sexta-feira, 31 de outubro de 2008

acho que matei o amor

Me redimir é o que está em questão
e não sei nem se estou errado
nem se o antagonismo entre meus argumentos
e meus sentimentos
expressam a essência da minha miséria
Miséria minha
mais do que de quem me criou
mas o que eu quero é não me redimir
não é nem ter certeza de nada

Sem a confiança de ninguém
sem o diálogo
sem a ajuda necessária dos meus entes até-agora-não-sei-se-queridos
Minha pungência é verve gratuita
mas só é gratuita sob o referencial do momento
acúmulo de vida é que me fez gritar
acúmulo de discrepâncias me fez confundir

Vocês me fizeram confundir os meus erros
com os seus
as minhas mágoas com as suas incertezas
com as suas esperanças
e a minha esperança secou
junto com as lágrimas
e com o desejo de ficar tudo bem entre nós
me tornei perdido
que mesmo se eu tivesse o tão humilde libertador javitudo na Glória
morando sozinho, meu espacinho,
ainda seria tão infeliz
quanto sendo posseiro do meu quarto
com direito a idas e vindas da cozinha e da sala de televisão
Não quero formar meu próprio espetáculo
nem fazer parte do seu
quem dera se eu pudesse matar deus em tempos de sua tão clara ressurreição
quem dera se o dia raiasse e meus hormônios fervilhassem
por todo o meu corpo
em um felicidade inquestionável
quem dera se eu fosse uma estrela, de um sistema em que não tivesse vida inteligente

sem nenhum espectador

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