quinta-feira, 28 de maio de 2009

ponto sem nó ou parênteses que não fecham

O objetivo desse texto é reportar uma vontade. Sim, uma vontade minha, de conseguir expor sempre tudo, sempre todos os pensamentos, todas as ideias, todas as nuances, todos os dilemas. O objetivo desse texto é contar a todos o meu esforço por tornar tudo o que se passa pela minha mente passível de desenvolvimento discursivo, como se tudo o que ocorre fosse um grande novelo, que eu iria desenrolando e desenrolando e desenrolando... Mas, talvez, o objetivo maior desse texto inconscientemente seja mostrar uma frustração latente nessa vontade. Estaria eu escrevendo sobre a vontade como uma forma de elucidar, inclusive, a nuance análoga às nuances, cumprindo o objetivo de falar de tudo, ou estaria eu escrevendo sobre a vontade em si mesma, como uma declaração de óbito desse meu projeto pessoal de abarcar o mundo todo, ao alcançar a origem de tudo, acabando com tudo? Porque, sim, falar do que move é tentar explicar as impossibilidades de continuar como se vinha operando, é dar o ponto final. Porque, sim, dissertar sobre vontade é perceber o quão inócua é qualquer ponderação objetivada, positivada, seccionada do todo. Seria ou não seria tudo uno? Seria nada, totalmente dadaísta, sem nexo nem princípio nem razão? Quando finalmente se cai no reportar da vontade, na auto-explicação, na necessidade de dizer a que se veio, porque se veio, de que se veio, é porque o mundo já não tem mais fim tangível, mais ideia platônica palpável, e é preciso recorrer a esse artifício aquoso, incerto, perigoso, cruel com a senhoria todos aqueles que se pretendem senhores. Esse falar sobre o falar sobre, esse terrível túnel metalinguístico infinito, essa luz que ora acende ora apaga, nos deixando à deriva tanto da fugacidade como do concretismo... Essa ânsia ansiosa por ansiedade é aonde estou, e é o que acabei vindo reportar quando vi que era isso que, no momento e na verdade, me passava pela mente, quando vi que era isso que ardia minha lástima, quando vi que tocar é praticamente o mesmo que se (des)iludir.

2 comentários:

Manuela Cantuária disse...

dissecar a vontade
em palavras meticulosa
mente organizadas
em frases enlaçadas
por pontos
foda é que sempre
sempre sempre sobra
um fio
nesta meada e para isso
deve servir
antônio
(servo não só da vontade -
como todos nós -
mas também das palavras
escritas)

ps: hash às 09h30 da manhã dá nisso

Antônio disse...

hahahahahahaha hash é assim, swing swing pra você e pra mim! hauahuahuaha
fico lisonjeado, manu, com esse comentário e com todos os outros, querida leitora! hauhahauhauha