domingo, 30 de agosto de 2009

o silêncio ouviu

De estalo em estalo no pensamento é que você faz as suas barreiras, é que você decide o porque de não ver mais tristeza: você entende as situações que não são pra você e procura relacionar-se mais diretamente com as pessoas de que você gosta. Mas agora me acabaram os motivos pra não ser infeliz o tempo todo. Como se houvesse uma relação de proporcionalidade inversa entre a minha vontade e a sua possibilidade de se objetivar. Eu quero muito e não vejo vir mais nada.

Olhar pessoas sentadas numa sala de um apartamento de alguém e restar, ser reservado a um lugar num sofá macio, tão macio que não há nem vontade de levantar. A observação que o meu silêncio me segredou não me deixa não ver aqueles momentos em que as vistas de todos descansam do entretenimento. Mas as pessoas mesmo não cansam, só seus olhares, elas não se deixam abater por um cadáver de olhos abertos no sofá, eu. Que eu veja, há o movimento delas, das pessoas na sala, ainda impulsionadas por não sei o quê, com suas barreiras ainda em pé, seus motivos pra não ouvir o silêncio, e elas vão e vêm da cozinha pra sala pro banheiro e ninguém vai embora pela porta: isso tudo é um mar preso num aquário, e o que eu vejo com o silêncio é o ondular clássico de qualquer água com gente dentro: bate nas bordas e volta, em reação, a se juntar ao resto da água que vai agitar-se com as mãos, com as vozes; o ir e vir que em nenhuma água calma.

Um comentário:

Luiza Gomes disse...

"E às vezes ficamos tão presos nessa tentativa frustrada de nos auto-convencermos de que somos pessoas felizes, que não percebemos que estamos simplesmente optando por manter a tristeza num utópico e permanente estado de suspensão. Os problemas continuam ali, e na primeira oportunidade que a realidade tiver de te trazer de volta, você vai voltar." é esquisito perceber essa cegueira voluntária, dá uma aparência mto esquizo à realidade.