quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A infelicidade e o ressentimento que muitas vezes consomem pessoas que vivem em cidades, que estudaram e que têm o que comer se dão por motivos que elas mesmas dizem não entender. Não podem reclamar de nada, afinal, têm tudo, só reclamam porque têm que trabalhar, ou porque lhes falta amor, ou sucesso, como todos os reles mortais. Confusas entre seus gostos possivelmente decadentes e a convivência com outras pessoas possivelmente melhores, bate aquele medo horrível: de serem ou se tornarem pobres, de morarem mal, de não fazerem o que gostam... Isto é, de verem as suas vidas levadas pela mediocridade da qual sempre fizeram parte e não queriam fazer. . Acontece é que as suas projeções de si mesmos são muito, muito erradas, porque, na verdade, não pertencem ao que há de melhor: não são melhores como pensavam ser, somos todos os mesmos. É que talvez achassem, que, puxa, por causa de um sobrenome, de uns títulos, ou de uma fazenda do avô, ou ainda, por causa de um apartamento ou de um enquadramento em padrões de consumo elevado por índices de instituições respeitáveis, ou, quem sabe, por habitarem um corpo bonito... ou melhor: por terem acreditado que querendo ver-se diferentes de todos, assim o seriam, assim poderiam ser. A medida da babaquice de uma pessoa está no grau da sua crença de que haja beleza na diferenciação: porque acreditam que sua natureza e seu gosto apurado são sinônimos de um futuro promissor - e, quem sabe, de bons relacionamentos! Mas quem deve julgá-los, se, afinal, somos iguais em desgraça! É melhor, nós que sabemos, que os deixemos seguir suas ilusões, que podem tornar-se reais; é melhor que, mesmo até que consigam, que não os invejemos - vai trabalhar, vagabundo! Porque, ora, em média, qual a soma total do que conseguem quando conseguem? O preço de um aluguel, ou da quitação de um, dois ou três imóveis!, 4 quilômetros mais próximo do centro, alguns reais a mais para se pagar num corte diferente de roupa, o acesso, mesmo que marginal, às melhores pessoas da cidade, do estado ou do país (do mundo?) e, talvez, uma velhice tranquila. Mas, se conseguem, é inegável que tenham crescido: é bonito e dá ouvidos - que merda...

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