Um jovem meio bucólico poderia dizer que o Fim de Tarde é um momento de sensibilidade, em que se levanta e se pega as coisas, porque o tempo acabou e é hora de se recolher. O motivo da partida seria somente o fim da tarde, e seria hora de voltar para a casa, pelo caminho, com seu grupo. Uma sensibilidade de um lugar de veraneio ideal, ou de uma vida campestre sossegada. Mas a verdade é outra. Não pegamos as nossas toalhas da pedra da cachu, nem nossas cangas da praia, porque o sol se põe somente. O Fim de Tarde, para muitos, pode ser a percepção de um incômodo estético, higiênico. A muvuca, a hora do rush, a multidão, o desassossego causado pela sensação de infestação. "Aqui não está mais bom, porque não há mais espaço para mim." Há formas e formas, no entanto, de se reagir, ou não, ao Fim de Tarde. Uma certa fantasia de bondade pode levar a agir "sem preconceitos", sem incômodo diante da deterioração estética do lazer. Uma festa ruim pode ter o seu desconforto ignorado por uma pessoa que percebe o Fim de Tarde e mesmo assim se impõe a dureza de permanecer, porque se faz crer que não deve julgar mal a frequência de determinado ambiente, antes frequentado por outra gente, ou por pouca gente. Pode permanecer lá na sua ou pode fazer amizade com todos. Tudo para não ser chamada de escrota. Outros, mais espertos ou sofisticados, podem procurar um outro lugar de lazer, outro parque melhor, outra praia vazia, outro campo mais limpo, até que estraguem de novo, e então busquem outro lazer melhor, vazio, mais limpo. Eles nos lembram: se pode se retirar de um lugar "infestado" com a velha e falsa sensibilidade bucólica: recolher suas coisas, chamar seus companheiros inconscientes e partir, sem criar alarde.
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