deitar
mirar a janela
e não ter ninguém olhando pra você da cama; olho no olho na altura do travesseiro, deitados...
Não, não há ninguém tampouco sentado na cadeira da escrivaninha
fumando um cigarro ou um beque, me rolando, sob essa iluminação suave das oito horas nubladas da manhã...
Você não cruzou as pernas na cadeira e procurou com a mão, tórrida, tenaz, meus pés, subindo pelas minhas pernas por baixo dos lençóis, se desligando do nada que fazia entediado na internet, enquanto eu fumava...
Você não levantou, saiu do quarto e voltou, como eu imaginava que você faria
descabelado
arrumado para dormir
mas remexido, deitando e não conseguindo pregar os olhos, ligado
você não veio, em seguida, com essa cara de quem não vai dormir nunca, porque não é preciso sonhar, prender meus olhares aos seus, e deitar-se comigo, só para ficarmos observando, lassos, deslumbrados, as dobras e frissões no lençol pastel amainado, você deslizando a pontinha dos seus dedos pela superfície do meu corpo - é a lânguida manhã cinza, que instiga...
Não, não há você, não há! e eu fito, então, a parede, em silêncio, encostada a cabeça no travesseiro, inoculado, inexpressivo; é que não há mais combustível...
É que poucas vezes eu te sonhei assim, tão claro, tão palpável, tão latente, tão verossímil...
durante um amanhecido
virado
sem sono
antes-de-dormir
como agora...
Ah!
e a língua estala dentro da boca saboreando um gosto... o gosto do nada...
de ninguém!
e não ter ninguém olhando pra você da cama; olho no olho na altura do travesseiro, deitados...
Não, não há ninguém tampouco sentado na cadeira da escrivaninha
fumando um cigarro ou um beque, me rolando, sob essa iluminação suave das oito horas nubladas da manhã...
Você não cruzou as pernas na cadeira e procurou com a mão, tórrida, tenaz, meus pés, subindo pelas minhas pernas por baixo dos lençóis, se desligando do nada que fazia entediado na internet, enquanto eu fumava...
Você não levantou, saiu do quarto e voltou, como eu imaginava que você faria
descabelado
arrumado para dormir
mas remexido, deitando e não conseguindo pregar os olhos, ligado
você não veio, em seguida, com essa cara de quem não vai dormir nunca, porque não é preciso sonhar, prender meus olhares aos seus, e deitar-se comigo, só para ficarmos observando, lassos, deslumbrados, as dobras e frissões no lençol pastel amainado, você deslizando a pontinha dos seus dedos pela superfície do meu corpo - é a lânguida manhã cinza, que instiga...
Não, não há você, não há! e eu fito, então, a parede, em silêncio, encostada a cabeça no travesseiro, inoculado, inexpressivo; é que não há mais combustível...
É que poucas vezes eu te sonhei assim, tão claro, tão palpável, tão latente, tão verossímil...
durante um amanhecido
virado
sem sono
antes-de-dormir
como agora...
Ah!
e a língua estala dentro da boca saboreando um gosto... o gosto do nada...
de ninguém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário