é capaz de discernir, o caráter egoísta mais profundo de si mesmos. O seu desespero por felicidade ideal expõe toda a sua capacidade de ser injusto com a memória, com o passado, com a verdade - e com os outros! Ignorar - e todo sentimento que há daquilo que você faz questão de fingir que não viu? Toda a verdade que você partilhou com outras pessoas e tudo vira pó, porque você cruzou um olhar no supermercado. Na esperança de se lançarem (pra onde...), passam longe do que lhes garante identidade, tranquilidade, aquele conforto animal espontâneo, sem lucro. Se arriscam em perigos que lhes angustiam tanto, porque lhes falta certeza; a memória é subestimada, e a consciência da realidade de si mesmos é quase nula: projetam-na, em maior parte - sem nenhuma acuidade. Esses coitados... talvez não tenham percebido ainda que a angústia e a ansiedade são os piores dos males de espírito e, não encontrando a raiz do problema, começam a tentar se curar cada vez mais longe do ponto de onde deveriam começar, indo além e além na sua busca ignorante - eles têm preguiça de si mesmos e gula, muita gula com a vida.

domingo, 10 de outubro de 2010

O maior absurdo que poderíamos ouvir hoje em dia seria alguém dizer: "Mas que droga! Por que é que eu tenho que ter uma merda de uma vontade?!" É possível que quase todos respondam algo mais ou menos assim: "Ainda bem, né? Imagina se você não pudesse, tivesse que fazer as coisas por ser obrigado? Ainda bem, ainda bem que fazemos o que queremos!" Eu gostaria muito que vocês lessem-ouvindo essa resposta como eu a imagino: saindo da boca de uma tia velha! Porque a vontade, para nós, é a priori: o que fazer com seu dinheiro, com a sua vida, no seu tempo de lazer? Com quem se casar, como se vestir, o que escolher? Que pessoa eu quero ser? Passando pelo existencialismo Sartriano, a sua vontade - e a sua escolha reificadora dela - mostra quem você é. Nós nascemos livres - para decidir o que queremos! Mas não escolhemos nascer!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Talvez uma das maiores injustiças do mundo seja a cobrança de um professor com seu aluno. Compreender está muito, muitíssimo além da boa leitura - ora bolas, tem algo a ver com aquilo que é esperado. A nota baixa é o cúmulo, é taxar o aluno de culpado por aquilo que não pôde saber.