quinta-feira, 7 de maio de 2009

da potência da palavra

é preciso compreender a palavra. Além da construção frasal, da sua etimologia, a palavra deve ser entendida como um ato de uma criação. Uma vez anunciada, qualquer palavra embute em si toda uma gama semântica, e reduzir a palavra no meio de uma construção textual, incutindo-a ao sentido dela desejado, desvaloriza a palavra como arte, demonstra a maior das intencionalidades do homem: trasmitir à linguagem o sentido que lhe é conveniente. Abstração é a palavra que se deve abstrair das palavras. A linguagem não é do homem, posto que homens são indivíduos em suas bolhas: a linguagem é de fora dele, e conforme ele vai criando novas palavras, vai trazendo para a sua estrutura cognitiva a forma do mundo. Conforme o homem se apodera da linguagem, seja em virtude da vivência com mais homens na sociedade urbana, seja como for, a lógica do mundo mais se parece com a dele, porque o mundo agora descrito pertence ao campo do homem e, entre um maior numero de homens, é mais fácil que se percebam as mesmas coisas e assim tornam-se válidas, dignas de serem representadas como verdade e expressas, consequentemente. E mesmo que o homem crie palavras sozinho, ele é capaz de perceber em si o que o motivou a criar a palavra. É assim com a linguagem dos homens hoje. Muitas palavras desenvolvidas entre varios homens, que por serem homens e compartilharem das mesmas coisas, sentiram que a linguagem era deles. Mas a linguagem é além deles. Da mesma forma que tudo o que possibilita o surgimento do homem é além do homem. A linguagem mais simples teria a potência da ingenuidade, de ser a representação mais universal e, portanto, a mais possível de abstração. Essa deve ser encarada como a palavra mais potente, essa eh a linguagem que se distancia da ciência, essa é a linguagem que dispara a abstratividade, a analogia, a metalinguagem. A palavra arcaica e o arcadismo do homem, para apreciar a origem, o universal. Esse campo surreal da simplicidade, distante da geometria neoconcretista, que busca o homem da universalidade científica. Acontece que o método científico agora me levou à origem do homem, e não à sua substância atual. Eu ainda acredito nos desejos, eu ainda quero expressá-los, por mais que intangíveis, por isso sou arcaico, sou abstrato, sou colorido. Sou a potência máxima das palavras simples no homem - se conseguir.

3 comentários:

Luiza Gomes disse...

CA-RA-LHOU!
amei a abordagem xoney.
a linguagem é muito mal compreendida, coitada.
amei a parte da metalinguagem e seu transcender a si mesma, como nós mesmos...
texto foda, escolheu as palavras "certas", as mais simples.

Luiza Gomes disse...

mto orgulhinho de vc por esse texto.
mto claro e mto simples, como se pretendeu.

Marcio Benvenuto de Lima disse...

Maravilhosa escrita que traz a luz de meros mortais curiosos com o poder da palavra onde jamais poderiam ter tamanha sorte em passar as vistas.

Tamanha sutiliza conduz ao pensamento intrigado com a ponderação inevitável ao poder das palavras.

Maravilho seu texto e muito atual ainda. Abraços na alma!