sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Eu nao caibo mais...

Hoje vi minha priminha Tayna no colo da mãe, minha também prima Joana. 5 meses! Um pacotinho, por causa do frio, enrolado e encaixadinho no colo da mãe. Ai que delicia ver aquilo e que melancolia-que-é-nostalgia!

Fiquei com saudades tão sinceras da minha mãe... Uma falta de calorzinho no peito, uma frustrante sensação de constatar que ela não pode me abraçar mais todo... Que sincero é o amor de mãe! Seu filhote pequeno, em seu colo... E ai que delicia ser assim um filho! Um amor certo e completo, um desejo unico de ser abraçado inteiro realizado - e realizavel! - de uma vez so, quase um voltar pro utero so de olhar pra cima e ver o rosto enorme da mae ali, confirmando o colo.

Ah, mãe, como você me lembra uma calma gostosa, uma alegria nossa, repleta, imovel, perfeita, estatica, estética! Como se a vida não fosse mesmo a vida, tão perigosa! Como se não houvesse crescimento, movimento, o fim e o meio injustos desse nosso começo placido!

Ah, mãe, toda essa nossa mentirinha lactea, tacita, nossa paixão, sorrisos; eu ainda procuro isso em você, no mundo, mas eu não caibo mais nem no seu colo nem em nada! Meu corpo não é mais so o seu braço, meu amor infinito nao tem mais espaço, eu sofro, mãe, de verdade, mas não se preocupe, não é nada, é so um desabafo! De saudade intensa e de desilusão!

Porque, mãe, ah, mãe, o que eu queria mesmo era caber todo ai, sem saber nem ver, nem ouvir, nem falar. Enrolar seus cabelos com a mão, no teu colo, com dedinhos tão pequenos de unhas tão finas de rosto tão fofo de tão desprotegido que sou sem poder ficar.

Ah, mãe, que saudadezona de você e do unico e verdadeiro gesto de amor: o de mãe. Quero, mesmo que ainda me sobre muito amor pra dar e me falte muito amor pra receber, tentar de abraçar e beijar por um tempão, até cansar e perceber que não da, nem que seja, mãe, nem que seja! Ah, mas como eu quero, mãe, fingir estar no seu colo, dar logo esse grande abraço, subir escalando a sua cama e repousar na sua barriga, sem peso! Deixa, mãe, deixa eu me iludir de ter aquela certeza de que com você vai ficar pra sempre tudo bem.

4 comentários:

Luã Ferreira Leal disse...

Bonito e interessante.

titina disse...

Meu filhão,
que coisa linda, gostosa e surpreendente. Pra mim, mãe, é claro, acho que todo o seu tamanho não impede o aconchego; todo o meu amor é enorme e calmante; o amor infinito tem muitos espaços, vc há de achá-los, além do meu colo.
Este momento é único, é só seu, solitário e necessário. Nostalgia-melancolia. Saudade.
Este texto me reportou a vc no meu colo fazendo justamente o q vc disse: enrolar meus cabelos com sua a mão. Era isso que vc fazia qdo eu amamentava vc. Que saudades!!! Que sensação boa e muito NOSSA. A mentirinha lçatea é verdadeira. É um laço enorme, maior que seu tamanho e é capaz do conforto e do aconchego que gostaria de dar hoje a vc.
Será que dá pra sentir aquele abraço que a gente faz daquele jeito esperto pra pegar melhor? Lembra? Um braço pelo pescoço e o outra sob o braço oposto. Lembra? A gente é capaz de driblar as dimensões do corpo para não peder o prazer que ele pode nos proporcionar.
Meu filhão querido, meu colo é bem grande. A vida também e as senseções maiores ainda.Estou aqui.
Um beijo, um abraço, um colo e amor.
Mamãe
Amo vc

Gabriela Caruso disse...

ps: chorei com o comentário da tina

Unknown disse...

"melancolia-que-é-nostalgia" o poder do hífen... imaginei muito a voz e o jeito da sua mae falando no comentario dela, e eu ri muito com o comentario da gabi uaeuhueuhahuea