quarta-feira, 22 de agosto de 2007

catarse

O rápido e intenso acometer das idéias sempre acaba me pegando desprevenido. Hoje, por exemplo, eis que surge, como Fênix das cinzas, no banho, o ímpeto astronômico, a vontade faraônica, a inquietação catársica de pegar a caneta e o papel e deixar-me ir pelas linhas, que parecem se completar sozinhas, e o sentido que constroem me afeta como cantar uma música: espanta os males.

Atrasei - e atraso sempre que necessário - o que me era de dever. Os estudos podem começar dez ou vinte minutos mais tarde, pois a tal inspiração não pode, muitas vezes todavia, esperar o tempo de estudo. E que luz é essa que me faz escrever, ein... Parece-me mais, muito mais que uma idéia, é como um coçar dos dedos, que se sentem preparados. É a minha mente me mostrando inúmeras vezes que, se eu começar a escrever, terminarei tendo escrito o que quero mostrar: do jeito que acabou sendo; não havia esperado algo definido, não tinha pensado em algo definido, simplesmente deixei passar da borda do copo o meu fluido metafísico, que se derramou sobre esse papel.

E agora, as últimas gotas terminam de se derramar, minha mente que antes estava na maré alta, começa a ficar na maré baixa, as poças se formam pelo terreno antes inundado pela abstração, e estão a secar. Vejo o sol, sinto o calor, o vento ajudando a evaporação da minha criatividade... Acabei-me a espera de outra cheia ou chuva, ou do deretimento das calotas polares - seria uma catástrofe metafísica para a minha capacidade de transmissão escrita.

Um comentário:

Unknown disse...

Humm Muito interessante. Bonito este Agreste. Bem escrito, Portugues meticuloso. Gostei Muito! Parabens.

Beijos
Teka