quarta-feira, 16 de julho de 2008

Incursão

Cansado da mesmice da vida urbana para os não descolados, Hugo resolveu destacar-se, interagir de novo, voltar à vida socialóide, estava na verdade cansado de andar num grupo de amigos que não era almejado por mulheres, nem almejava esse almejo - nossa. Certo disso, pois Hugo era uma pessoinha difícil, era cheio das vontades e sempre escolhia um dos seus egos para ser a sua verdade absoluta naquela fase da vida. Era uma pessoa multipolarizada e alternava entre esses pólos. Enfim, a verdade absoluta agora era voltar a badalar do jeito que ele gostava: conhecer geral, se lançar, se drogar, pegar gatinhas e não importava se agora descartava tudo o que tinha preconcebido como algo escroto.
Foi com grand força no que estava querendo para a vida: aproximou-se de um amigo que já havia se separado nessa busca e foi lá com ele, permear num mundo em que se trabalhava a imagem, que já se tinham imagens construídas, um meio do qual ele já fizera parte e se excluíra - essa ostentação imagética o incomodava e ele se sentia, na companhia dos amigos que tinha, inferiorizado.
Essa mesma sensação, esse outro amigo do qual agora Hugo se aproximava já havia sentido. E com grande intensidade, talvez semelhante à que Hugo sentia. Quando viu que os amigos desistiam dessa vida, ele se engajou intensamente, se distanciou dos amigos a ponto de quase não falarem mais com ele. Ele tentou ams não conseguiu muito: apesar de organizar festas, de ter um ou outro amigo mais-ou-menos, não tinha os outros amigos, tinha uma imagem inferiorizada, mesmo que todos dependessem das festas que organizasse, ele precisava das festas para se sentir dominante. E também de um amigo.
E o amigo chegou. Hugo procurou esse amigo, esse amigo já maldito entre os amigos que se distanciaram do mundo das festas, mas o que Hugo queria era exatamente isso: festas e algumas bucetinhas que provavelmente iriam atrás deles - existem muitas bucetas que não sabem da missa a metade. E o amigo - vou nomeá-lo, Juca - precisava de um parceiro pra seus interesses, não importava quais fossem, normalmente imagéticos. Mas Hugo queria imagem, o que o incomodava mesmo era a sua imagem escrotizada, comprometedora do futuro ao qual se projetava e, é claro, conseguia estabelecer na sua mente relações instintivas óbvias: estou incomodado com a minha vida porque com quem vivo não se corre atrás da trepada.

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