quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Deus
Homens
Sujeito
Indivíduos

Crise
Tudo
nada
Crise
tudo
nada
crise
tudo
Nada
...
...
...

Primeiro existia o divino e não havia crise, pois não havia nada que não fosse de sua vontade. Até que a palavra de Deus desceu aos homens: e eles eram a expressão dos deuses, fizessem o que fizessem, comprovassem o que comprovassem, mandassem como mandassem, mas eram eles, os homens, eram eles que sabiam das leis do mundo, das leis dos homens. Então mais e mais e mais homens soltaram o verbo, os seus verbos e verbos e verbos: e não havia mais Deus enquanto substância, não havia mais leis enquanto essência, não havia não se sentir à vontade para exigir ao querer - ninguém mais pedia. Aí tudo começou a soar mentiroso, porque, afinal de contas, querer, todos querem - e não querem perder -, querem voar o alto dos seus sonhos! Mas se há sociedade, há escassez, escassez, escassez, escassez... como é escassa a possibilidade de viabilizar os sonhos, como é escassa a materialização de vontades; mas quantos não são os sonhos, as vontades, os verbos, as verdades a serem ditas! Ah, essas são muitas... Essa nossa vontade tão grande, que se via possível, potente perante o poder conquistado dos homens de deus pelos homens; esse nosso prêmio de guerra pela morte de Deus precisou ser repartido - mas o Tudo é escasso e atraente, precioso, e acaba retornando a alguns. Sim, eu sei, você sabe, todos deveriam ter tanto nada quanto tudo em suas vidas e assim ficariam todos iguais, justiçados, serenos, quietos, neutros, racionais e em paz. O tudo escasso, o tudo escasso, escasso, tão escasso que não tem graça espalhá-lo igualmente entre os homens: alguns indivíduos famigerados, como qualquer um, pegaram o tudo e reservaram-no a seu acesso restrito; e o nada se espalhou pela maioria dos homens, o nada tornou-se a verdade, porque agora, entre os homens, que se sabem homens e potentes, a verdade é a verdade da maioria dos homens, assim a democracia faz pensar. Agora, porque o negócio é cá embaixo, entre os homens, tudo ficou tão menor e tão superficial, que o que há de mais profundo e total é ter. Os que têm, os poucos que têm, têm tudo, pequeno em essência, superficial em sentido, em letra minúscula, mas é tudo. O nada, em letra maiúscula porque verdade da maioria, mas em fonte pequena, se apoderou dos indivíduos que, diante de tanta mentira dita e desdita, nem lhe dão mais tanta importância assim: tanto o tudo e o nada são pequenos e superficiais, porque agora só dizem respeito aos homens... Talvez os maiores malefícios do apercebimento filosófico do poder dos homens sejam a pequenez a que tudo se reduziu e a vileidade e a baixeza das suas ações e vontades - os homens só querem ter, e é isso aí. Porque tudo ainda é deles, e eu e todos o queremos, simples tudo. Mas não, não é mais tempo MESMO de retornar a deus para nos aquietarmos, e temo que isso seja impossível para o que nós já somos... e agora, josé?!

Um comentário:

gabi disse...

só jesus expulsa o demônio das pessoas