terça-feira, 25 de maio de 2010

relato da censura

Vou evitar escrever versos que enrolem minha língua. É, sim, a inconstância dos pensamentos; é também o medo do clichê do drama e da tragédia; é, além de tudo, um respeito pela honestidade, pela honra de um sentimento tão verdadeiro que, em versos quaisqueres, poderia acabar meramente feio, ou ridículo. Não se trata de tragédia, sequer de comédia.

Achei digno, sóbrio fazer um relato da censura.

"Não podia mostrar miseravelmente a miséria, nem me deixar levar por qualquer ânsia poética - deveria primeiro encontrar um fio e desabrochar o poema com a beleza que só a arte tem. De poesia de fracos estou farto! Farto, farto, farto de um não saber reconhecer um erro - é, minha poesia tende a se incomodar com tudo e, quando muito se deixa levar, escamoteia a palavra suicído.

Já a prosa, percebe?, mostra a preguiça do poeta, que espera que os outros relativizem seu gosto e seu entendimento. Qualquer dúvida é qualquer dívida, meu caro poeta. Esta prosa será um respeito: um desejo guardado, um suspiro respirado."


Nenhum comentário: