segunda-feira, 16 de março de 2009

uma quase questão de nacionalismo antropofágico

Pode-se dizer que ela chegou em tempos difíceis. Mas pode-se dizer também que quando ela partira eram tempos difíceis. Na inauguração de uma nova tendência, difícil, ela deixou o país: salva pelo gongo por sua dupla-nacionalidade e toda essa história de excelência na Zoropa. Ela ficou fora por um período travado por aqui e, segundo relatos dela mesma, travado pra ela por lá também. Nunca disse claramente que lá ela passava do mesmo, mas o que se podia extrapolar era a mesma falta de qualquer coisa. E aí ela veio de volta, pra uns dias. Por lá ninguém poderia saber mesmo, mas por aqui, conforme o tempo passava e a moda ia avançando, novas tendências emergiam de boeiros como se fosse dia de tempestade na Voluntários. E a mais nova tendência - ou aparentemente a mais palatável às nossas capacidades - já estava correndo nas entrelinhas das conversações ocasionais. Ela chegou, como se fosse a própria tendência, européia, e proporcionou o vislumbre da possibilidade de pôr os planos em ação. Ela não parecia travada como dizia, ou como eu achava, e talvez nem nós parecêssemos, perante fonte estrangeira de inspiração. Palpite: pra inglês ver, nós estávamos a euforia tropical e ela queria brincar de sentir calor. Mas, ainda no Brasil, falava pra gente que o namorado tinha uns problemas de sociabilidade, que foi a única explicação aparente para ela ter sumido umas duas semanas antes de voltar para o seu país de preferência. Ao mesmo tempo que a nova tendência se estabelecia, as suas certezas se desmantelavam. O que aquilo poderia querer dizer para nossos planos e vontades? Ficávamos questionando em silêncio qual faceta ela transparecia no MSN, no nosso país, no país dela. Ela talvez não tivesse é segurado o tranco da arrumada de casa inerente a qualquer mudança social humana, que se passava conosco sob essa tendência promissora. Ela veio nesse momento, fazer o quê? Desorientou-se, pois buscava talvez a mesma tendência, só que em outra bolha - com todas as confusões que isso acarreta no olho-no-olho. Ela saiu para que não representasse o que estávamos construindo sozinhos, ela não era isso tudo, para que não esquecêssemos a nossa habilidade de movimento. E também, para cumprir o resto de seu plano de vontades na Terra, que era em outra bolha, fazer o quê?

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