terça-feira, 14 de abril de 2009

niilismo edipiano

Quando solto o lápis,
fecho o caderno
e concluo,
sinto um sussudio
que,
dito o que dito,
ansioso, aflito,
falta ainda um pingo
uma gota
um resquício

é goteira que enche
é vontade que rói
pego o lápis e a mente
cavo vida que dói
pra dizer, de repente,
a verdade entre nós.

É triste se ver aturdido
por um livre-arbítrio
que existe.
Eu não calo,
insisto em urrar
o último toque
que é todo o requinte
por que beira de mais perto
o não saber me expressar

escreve o que você sente
escreve o que te constrói
que te corrompe
Ilustra-te em inverdade impura
em momento quase inteiro
e te vê meio que feito
te vê não mais que vazio
e não te pergunta mais se és
ou o que és
mas como tem sido ser,
como sente que é o que és
como formou-te e és então
quem se aflige
és então o que tu mesmo fazes
o que tu mesmo gritas -
e também quem te trai.
A partir de dado momento,
foste tu o guia
rédia curta
- quer humor de vida -
mas aflito por intelecção
pernas inquietas:
a dúvida
se é isso mesmo
ou se nada faz mais sentido
eu repito
nada faz mais sentido

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