segunda-feira, 26 de maio de 2008

Sem razão para se sentir preso

Eu preciso me deixar andar por aqui por esse teclado algumas horas, livremente, por favor. Sem nenhum comprometimento com qualquer coisa que qualquer mensagem queria deixar. Por favor, deixa-me conseguir continuar, sem nenhum juízo estético sobre o que escrever, sem tentar criar conceitos na minha literatura, escrever pela simples liberdade que me deram de utilizar conceitos. Um esforço imenso, eu sinto, eu tenho que fazer esforço para estabelecer sentido nisso tudo. Para continuar mais uma linha, para não me desconcentrar em qualquer outra coisa. Não parar nem para relacionar o que escrevo com nada, quero uma liberdade mais livre.
Uma liberdade mais livre?
Algo se abateu sobre essa liberdade. Um corvo pareceu pousar no meu ombro, uma cagada de pombo no meu documento. Não queria mais ver o que estava acontecendo? Não queria mais dizer que o que estava acontecendo fazia parte da minha liberdade? O corvo da negação. Mas o mundo era tão mundo. Dava vontade de rir, dava vontade de dançar, aprender muitas coisas legais, dava pra tanta coisa no mundo... E eu, hunf, queria a liberdade: era, então, tudo além daquilo que se tinha que eu queria, e eu não conseguia mais saber o que era. O corvo da negação caiu sobre essa face da liberdade. A legalidade, o entendimento da legalidade, restringiu os argumentos por mais liberdade. A liberdade já foi concedida, talvez, e tudo o que eu quero procurar num texto que não fale sobre nada e simplesmente discorra livremente já pode existir e está existindo agora, com todas as liberdades poéticas conquistadas. E tudo o que eu quiser criar na escrita já pode existir na realidade. Mas vem o corvo da negação. Algo tem que estar errado. O desgosto pelo simples desgosto. Serei obrigado a negar até as negações?
Não, não sinto assim, sinto que não sou livre, só não tenho razão para isso.

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