segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Perecível

Perceber, desiludidamente, a perecividade de toda e qualquer obra. Seja ela literária, física, social, toda e qualquer obra. Ao ver que toda a minha vontade de registrar minha mente, meu pensamento que se expande da minha ciência, acabará por algo que não será eterno, desanima-me a viver. Vivo para eternizar-me, vivo para a humanidade me viver. Além disso, vivo para o mundo me entender, para estar nele, não fisicamente, mas que as marcas de meus pensamentos sejam cicatrizes que, depois de cauterizadas, nao doam, sirvam como grande e nunca esquecida recordação.

Preocupo-me com a finitude de tudo. Muito mais que com o meu fim ou com o fim do Universo: o que me concerne é o fim a que todas as idéias entranhadas nas matérias estão por atingir. Findam pela modificação a que a matéria se submete, e findam também pela idealização que se faz à matéria de acordo com o tempo.

E quando humanidade não for mais sinônimo de existência? E quando consciência nao for mais sinônimo de humanidade? Ficará a humanidade registrada para toda a eternidade? Ficarão todos os ideais e registros e idéias humanas preservados? Não vejo possibilidade. Entro agora em acordo com a manutenção da consciência, quero aproveitar a capacidade de entendimento do que é humano. Quero me manter vivo.

2 comentários:

Unknown disse...

Muito bom antonio, alto nivel literario e cultural.. continue escrevendo, abracos

Luiza Gomes disse...

brooother. esse texto parece ser um dos melhores que eu li de vc. muito sério isso.
nem suas reelaborações temáticas ficam tão geniais.

amei, beijos.