quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A Torre

Eu estou na torre e estou na maior dúvida; eu duvido até das hipóteses que crio pra estar-na-dúvida. De uma coisa eu sei: alguma hora essa torre vai ruir. Além disso eu não sei mais nada, acaba que só fico esperando. Não sei se já chegamos o mais alto que podíamos chegar com essa torre. Já não sei mais se tenho medo de deixar a torre e seguir meu caminho particular, pelos campos, porque está alto, ou se é porque ainda não cheguei na total incompreensão e inexpressão que o caminho a deus traz; e, mesmo que contrariado, começando (começando?) a me desconfortar, ainda não tomo coragem para descer da torre. Também chego a pensar que posso não ter descido ainda, porque até agora não encontrei gente o suficiente que fale mais ou menos do mesmo que eu, para seguirmos juntos um caminho e formarmos uma nação. Passaríamos juntos - em caravana, porque é necessário - a desbravar os campos, entrar, e saberíamos, nós, o nosso caminho ao nosso estabelecimento - e lá estaria deus, nos depararíamos com ele, enfim, inacreditavelmente, pois cansados estaríamos de fugir da torre. A glória seria aos poucos, aos passos, sem pensar nele, caminhando... O paraíso não tem portão que indique seu território, não se chega de uma hora pra outra lá. O paraíso vem conforme a Terra. A Torre vai ficando pra trás, em ruína completa, e dela não se poderá lembrar...

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