segunda-feira, 18 de outubro de 2010
sintomas da idiotice
Para parecerem melhores, algumas pessoas podem se esforçar muito tentando apagar da memória fatos e eliminar da consciência tabus: fingem que não conhecem pessoas, não tocam em determinados assuntos que consideram delicados ou inapropriados, e acabam se congelando em uma casca que, conforme se iludem, estaria vazia, a espera do melhor tipo de recheio: aquele que ainda não veio, aquele mais belo, aquele mais. Entre desencontros forçados de olhares e um medo de falar, desvendam, para quem é capaz de discernir, o caráter egoísta mais profundo de si mesmos. O seu desespero por felicidade ideal expõe toda a sua capacidade de ser injusto com a memória, com o passado, com a verdade - e com os outros! Ignorar - e todo sentimento que há daquilo que você faz questão de fingir que não viu? Toda a verdade que você partilhou com outras pessoas e tudo vira pó, porque você cruzou um olhar no supermercado. Na esperança de se lançarem (pra onde...), passam longe do que lhes garante identidade, tranquilidade, aquele conforto animal espontâneo, sem lucro. Se arriscam em perigos que lhes angustiam tanto, porque lhes falta certeza; a memória é subestimada, e a consciência da realidade de si mesmos é quase nula: projetam-na, em maior parte - sem nenhuma acuidade. Esses coitados... talvez não tenham percebido ainda que a angústia e a ansiedade são os piores dos males de espírito e, não encontrando a raiz do problema, começam a tentar se curar cada vez mais longe do ponto de onde deveriam começar, indo além e além na sua busca ignorante - eles têm preguiça de si mesmos e gula, muita gula com a vida.
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