quarta-feira, 8 de julho de 2009

emp(r)estado

marcado de seguro:
sou a cama macia onde pode estar o desdém com a vida
e ele está finalmente emaranhado em meus lençóis
e como queria poder dizer que são maus lençóis!
porque ele finalmente me pegou de braços abertos
talvez desprevenido,
sim, desprevenido, mas só por agora, como justificativa pra essa prerrogativa
como se eu fosse um lugar pra ficar,
quisesse ceder um espaço
com esses meus braços abertos que não eram pra ele (pra quem?)
mas há sensação de invasão
de que estou sendo abusado
minhas artimanhas e minhas prestezas subjugadas ao favor
que acabo fazendo
que numa euforia de momento
num pico de algum hormônio
eu deixei, eu permiti de alguma forma como algum contrato social
mas o que é é aquilo que é, ainda mais agora; e só me resta lamentar...
porque de fato ele está ali
e mais se parece um velho de pijamas
já vestido para dormir, como um anúncio do indesejado adeus lisérgico
que sempre vem,
à espera do momento em que a letargia tornar-se-á perene
expulsará as visitas
e deixará, recolhidos, aqueles que tiveram a "sorte" de ficar.
Nós que ficamos.
como se só ele estivesse encorpado dessa sorte
de certa forma dono da situação
realizada a sua vontade
e eu tivesse que ser a fonte
justo quem não suporta essa letargia acompanhado
de um de pijamas...
contrariado...
esse fim finado em terminar
que coloca em evidência quem vai restar ao lado de quem
quando o que é dá evidências, passa por cima das possibilidades, maltratando o sujeito com seu fim em si mesmo
e eu não quero nenhum velho de pijamas olhando pela porta entreaberta
para saber o que é que há com tudo
não quero amanhã ter a angústia de levantar do sonho dividida com alguém - tendo que automaticamente ser superada.
Um deserto, e uma cobra me seca enroscada
ao se esparramar na minha
casa
na minha
casa...

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