Existe um problema, para muitos, quando pensam sobre o que vai os definir num futuro distante que cada vez mais se aproxima. Se perguntam, racionalmente e moralmente, se devem ou não tomar determinadas atitudes em relação a algumas pessoas que os rodeiam. Talvez por fraqueza, acreditam que, por uma combinação de trabalho duro e socializações forçadas, se construirão como seres humanos melhores ou piores, mais ou menos bem colocados profissionalmente, mais ou menos realizados e felizes, mais ou menos livres de muitos problemas dos quais queriam já estar livres sem nenhuma mudança de hábitos sentimentais. Acreditam, et voilà, que devem suar muito e fazer o filtro dos seus amores e das suas amizades -- tão simplesmente! -- estabelecer com quem se relacionam, para que sejam o tipo de pessoa que querem ser no futuro; se planejarem, afinal o mundo não é fácil e nem há espaço para todos entre os mais prestigiados. É então que um outro tipo de ser humano lhes aparece na mente como um futuro melhor possível. Alguém dotado de graça e de benevolência, generosidade, compaixão e empatia -- e talvez de um pouco de apatia e depressão, também! Pensam na maldade que podem realizar ao estabelecerem para os outros aquilo que vêem como limites do que são capazes de oferecer em troca de nada. Mas! Quando alguém em desespero os procura, para ajuda, normalmente, dão um freio, que se percebe com um semblante mais ou menos assim ou assado -- não há para quem tem muito trabalho de si a realizar... Esse segundo homem do futuro os traz muitos probleminhas desse tipo -- e hesitam -- porque dificilmente conseguem suportar tanta negação de si mesmos em virtude do próximo -- toda a sua pouca graça não completa diretamente os desejos dos outros, já que, muito provavelmente, as culpadas de tudo isso são a sociedade e a forma como se lida com a escassez e com a tecnologia de produção. Então os dois tipos tornam-se um mesmo... Apresentando-se um produto, num mecanismo de comparação e de empostação, decidem sobre o seu próprio futuro sucesso. E sobre o dos outros, de quem tacitamente se diferenciam. Sem nunca conseguirem escolher um dos dois extremos, o do filtro ou o da graça, vão empurrando seus sonhos e suas culpas num xadrez em que dizem "esses são mais meus e merecem mais / esses merecem menos e eu vou deixar pra trás". Mais ou menos assim... Esquecem, e talvez esse seja o ponto crucial da vida, é de deixar pra trás o valor perverso dos seus interesses e levam consigo esse tal sentimento, ao mesmo tempo malicioso e denunciado, pela dinâmica de relacionamentos. É a sociedade que os corrompe, no entanto... E então a naturalidade ingênua da vida social fica espremida, de novo, sem que queiram, entre a fortaleza de levarem a cabo os seus sonhos -- e os bons seriam aqueles que viriam com eles -- e a passividade do falso baixo interesse sobre os bens que se valoriza. "Que atitude nos seria mais natural socialmente? Que atitude nos seria mais natural socialmente??" E se confundem, mais uma vez...
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