quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

ócio-neg-ócio

Ser uma pessoa compromissada com o ócio me proporciona bons e maus frutos literários: escrevo por não ter o que fazer; acabo escrevendo qualquer coisa, só pra passar o tempo. Isso é bom, é fluido, mas ao mesmo tempo não me dedico a nenhuma grande obra, a nenhuma grande missão artística que eu me comprometi a cumprir, não consigo dizer a mim mesmo que ficarei de tal a tal hora escrevendo, pouco gosto de me delimitar. Sucumbo ao ócio, mais uma vez. Canso de estar escrevendo, procuro rapidamente um fim plausível, um fim que seja digno de fim – pois não acabo de qualquer maneira também, só começo! – pra voltar a não fazer nada. Me irrito, subitamente, de estar escrevendo, acho chato, acho fútil e quero voltar a circular moribundo, ocioso, pelas três dimensões. Aí, como sempre, canso de ficar por aí vivendo sem fazer nada. E volto a escrever, nunca alguma coisa planejada, simplesmente escrevo para poder parar e escrever e depois parar de escrever. Pouco penso sobre o que escreverei, a não ser que o esteja fazendo. Nada me diz respeito o que dizem sobre ócio criativo.

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