terça-feira, 3 de junho de 2008

Um nada

Queria poder botar mais glamour no que escrevo.
Uma música boa pra cantar,
talvez alguns penduricalhos,
algumas cores,
amarelo, vermelho, azul,
que se misturariam e se multiplicariam.

Incluir um gosto doce,
amargo.
Busco miséria e glória.
Prazeres que precisassem aqui transbordar.
Assim como transtornos.
Queria que fosse possível acender um cigarro no canto da boca desse texto,
se ele tivesse uma.
Ou um beque, com uma cervejinha na mão, pra ser meio relax.
Ou seria melhor se ele se drogasse pesado,
pra arrastar minha escrita, como quem sofre uma overdose?

Imprimir perdas graves, sofrimentos,
a solidão que preciso sentir.
Mas fica tudo blá blá blá.
Tudo tão letras,
tudo tão simples: papel e caneta.
Sem forma, sem sabor, sem cor,
sem tic-tic-bum.
Insensível.
Sem radicalismos, sem posição política ou concepção filosófica.

E fica a vontade de deixar de pra lá,
de esboçar qualquer semântica exuberante.
Só esboçar.

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