segunda-feira, 28 de julho de 2008

uma história sobre uma possibilidade no vácuo

Sem saber direito o que fazia da vida insossa que ia levando, sem gostar nada desssa mesma vida, se desesperançou, via a morte tão próxima, parecia que já tinha vivido tudo e parecia que tudo já havia terminado. Ficou um bom tempo assim, nesse vácuo, nessa uma quase não vida, até que começou a pensar em tudo. Procurou livros e mais livros e mais livros, que os folheava, lia suas primeiras vinte ou trinta ou quarenta páginas, parecia sempre ter sabido daquilo e aquelas pessoas falavam o que ele queria ter dito. Começou a falar sobre os livros e só falava sobre os livros, até que esses livros começaram a falar de tudo. Falaram de todas as coisas que relacionavam-se com ele, com o seu vácuo. Pensou mais e pouco falava, nem falava sobre os livros, pois os livros falavam sobre ele agora. E falar sobre ele era falar sobre o vácuo, era mostrar o seu vácuo por dentro daquela posição ocupada nas suas relações. O vácuo era muito doido, havia milhares de possibilidades, milhares e milhares de possibilidades, todas dentro de um campo que era o padrão de possibilidades: isso era o que o deixava no vácuo, tudo o que tinha determinado essas tantas e tantas possibilidades. Ele queria voltar a viver, sair dessa realidade de vácuo determinado e passar a ser coisa novamente. Queria poder falar sobre coisas e não ser obrigado a falar sobre vácuo, mas como fazer? Dava trabalho. E, dizem a más línguas, continua só falando de vácuo, apesar de confessadamente não querer e militar fervorosamente pelo fim do vácuo e de suas possibilidades em esfera global.

Um comentário:

Unknown disse...

irado antonio, cara eu tava pensando sobre isso quando eu li.. tp qdo vc ta vagando na internet sem nada pra fazer ai eu pensei em vir no seu blog, e li uma parada q tem a ver com tudo isso.. hehuahuuh, gzent!