Venho, por meio destas considerações, pedir licença - é preciso ser coerente - para poder divagar livremente sobre o mundo. É preciso ter o porque de começar a explicar tudo da forma como o mundo se apresenta para mim. Me sinto impelido a solucionar um problema teórico de meu tempo, que parece impedir as pessoas de pensarem livremente, para poder criar, figurar as formas do mundo sob o meu ponto de vista, já que a verdade não se encontra mais nas perspectivas individuais. Vi necessidade em contar a todos o motivo pelo qual começo a escrever sobre o mundo como escrevo. Eu peço licença, eu dou minha desculpa, porque tenho vontade de representar.
Os homens nos tempos de hoje, mais do que nunca, se veem diante da maior insustentabilidade emocional que a história já registrou. Seja por embasamento científico, da física quântica, seja por experiência individual, a ideia do inominado, do vazio, da incerteza permeia a dita pós-modernidade, mais intensamente que a modernidade, que ainda apoiava-se na esperança: o fim do sonho, a frustração com promessas modernas mergulhou a pós-modernidade nesse mar de insensatez e desmotivação em que vivemos - e que hoje se reverbera hegemonicamente com fim da polarização da Guerra-Fria. Pode-se dizer que o último fio de esperança se rompeu, que caímos de vez de um precipício que beirávamos desde o início dos tempos. Muitos argumentos são postos e discutidos sobre a forma como o mundo vinha sendo pensado pela humanidade, desde os primeiros críticos da antiguidade à estrutura do pensamento mítico, até os mais contemporâneos, como Nietzsche, os existencialistas e outros filósofos contemporâneos, que trabalham a questão da linguagem aplicada para tratar do mundo. Muitos pensadores expuseram a ineficiência e a superficialidade do pensamento tal como ele era empregado em seu tempo ao longo do desenvolvimento da filosofia; e essa circularidade repetitiva dos acontecimentos, ou essa linearidade humana que se apercebe na História, de crítica constante, dialética, de antítese e síntese, sempre fora palco para proposições e aprimoramentos, que se afundavam sucessivamente em sua desproporção com o futuro que vinha ou com a vontade de poder e de ter razão dos humanos que ponderavam nos tempos seguintes. A atitude crítica, a atitude científica, senão mesmo filosófica, se torna agora o ponto cartesiano de estudo: será a linguagem humana atual fechada demais para conseguir operar o mundo como o homem propõe? Será biologicamente possível expandir de tal modo a capacidade perceptiva, cognitiva e comunicativa do homem? Existe ou não existe um limite humano intransponível, que vá frear, ou que tenha freado, a nossa vontade moderna? A nossa linguagem terá nos conduzido ao beco sem saída da ciência, ou seremos capazes de cirarmos ainda nessa linguagem algum modo não-científico de conhecimento? O homem, dessa vez, busca seu lugar no mundo de forma metalinguística: através da análise de sua linguagem, de seus modos e métodos, o homem procura entender qual a sua potência no mundo. Mas eu consideraria algo um pouco mais além. Não haveria uma estreita ligação da linguagem como se apresenta agora com as formas como o homem se organiza em sociedade na contemporaneidade? Não seria de certa forma impossível modificar a linguagem humana em virtude do mundo como ele se apresenta, da forma como o homem o construiu, de maneira científica? O homem, que experiencia o retilíneo, o uniforme, o cruzamento de ruas, o retangular dos prédios, seria capaz de tamanha abstração que pudesse levá-lo a constituir uma linguagem mais abrangente e mais realizadora do que a científica, que foi como ele construiu o meio em que vive e perpetua valores? O meu palpite é que não. É justamente a linguagem científica que possibilitou a construção de cidades e de maravilhas segundo às quais o homem opera hoje, como todas as máquinas e aparatos tecnológicos que nos cercam. Dependemos para sobreviver no nosso modo de vida operar o mundo de maneira científica, reconhecer padrões, assim a tecnologia nos condiciona. É justamente, portanto, de acordo com a linguagem científica que o homem se vê impelido a lidar com o mundo, culturalmente, mesmo que nem intencionalmente, nem conscientemente. Seja o ideal científico fruto da experiência, seja ele fruto do inatismo - essa proposição também explicaria essa condição -, não importa, o homem contemporâneo se vê, todos os dias que reflete sobre seu vazio existencial pós-moderno, prisioneiro do método científico e de todas as suas nuances. A minha proposta é muito mais impressionista e, em conseuqência, expressionista do que uma proposta de ruptura. A minha proposta é justamente o reconhecimento dessa constatação, é a vontade de poder operar, nem que seja sob este método, que se coloca para os homens contemporâneos como inexorável. O método científico finalmente se fez pra mim como algo compreensível, digno, respeitável, por mais que incompleto. O método científico se tornou para mim a forma que encontrei de poder expressar aquilo que percebi em forma. E é dessa forma, portanto, que busquei dar continuidade à minha vontade de expressão para o mundo, ao progresso científico que se mostrou inerente à minha cultura. A partir da ideia de ciência, tentei propor a mim mesmo os métodos, e encontrei-os, para figurar o mundo. A ciência, como atitude subsequente à atitude filosófica, busca os princípios últimos, as causa primeiras, e, em função disso, me senti impelido a buscar a natureza de todas as coisas. Associei tudo o que para mim se aproximava semanticamente - e intuitivamente - de natural. Para tal, vi necessário buscar as palavras primeiras, ou seja, as palavras que possuem o sentido mais abstraído de todos, as palavras mais universais, as naturais. E é dessa forma que busquei cirar a minha filosofia, a minha arte sobre o mundo, aproximando-me sempre do que me parece ser originário, utilizando a figura do natural, do passado, do antigo, do clássico, do rural, e, portanto, semanticamente, do verdadeiro. As minhas ideias sempre tentarão trabalhar com conceitos de certa forma simples, com intencionalidades árcades. Os meus construtos tentarão sempre se representar através de palavras que criei ou que imaginei figurar mais abstratamente o que procuro transmitir através desses construtos. Sempre buscarei as origens, o natural, o que se parece, para mim, inquestionável, e para isso, justamente, buscarei conceituar sobre as maiores abstratividades, com determinações "ingênuas", como Nietzsche define as primeiras apolinizações homéricas no "Nascimento da Tragédia". A minha teoria sobre o mundo, como uma criação de sentido, vai propor o sentido primeiro, natural, simples das coisas, através de criações individuais, artísticas. Vejo-as intuitivamente e semanticamente aproximadas, porque a contemporaneidade urbana, métrica, humanista, tecnológica nos direciona para os objetivos da ciência, para a busca da natureza das coisas. O vazio nos faz preencher-nos do que temos acesso, e a vida contemporânea nos dá informações e modelos cientifizados. Faço por querer expor minha razão, minha arte, meu registro para o mundo de forma coerente, como quem precisa responder uma grande pergunta para levar o seu projeto a uma direção traçada.
Os homens nos tempos de hoje, mais do que nunca, se veem diante da maior insustentabilidade emocional que a história já registrou. Seja por embasamento científico, da física quântica, seja por experiência individual, a ideia do inominado, do vazio, da incerteza permeia a dita pós-modernidade, mais intensamente que a modernidade, que ainda apoiava-se na esperança: o fim do sonho, a frustração com promessas modernas mergulhou a pós-modernidade nesse mar de insensatez e desmotivação em que vivemos - e que hoje se reverbera hegemonicamente com fim da polarização da Guerra-Fria. Pode-se dizer que o último fio de esperança se rompeu, que caímos de vez de um precipício que beirávamos desde o início dos tempos. Muitos argumentos são postos e discutidos sobre a forma como o mundo vinha sendo pensado pela humanidade, desde os primeiros críticos da antiguidade à estrutura do pensamento mítico, até os mais contemporâneos, como Nietzsche, os existencialistas e outros filósofos contemporâneos, que trabalham a questão da linguagem aplicada para tratar do mundo. Muitos pensadores expuseram a ineficiência e a superficialidade do pensamento tal como ele era empregado em seu tempo ao longo do desenvolvimento da filosofia; e essa circularidade repetitiva dos acontecimentos, ou essa linearidade humana que se apercebe na História, de crítica constante, dialética, de antítese e síntese, sempre fora palco para proposições e aprimoramentos, que se afundavam sucessivamente em sua desproporção com o futuro que vinha ou com a vontade de poder e de ter razão dos humanos que ponderavam nos tempos seguintes. A atitude crítica, a atitude científica, senão mesmo filosófica, se torna agora o ponto cartesiano de estudo: será a linguagem humana atual fechada demais para conseguir operar o mundo como o homem propõe? Será biologicamente possível expandir de tal modo a capacidade perceptiva, cognitiva e comunicativa do homem? Existe ou não existe um limite humano intransponível, que vá frear, ou que tenha freado, a nossa vontade moderna? A nossa linguagem terá nos conduzido ao beco sem saída da ciência, ou seremos capazes de cirarmos ainda nessa linguagem algum modo não-científico de conhecimento? O homem, dessa vez, busca seu lugar no mundo de forma metalinguística: através da análise de sua linguagem, de seus modos e métodos, o homem procura entender qual a sua potência no mundo. Mas eu consideraria algo um pouco mais além. Não haveria uma estreita ligação da linguagem como se apresenta agora com as formas como o homem se organiza em sociedade na contemporaneidade? Não seria de certa forma impossível modificar a linguagem humana em virtude do mundo como ele se apresenta, da forma como o homem o construiu, de maneira científica? O homem, que experiencia o retilíneo, o uniforme, o cruzamento de ruas, o retangular dos prédios, seria capaz de tamanha abstração que pudesse levá-lo a constituir uma linguagem mais abrangente e mais realizadora do que a científica, que foi como ele construiu o meio em que vive e perpetua valores? O meu palpite é que não. É justamente a linguagem científica que possibilitou a construção de cidades e de maravilhas segundo às quais o homem opera hoje, como todas as máquinas e aparatos tecnológicos que nos cercam. Dependemos para sobreviver no nosso modo de vida operar o mundo de maneira científica, reconhecer padrões, assim a tecnologia nos condiciona. É justamente, portanto, de acordo com a linguagem científica que o homem se vê impelido a lidar com o mundo, culturalmente, mesmo que nem intencionalmente, nem conscientemente. Seja o ideal científico fruto da experiência, seja ele fruto do inatismo - essa proposição também explicaria essa condição -, não importa, o homem contemporâneo se vê, todos os dias que reflete sobre seu vazio existencial pós-moderno, prisioneiro do método científico e de todas as suas nuances. A minha proposta é muito mais impressionista e, em conseuqência, expressionista do que uma proposta de ruptura. A minha proposta é justamente o reconhecimento dessa constatação, é a vontade de poder operar, nem que seja sob este método, que se coloca para os homens contemporâneos como inexorável. O método científico finalmente se fez pra mim como algo compreensível, digno, respeitável, por mais que incompleto. O método científico se tornou para mim a forma que encontrei de poder expressar aquilo que percebi em forma. E é dessa forma, portanto, que busquei dar continuidade à minha vontade de expressão para o mundo, ao progresso científico que se mostrou inerente à minha cultura. A partir da ideia de ciência, tentei propor a mim mesmo os métodos, e encontrei-os, para figurar o mundo. A ciência, como atitude subsequente à atitude filosófica, busca os princípios últimos, as causa primeiras, e, em função disso, me senti impelido a buscar a natureza de todas as coisas. Associei tudo o que para mim se aproximava semanticamente - e intuitivamente - de natural. Para tal, vi necessário buscar as palavras primeiras, ou seja, as palavras que possuem o sentido mais abstraído de todos, as palavras mais universais, as naturais. E é dessa forma que busquei cirar a minha filosofia, a minha arte sobre o mundo, aproximando-me sempre do que me parece ser originário, utilizando a figura do natural, do passado, do antigo, do clássico, do rural, e, portanto, semanticamente, do verdadeiro. As minhas ideias sempre tentarão trabalhar com conceitos de certa forma simples, com intencionalidades árcades. Os meus construtos tentarão sempre se representar através de palavras que criei ou que imaginei figurar mais abstratamente o que procuro transmitir através desses construtos. Sempre buscarei as origens, o natural, o que se parece, para mim, inquestionável, e para isso, justamente, buscarei conceituar sobre as maiores abstratividades, com determinações "ingênuas", como Nietzsche define as primeiras apolinizações homéricas no "Nascimento da Tragédia". A minha teoria sobre o mundo, como uma criação de sentido, vai propor o sentido primeiro, natural, simples das coisas, através de criações individuais, artísticas. Vejo-as intuitivamente e semanticamente aproximadas, porque a contemporaneidade urbana, métrica, humanista, tecnológica nos direciona para os objetivos da ciência, para a busca da natureza das coisas. O vazio nos faz preencher-nos do que temos acesso, e a vida contemporânea nos dá informações e modelos cientifizados. Faço por querer expor minha razão, minha arte, meu registro para o mundo de forma coerente, como quem precisa responder uma grande pergunta para levar o seu projeto a uma direção traçada.
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