segunda-feira, 23 de junho de 2008

Se eu me deixo levar pela inexorável volúpia da escrita, ela virá, não cedendo a interesses de setores desinteressados. Ela pode não ter conteúdo, pode não ser socióloga, como o FHC, pode não refletir tudo o que é necessário e crítico em relação ao mundo. Sim, ela pode tudo isso, porque ela tem carisma. E por isso se apóia nos clamores do meu povo, que clama por arte. Quando começa a falar, sabe que só precisa se comunicar no têtê-à-têtê, ou melhor, no mot-à-têtê. Ela fala com naturalidade, eloqüência e bom-humor, sorri para a câmera, não se irrita com escândalos e, só com um olhar diferente, só com a forma com se apresenta - suas caretas, suas figuras de estilo -, são percebidas no ato as suas perspectivas sobre o que disserta. Se fala de problema, elucubra-o, mas não deixa transparecer nem um feixe de desesperança. Trata o problema como uma questão de ponto de vista. Os outros, os cheios de conteúdo e exigências, só escrevem quando têm certeza. E certeza, meus caros, todos sabemos: é uma análise pessimista.

2 comentários:

Anna Düppre disse...

adicionay

Anônimo disse...

Tenho inveja master do seu vocabulário e amo seu jeito anárquico de escrever.