sexta-feira, 12 de setembro de 2008

frescor

Tinha um som, o som que explicava como é que estava. E do som podia-se ver um movimento, uma forma. Como as luzes continuaram lá altas nos postes, como a noite continuou nublada, céu rosa, com os braços cruzados por um frio ansioso, o início de seu dia viera à tona.

Era dia, quente, muito quente, subindo uma ladeira, escondendo lágrimas e soluços de quem podia avistar na rua pelo caminho. Aquela roupa que usava o engordava, o incomodava, aquelas pessoas com quem se relacionava intimidavam-no, sim, intimidavam, e eram amigos, de longa data. Também não tinha superado suas expectativas, nem atingido-as, um xoxo 6,5. E seguia subindo, com a mochila puxando a camisa pelas costas, quente, o suor, toda aquela avalanche de não pensamento, era só sentimento, era só a sua cabeça pulsando, o rosto enquentando, molhando, e um soluço louco. Não havia pensamento.

Mas o que era mesmo era noite e o som que explicava e tinha forma e movimento acompanhava os postes da Lagoa, um a um, altas luzes, altas, lâmpadas HPS, holofotes nas fumaças dos cigarros expelidas. E essa nem de longe plenitude, mas que compensava... o calor, a ladeira, a angústia. O movimento do som era branco, fosco e translúcido.

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