domingo, 3 de maio de 2009
você (não) vai entender(?)
Minha arte metalinguística tenta propor arte de modo filosófico e vice-versa. Eu faço arte falando de filosofia, eu quero transmitir a sensação filosófica, a arte que se exprime com filosofia, o conceito de filosofia, como uma arte, que é o que é. Eu proponho justamente o fim dessa antítese arte X filosofia, pois é tudo o mesmo, pois ambas falam do mundo, comunicam o mundo como é para os que compartilham-no. Metalinguagem é o papel da artefilosofia de hoje, da era da abstratividade, do pós-tudo, do nós como nós mesmos. Nós só precisamos do veículo para isso, caso o queiramos fazê-lo por motivos supostamente neuróticos, e escolhemos: arte ou filosofia. Metalinguagem, e opte pelas duas. Mas a arte a filosofia tratam de algo tão metafísico que se pode dizer que não existe. Eu digo então que é, portanto, surrealista, e trata do campo surreal, metafísico, em sua totalidade, o que me parece bem mais honesto que essa setorização científica prepotente que toda essa coisa de modernidade, burguesia e fordismo trouxe pra apacatada vida real. É a valorização do intelecto consequente das explosões demográficas e do crescimento da cidade em detrimento do valor do rural, do físico, da defesa, do medo da morte desabstraído. O sucumbir da super-valorização da habilidade técnica de um indivíduo: é a máquina superando barreiras do homem. Nobre mesmo agora é quem manda pras necessidades criadas, abstraindo tudo, universalizando tudo. Eu, com a minha arte, universalizo apenas o universalizável, ou seja, o campo surreal, das sensações, dionísio, pois nada no mundo real é universalizável, só o que nós criamos, e o que criamos não existe no mundo real tal qual ele é, só no mundo real que passou a existir a partir do que nós criamos. Me dou ao luxo de pensar que sou o mais nobre dos nobres, pois resigno à vida, não tenho tempo de temer essa morte natural, arcaica. E esses metafísicos que se propõem físicos? Universalizar a porra toda não dá, a gente já percebeu, mas o homem, coitado, parece ser assim. Eu, então, consciente disso, faço a minha metalinguagem nesse meu campo surreal, abstrato - sensorial, eu diria. Tenho que estar sendo ético com a realidade, por motivo de força maior, abdicando dela para ser anti-ético com o surreal, pois lá ser anti-ético não é ser anti-ético, não sei nem se ser nesse campo é bem ser, portanto não sei nem se lá existem as anti-coisas e as coisas em si mesmas. Mas aquilo lá, isso aí de surreal, não existe mesmo, então tudo bem. Isso aqui de que me refiro, que pode ser muito bem um aquilo lá para homens em momentos comuns, sendo justamente uma anti-realidade, em si já compreende qualquer tentativa de negação, de explicação, de solução a se apresentar. Também compreende todas as negações a isso atribuídas. Como eu sei que o não-ser não é, eu vou trabalhar com ele a medida das minhas sensações, que eu não posso provar como verdade na realidade. Sensações, evidências; e eu crio esse meu anti-mundo que o sentido pode ser extraído, abstraído, pois sentido mesmo só pode ser abstraído e extraído em abstração. Há de fato intenção no sentido e é dele que eu falo na minha artefilosofia. Eu represento conforme sinto, pois intenciono a minha intenção, o meu sentido, e o fruto disso você colhe conforme eu vou dizendo através de mais obras que eu for criando, e vamos entendendo conforme eu digo mais, pra você poder ver a sua vontade naquela representação, eu quero ir te dizendo olhando nos seus olhos, pra saber o que você quer ouvir. Observar pra criar o surreal dizível. Eu filosofo na minha arte basicamente para isso. Ah, e, é claro, você tem que se interessar, porque isso aqui não é necessariamente necessário, nem mesmo para nós, os pós, os definidos neuróticos.
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