quarta-feira, 21 de maio de 2008

Já dizia Vinícius de Moraes...

Para depois,
eu faço depois,
nada assim tão grave, mas vou deixar escapulir.
Vou empurrar com a barriga
como um gordo numa taberna francesa no final do Antigo Regime empurraria um prato sujo de restos da carne de porco que havia devorado.
Tão gordo, não flácido, gordo.
Sujo, preguiçoso, bafento, egoísta e tão histérico quanto um coqueiro ao vendaval.
Sou eu, sou o gordo de tempos tão passados e ignorantes.
O que parecia mais um simples capricho, empurrar com a banha um prato gorduroso, tornou-se o mais pecaminoso e alarmante dos meus atos.
Seria engraçado e sincero se não fosse tão gordo, sujo e preguiçoso, e por isso, repugnante.
Não achei que pudesse ver tanta depreciação nas minhas pequenas volúpias, num adiamentozinho.

E não sai de mim esse demônio:
o gordo preguiçoso e sujo na taberna da França ainda Absolutista.

Não sai de mim, não sai.

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