Sem saber direito o que fazia da vida insossa que ia levando, sem gostar nada desssa mesma vida, se desesperançou, via a morte tão próxima, parecia que já tinha vivido tudo e parecia que tudo já havia terminado. Ficou um bom tempo assim, nesse vácuo, nessa uma quase não vida, até que começou a pensar em tudo. Procurou livros e mais livros e mais livros, que os folheava, lia suas primeiras vinte ou trinta ou quarenta páginas, parecia sempre ter sabido daquilo e aquelas pessoas falavam o que ele queria ter dito. Começou a falar sobre os livros e só falava sobre os livros, até que esses livros começaram a falar de tudo. Falaram de todas as coisas que relacionavam-se com ele, com o seu vácuo. Pensou mais e pouco falava, nem falava sobre os livros, pois os livros falavam sobre ele agora. E falar sobre ele era falar sobre o vácuo, era mostrar o seu vácuo por dentro daquela posição ocupada nas suas relações. O vácuo era muito doido, havia milhares de possibilidades, milhares e milhares de possibilidades, todas dentro de um campo que era o padrão de possibilidades: isso era o que o deixava no vácuo, tudo o que tinha determinado essas tantas e tantas possibilidades. Ele queria voltar a viver, sair dessa realidade de vácuo determinado e passar a ser coisa novamente. Queria poder falar sobre coisas e não ser obrigado a falar sobre vácuo, mas como fazer? Dava trabalho. E, dizem a más línguas, continua só falando de vácuo, apesar de confessadamente não querer e militar fervorosamente pelo fim do vácuo e de suas possibilidades em esfera global.
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Um comentário:
irado antonio, cara eu tava pensando sobre isso quando eu li.. tp qdo vc ta vagando na internet sem nada pra fazer ai eu pensei em vir no seu blog, e li uma parada q tem a ver com tudo isso.. hehuahuuh, gzent!
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