terça-feira, 24 de março de 2009

acúmulos, abismos, indivíduos - homem, um animal social

Eu não sei.
Ou acho que não sei.
Mas, pelo visto, a gente acumula, a gente é um acúmulo.
Por que o acúmulo é inevitável?
Mesmo a noção de indivíduo, por exemplo, é acúmulo.
Alguém acumulou isso, e nos tornamos acúmulos de células individuais, que são acúmulos de acúmulos menores.
Tudo passível de se individualizar e de se acumular.
Acúmulo de informações dadas, que são acúmulos de informações acumuladas antecedentes.
Então a noção de indivíduo, para os humanos, parte da noção de conjunto.
O homem é um animal social, certo.
Mas outros animais também são acúmulos materiais da natureza e nem todos são animais sociais.
A noção dos acúmulos, portanto, é vinda da sociabilidade, mas de um vislumbre individual do acúmulo - as pessoas veem umas as outras e se identificam em acúmulos que procuram enxergar ter, semelhantes ou completamente diferentes.
Apesar de infalivelmente universal, o acúmulo como uma noção verdadeira é criação.
Então, o homem, animal social, interpreta do seu meio a realidade que não se pode negar depois de exposta - alguém falou e todo mundo viu, sentiu, percebeu.
É tudo acúmulo mesmo, por mais que circunstâncias únicas é que tenham me feito ter o insight dessa verdade, que agora apercebida não é mais refutável - mas há a dúvida. Sempre.
E acúmulo, inclusive esse acúmulo da noção do acúmulo e da dúvida dessa verdade, assim como a noção de indivíduo e de sociedade e todas as outras noções, não se desacumulam.
Saber dos acúmulos, todos já acumularam isto, te deixa à beira de algo, porque a dúvida já é um acúmulo também.
Indivíduo acumulado que duvida socialmente.
Acúmulos, por virem da consciência coletiva, geram dúvidas sobre as razões dos acúmulos - todos querem ter vez e voz pros seus acúmulos e noções, individuais, porém, sociais.
E a voz de todos, de todos os acúmulos e acumulados, portanto a dúvida, te deixa à beria do abismo.
Os acúmulos, todos eles, geraram os abismos.

Nenhum comentário: