Eu estou dirigindo um carro assim como todos têm uma casa.
Eu tenho que seguir um itinerário assim como todo mundo sempre volta pra casa no fim do dia.
Muitas vezes eu me perco em distrações ao volante mas sempre volto.
Chover é horrível.
Eu fecho o vidro e eu me atenho à estrada, ao que irá me fazer sobreviver, não derrapar.
Em casa, eu fico, sem sair, a chuva remete a tudo o que cai, e remete a mim, que seguro no parapeito pra olhar e não ver tudo o que a chuva me transmite de água, lamúria, televisão.
O sol.
Eu saio para viver e volto pra casa pra me assegurar de que sobreviverei para amanhã, assim como eu apoio meu braço esquerdo no vidro abaixado, para sentir o vento, mas sem tirar a outra mão do volante.
Minha meta romântica me espera, minha disciplina psicótica me direciona, meu acaso me assombra, inominado, pós-moderno.
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Um comentário:
dirigimos pra casa pra que o acaso não nos dirija.
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