domingo, 1 de março de 2009

novidades juvenis

Um estalo sobre a precocidade ou talvez uma análise de alguém que já se acha um pouco velho e não se identifica com trâmites passados. Ou a resposta para os dois. Ou não.

De acordo com o rumo da modernidade e com o que dizem milhões de estudos, as necessidades de amadurecimento vêm surgindo muito mais cedo do que antigamente. Terrores como o vestibular - esse, especialmente, que faz as escolas entrarem numa guerra por melhores resultados e melhores alunos, antecipa tópicos de matérias antes ensinados em séries mais avançadas -, a necessidade de melhoria na qualidade do ensino e o acúmulo de novos registros e novos patrimônios científicos - que naturalmente se acumulam em sociedades modernas, aumentando também a quantidade de conteúdo a ser repassado -, estimulam uma necessidade de sensibilização sempre mais precoce dos homens sobre as formas do mundo. A natureza humana talvez sempre acumule, por inerência. A modernidade busca a necessidade de registro de tudo, de progresso de tudo, de ordem, de paz, de felicidade, de negação do acaso, ela veste a camisa dos acúmulos. E isso necessita virtú - análise histórica. Existe melhor análise histórica sobre qualquer coisa do que registros científicos? Somos a sociedade da informação, do visar o futuro melhor, mesmo que só para si - indivíduos tendem à auto-preservação. A própria tecnologia, base do nosso desenvolvimento, necessita de acúmulo de registros. Nós, os modernos, também temos a questão do legado, justamente para o futuro. Os filhos nossos terão que saber sobre tudo o que soubemos. E sobre mais coisas que eles descobrirão. Isso, consequentemente, reflete na precocidade do surgimento até de expressões de sexualidade. Todos os tipos de percepções, por estímulos externos que pressionam por necessidade social, se antecipam e se afloram. Filosofia, literatura, arte, história, política, determinados conhecimentos matemáticos, químicos e físicos necessitam de uma capacidade de abstração da mente que se desenvolve em determinadas idades em média. Talvez os nossos delírios de paraíso na terra com filosofia, ciência e tecnologia, inerentes a TODOS os ocidentais - desculpe se desiludi alguém que se excluía - criem juventudes cada vez mais adiantadas - mais avançadas no futuro - em percepção: por essa necessidade moderna, por precisarem absorver toda a humanidade. E lá vemos nossos filhos dando beijinho na boca no aniversário de cinco anos(*), ou as meninas cada vez se maquiando mais cedo - ou isso é tudo culpa da indústria da moda?! - ou as crianças a cada geração jogando video-games mais avançados e aprendendo quanto-antes-melhor equações do segundo grau. O que vejo em cheque é a questão de um limite humano e talvez até um debate entre lamarckistas e darwinistas, se a expansão perceptiva tiver ou não alguma barreira biológica: o homem será capaz de antecipar determinados fenômenos em si mesmo por uma necessida imposta pelo meio? Meio transformado por ele, né, convenhamos... Seremos capazes de perceber coisas novas, cada vez mais cedo? Capacidades de abstração, percepção e sensibilidade podem antecipar-se em idade? Isso não seria relacionado com questões biológicas, metabólicas, hormonais, imutáveis, enquanto espécimes humanos?

Enfim, uma coisa é o que eu vejo, vejo jovens cada vez mais jovens. Mas é como eu disse, eu talvez esteja me achando velho demais e não percebo - ou não quero perceber por negação à morte - que o limite humano já foi atingido há anos, desde que o Hommo Sapiens surgiu, e nunca será mudado, como já diriam Chomsky e a inominação pós-moderna.


(*) http://funny-picturez.blogspot.com/2008/01/oh-what-are-they-doing.html

Um comentário:

Faber disse...

Tudo isso é muito intrigante. E de modo curioso, a meu ver, tem efeito negativo sobre o desenvolvimento cognitivo de muitas crianças. Eu li alguma coisa sobre a teoria das inteligências e concordo de certa forma com o autor que li e de quem infelizmente não registrei o nome. Segundo ele, o conflito é importante para o desenvolvimento cognitivo. Mas as crianças de hoje tem se inserido em mundos particulares ou em mundos de iguais (comunidades virtuais, escola integral, canal de desenhos 24 horas, etc) os momentos de conflito com outras formas de pensar, com outras gerações, é cada vez menor, comprometendo o desenvolvimento.