domingo, 28 de setembro de 2008

um, novo

Eu estou sujo e estou até agora não conseguindo ir tomar banho.
Por causa da sujeira, de toda a sujeira, acabei ficando com medo de tomar banho.
Mas eu devo ter cuidado:
existe uma diferença entre a sujeira física e a metafísica.
Não confundamos símbolos nem tentemos ir longe demais, com palavras e modos de dizer enobrecidos.
Tenho que parar.
Não há nada de nobre no mundo das idéias, não há nada de belo nele:
ele é tudo e a beleza está nele.
Difícil dizer, mas ele não é isso aqui.
Ele não é isso aí.
Se fosse Aristóteles, diria, então ele não é nada, só para irritar Platão e não deixar que ele termine de explicar, o que ele provavelmente nunca termine de explicar.
Mas você sabe, você vê, não está lá nunca, por mais que passe a mão sentindo o ar de lá.
Ele existe, ele é normal e ele não merece arte para ele.
Por que é que sempre quiseram fazer dele arte?
Admiração, talvez, mas a arte devia ser bela.
E essa sujeira, que parecia estar tão lá no começo, continua aqui esperando o banho.
E ela não é bela.
Alcancei o ponto mais alto:
ela é bela?

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