sexta-feira, 23 de julho de 2010

Tem certos amigos que parecem poder compensar todas as perdas e acompanhar todos os ganhos das nossas vidas. Mas, ah, se nao fosse o sexo! Porque a vida com os amigos eh apenas um ir pra la e pra ca em busca de boas risadas. A vida com os amigos tem ate suas cores bem-definidas, embora sua fotografia nao seja digna de filme algum. Sao apenas as cores que uma vida levemente feliz proporcionam. Rimos, nos divertimos, contamos... O sexo eh o motivo. Enquanto entre amigos podemos observar tudo, tudinho, o sexo nos impulsiona a um quase foco total nos olhares e sorrisos do pretendente. Foco. A brisa, o olhar torto, os assuntos de fora: irrelevantes, imperturbadores perante uma demonstracao de reciprocidade afetiva. Eh so se ver olhando no olho, encostando o que tiver que encostar do corpo, coincidindo com toques indecentes a mais intensa expressao emotiva do animal homem. Eu sei, eu sei que eu devo eh estar com saudades, gamado por voce, meu principal pretendente, mas aquela hora, de dia porque ja tinha amanhecido, que voce me foi reciproco, ah, eu so penso em sexo desde entao. Algum sorrisinho seu, algum charme que eu ainda nao desfrutei todo. So sei que meus olhos focaram nos seus, e nunca mais te ver depois de um sexo platonico (porque nunca fudemos) pode me estrepar em hormonios.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

o que da e o que nao da pra ser nao da pra saber ao certo

se olhar:
almocar
dormir
escrever
se vestir
entender

a agonia que da na gente de achar tudo estranho
pensar como se coisas nao fossem passiveis de concepcao
e se nao -

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A Modernidade, a Civilidade e o Feminino

Se por muito tempo a filosofia falava do que podia ver, a modernidade trouxe acurácia ao tentar fundamentar o que não via.

Se no início da fundação da cidadania somente as armas e a força eram o que garantiam os direitos, a modernidae tornou a cidadania siônimo de civilidade.

Se era o homem que conseguia a comida e a riqueza por meio da guerra no tal estágio mais bárbaro de sociedade, a modernidade viu o quão profunda pode ser uma vagina, e o quão valiosos são seus frutos: os filhos, a paz, a agricultura, o cuidado, a espera, a razão-fruto-proibido.

Chega de crescer o falo em direção a deus, diga tchau para a torre de babel! Penetre-se!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Perder a Copa é...

Há uma lição muito profunda que pode se extrair dessa nossa derrota na Copa do Mundo. Porque fazemos muita questão de que o Brasil seja o melhor do mundo - digo isso a respeito de tudo, somos um país enorme, pungente, imperial e que sempre sonhou com o melhor de tudo. E no futebol isso sempre nos pareceu uma espécie de premonição, como se Nostradamus tivesse deixado em alguma escritura que o melhor país do futebol seria o país que lançaria uma nova moral sobre o mundo, depois da queda das Torres Gêmeas.

Se pensarmos um pouco sobre a nossa formação enquanto nação, sempre quisemos dar uma lição de lifestyle a todos os outros países do mundo. Éramos o Império dos Trópicos; nos tornamos depois Estados Unidos do Brasil, com essa intenção ironicamente embutida no nome; depois viemos com um modernismo nunca antes visto - pelo menos a nossos olhos - que, antropofagicamente, criava um protótipo de moral, que digeria, que misturava, forçados, sim, mas que conseguíamos tirar disso um fruto - digerido e expelido, se quisermos levar a cabo a ingestão antropofágica. Aí veio o primeiro fruto, os primeiros olhares para o popular brasileiro, a primeira grande lição, para exportação: a Bossa Nova, o resultado de uma educação bem-sucedida da elite, a culminância de uma elite brasileira, que podia desgutar de seu próprio povo e ainda vendê-lo pra qualquer inglês que quisesse ver: porque era lindo, de verdade, lindo, talvez as únicas boas canções de amor do mundo tenham surgido nessa época.

Mas como não tínhamos a qualidade de potência - e vivíamos a Guerra-Fria - quase não conseguimos nos promover e precisamos dar uma lição em nós mesmos. Nos questionamos com o Cinema Novo, com a Tropicália, com todo esse movimento que enfocava a realidade social brasileira. Eu repito, a Realidade Social brasileira. Nesse momento, o Brasil precisou ouvir algumas poucas e boas para voltar para o seu lugar, para olhar para si mesmo de novo; ainda não éramos um país tão consciente de que era um país. Como a antropofagia, que precisava indicar qual o método que o Brasil devia seguir para se tornar um Brasil Realmente Existente, o sessentismo no Brasil teve funçõ semelhante de autoreflexão.

E é nessa onda que eu vejo necessário extrair uma lição dessa nossa derrota na Copa. Talvez seja realmente necessário que o Brasil perceba que o seu desenvolvimento econômico pungente não pode garantir tudo. Se somos bons no futebol, somos realmente muito bons, mas é futebol. I mean, o nosso amor pelo nosso país não deve ser fruto de um orgulho de mãe que olha o filho fazer aquilo que ela quer pra impressionar o chefe. Devemos amar o Brasil como amamos a nós mesmos, procurando fazer os esforços necessários para melhorar, procurando continuar o processo que nos tem levado a progredir e não devemos nos abater por alguma derrota - porque, sim, se o Brasil se torna bom, não é somente futebol que conta, é tudo além; futebol era a nossa válvula de escape!

Devemos, além de tudo, compreender que a consequencia da antropofagia é o cocô e que cocô não é lição para ninguém no mundo, cocô é a mesma consequência de todos os países que, violentamente, foram forçados a sê-los. Falta desconfundir desenvolvimento econômico - que nos fará chegar a um patamar em que muitos outros já estão - com lição de vida, de lifestyle. Só nos tornaremos aquilo que devíamos nos tornar, uma vez que queremos ser Brasil.