domingo, 26 de agosto de 2007

Nós humanos, Nós mortais

Quanto mais me canso do que vejo, mais vontade tenho de ver coisas que futuramente irão me cansar. Acho que o tão esperado bocejo, aquele que antecede o sono maestro, só estará por vir quando o acúmulo tátil e sensível esteja por estourar. Penso, em outras formas, a não-forma do conteúdo armazenado. Por mais transcendental que seja, me mostra porém, a inacabável compota de idéias que espera completar-se para ser digna de ser fechada. O fechamento indicará o fim do sentimento desperto, que por natureza humana nos instiga a viver.

Passo agora a crer que não mais o conhecimento define a vontade de viver, mas a vontade de viver sim define a extensão da carência de conteúdo. A morte está aí e não vai sair porque não lhe tenha sido possível adquirir o que gostaria. Como algo que é natural, lá vem a morte, inescrupulosa e fria, densa e mórbida, suave e cruel para quem vê. Se é da natureza, deveríamos portanto não vê-la, agir como se não a conhecêssemos. Mas afinal de contas, é isso que fazemos realmente: vemos a morte, aprendemos com ela que ela está ou estará presente mas, assim como fazemos com qualquer coisa que julgamos prejudicial, escondemo-la de nós mesmos e vivemos como se não estivesse lá.

Acho que é isto que diferencia o homem dos outros animais: somos capazes de ver o que não nos contenta, analisarmos, racionalizarmos e concluírmos e, como se nunca tivéssemos visto, continuamos o que estávamos a fazer, como quem pulou uma das poças de lama num caminho todo elamaçado que nos levará ao que quer que queiramos ser.

4 comentários:

Heloisa disse...

wowww toby! tá escrevendo bem filhão.. continue assim produzindo textos metafísicos não-emos...

po, tava afim de entrar pro seu movimento literário, mas lendo seus textos agora eu vi que estilo de escrever tá bem diferente do meu, e muito além das minhas habilidades dissertativas... hauhauhauhauah

Bjoss

Unknown disse...

q isso hein antonio c empolgo

carol cordilha disse...

tontonyyyyyyy
gostei acima de tudo do finall
que empolgação literária ein ton!!
bjooss carrycarry

Luiza Gomes disse...

é que ninguém nunca perguntou se a gente queria conhecer a morte!
pouparam a todos os outros animais, mas nos obrigaram a reconhecer a existência dela. quem disse que as pessoas conseguem viver com o peso de suas vidas nas costas? é muita responsabilidade, é muito dramático.

ignoramos a morte só porque não existe a opção de viver pra sempre.