sábado, 19 de julho de 2008

Sem nenhuma expectativa boa, sem nenhum componente atrativo, surge a opção. Não é a melhor opção, mas talvez a única, talvez a mesma de sempre, o fato é que era uma alternativa infalível. Depois de ilusões nutridas em outros carnavais, de cantadas bem dadas, a frustração, que acaba remetendo à volta à certeza. E voltei.
Caminhando, descendo a ladeira da minha rua, indo, não fumando o cigarro que estaria, se não tivesse deixado o tabagismo, fico não sei se pensando ou se anseando por algo que nem é tão verdadeiro, que nem é tão necessário, que não é realmente o que eu quero, mas eu vou, vou ficar esperando no ponto, olhando todos os carros que vêm daquela curva, esperando, com uma ansiedade, com uma vontade que não é minha, paliativo. E vai tudo passar, o carro vai passar e parar, vou entrar, tudo vai desembocar no que sempre se desemboca e, no retorno, eu vou calar, pra frente voltar a olhar e esperar a encostada do carro na entrada para carga e descarga do prédio da frente, onde sempre me deixam, onde sempre fico depois de receber uma carona de quem não pode ou não quer contornar a praça e me deixar na porta de casa.
Aí eu salto, sem dar o último tchauzinho de quem olha para trás sorrindo, atravesso a rua, que a essa hora está vazia mesmo, não precisaria nem olhar, mas olhei - e não vinha mesmo nenhum carro -, pensando em entrar no banho, fazer o que tiver que fazer para dormir tranqüilo e só me lembrar do meu sonho quando acordar no dia seguinte, com a cara amassada e a consciência pesada, dizendo "bom dia, mãe" ao dentar o meu pão de forma.

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