terça-feira, 22 de julho de 2008

Lendo uma revista esperando...

Tudo o que ela odiava em fazer análise era a possibilidade de encontrar alguém na sala de espera.

“Esse garoto, maldito, está sempre aqui quando eu estou indo embora, por que caralhos a sua sessão é depois da minha? E ele... ele ainda vem com essa carinha de quem quer dar um sorriso, cumprimentar, mostrar que é educado. E eu... eu com essa cara de choro, gorda, mas não somente, também grande, alta, imensa, com cara de gente errada, sendo vista fazendo análise por alguém, encontrando outras pessoas neuróticas que fazem análise na sala de espera da minha analista, que porra é essa que eu estou fazendo aqui?!”

Saiu de lá decidida, ia parar, aproveitando que tinha acabado de acertar as contas daquele mês.

A analista nunca mais conseguiu ligar para ela, que não atendia nenhum telefonema dela. E também, a certa hora, não quis mais saber, parou de ligar: tinha outros pacientes e esse não era nem de longe o caso mais rentável, nem o mais interessante. E ficou por isso mesmo, ela, ainda neurastênica e a analista, sem peso na consciência.

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